quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

"He was like this hybrid this mix of a man who couldn’t contain himself. I always got the sense that he became torn between being a good person and missing out on all of the opportunities that life could offer a man as magnificent as him. In that way, I understood him. And I loved him, I loved him, I loved him. "

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Ainda pulsa

Abri o pacote que chegou do correio e chorei por três dias consecutivos. Chorei desde o momento que eu toquei no pacote e meu coração bateu mais forte porque tinha seu nome escrito em letras de forma. Chorei porque o que eu tinha em minhas mãos era mais do que todas as palavras de amor que eu já recebi na vida. Naquele momento eu entendi porque eu gostei de você desde o começo. Entendi por que eu fiz tudo que fiz por você. Era por isso que eu nunca tinha te esquecido.

Era meu livro preferido, aquele que eu demorei duas horas contando a história e explicando por que ele era tão sensacional, tomando cerveja quente e esperando que você entendesse do que eu estava falando. O livro era velho, dava para ver que ele tinha vindo de algum sebo. Você disse que preferia livros que vinham de outras pessoas porque eles carregavam além da própria história do livro, a história da pessoa que ele tinha pertencido. Os livros eram uma forma de passar a história do mundo de geração em geração. A gente vai embora, mas nossas ideias ficam. Por isso você pediu para eu nunca parar de escrever, para que assim eu continuasse existindo para sempre.

Abri o livro e o cheiro de papel velho me fez chorar mais e mais. Aquele cheiro que fazia a gente lembrar a infância, a biblioteca antiga. Aquele cheiro me fazia lembrar que as histórias passam, mas que os cheiros ficam guardados na nossa memória, para que a gente volte no tempo.

“Alguém distante continua pensando em você. Não foi amor, mas ainda pulsa. Escreva sobre a gente, então estaremos juntos em algum lugar”

Era o que estava escrito na primeira pagina direita do livro, escrito à mão, de caneta preta. Era sua letra e eu chorei mais e mais e mais. Chorei porque não entendi como duas pessoas se gostaram tanto por 46 dias, mas tiveram que se separar por motivos que até hoje não entendo. Algumas coisas só não foram feitas para durar, senão elas estragam. E você ficou guardado aqui dentro de mim. Tentei não mexer muito nas lembranças, sempre tentando me apaixonar mais por outras pessoas. Mas você desconstruiu todas as minhas definições sobre amor. Nunca encontrei o amor verdadeiro e espero nunca encontrar se ele for diferente do que eu senti. Você não foi amor, mas foi aquele que não morreu em mim. Foi aquele que ficou sem motivo aparente, que não deu tempo de ser modificado na minha cabeça. Você ficou porque não virou amor e ainda pulsa. Acho que vai pulsar pra sempre.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Descobri que gasto todo meu romantismo nos meus textos, histórias e personagens, por isso não sobra para a vida real.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Quando eu amei demais

Eu não sei mais escrever sobre você. Talvez porque você tenha se desgastado junto com todas as minhas palavras. Nunca escrevi tanto sobre alguém, porque só me restava escrever. Já escrevi que sim e que não, já inventei todas as possibilidades, imaginei todos os ‘e se..’ possíveis, já morri de amor, já perdi as esperanças. Meu coração ficou em milhares de pedacinhos e eu cheguei a pensei que eu não sei amar. Não sei amar aos poucos, nem devagarzinho. O amor é tipo uma avalanche que e vai destruindo tudo pelo caminho, apesar de já saber colocar tudo no lugar. O amor é essa onda gigante que faz a gente mergulhar fundo e perder o ar. E a verdade é que minhas ideias se esgotaram. Quando você chegou eu pensei que eu poderia ficar te inventando pra sempre, mas agora não sei escrever nada além de tudo aquilo que eu já falei porque eu já criei todas as histórias possíveis.

Eu sempre piro, enlouqueço, mas falam para eu esconder todos esses excessos. Tem que ser difícil, eles dizem, mas eu já acho a vida difícil demais para a gente ficar criando mais dificuldades. Dizem que eu tenho que fazer mistério, enganar, mas eu quero que você esteja comigo porque quer e não pelo desafio. E tudo que faço eu faço pela beleza das coisas. Porque eu acho que podemos colorir todas as partes em preto e branco, porque eu acho que devemos colocar a arte naquilo que não entendemos. Eu não entendo nada do amor, ninguém entende. E eu te digo tudo que eu sinto, me viro do avesso para te mostrar o que está aqui dentro, mas é só porque é tudo muito bonito o que eu sinto e ninguém entende nada. Eu nunca fui o tipo de pessoa que invade espaços ou que se pendura. Eu só me sinto livre para mostrar aquilo que eu quero. E você me falou que eu sou todo esse turbilhão de luzes brilhantes que te fascinam e eu te perguntei então por que você não vem comigo. Então você me disse que na verdade morre de medo, porque no fundo só quer uma garota normal. Mas eu não sei ser normal. Meu excesso de liberdade te assusta tanto quanto me assusta, porque eu não consigo definir o que eu realmente espero do amor. Eu quero todas as possibilidades e isso não basta. E agora você foi embora antes mesmo de chegar, mas foi só porque eu amei demais.
" Toda arte é absolutamente inútil. Priorize a utilidade e você a perderá" Oscar Wilde

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A gaivota

"Na peça "A Gaivota", uma infeliz gaivota abatida torna-se metáfora de todo o drama: assim como é abatida uma gaivota (pelo diletante desejo humano da caça), somos todos abatidos ao longo da vida, por diletantismo do destino."

Tchkhov, você já sabia o que seria do mundo há mais de 100 anos. Ou melhor, o que o mundo sempre foi.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

"Blue jeans, white shirt. Walked into the room you know you made my eyes burn."

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Ride


"I was in the winter of my life- and the men I met along the road were my only summer. At night I fell sleep with vision of myself dancing and laughing and crying with them. Three year down the line of being on an endless world tour and memories of them were the only things that sustained me, and my only real happy times. I was a singer, not very popular one, who once has dreams of becoming a beautiful poet- but upon an unfortunate series of events saw those dreams dashed and divided like million stars in the night sky that I wished on over and over again- sparkling and broken. But I really didn’t mind because I knew that it takes getting everything you ever wanted and then losing it to know what true freedom is.

When the people I used to know found out what I had been doing, how I had been living- they asked me why. But there’s no use in talking to people who have a home, they have no idea what its like to seek safety in other people, for home to be wherever you lied you head.

I was always an unusual girl, my mother told me that I had a chameleon soul. No moral compass pointing me due north, no fixed personality. Just an inner indecisiviness that was as wide as wavering as the ocean. And if I said that I didn’t plan for it to turn out this way I’d be lying- because I was born to be the other woman. I belonged to no one- who belonged to everyone, who had nothing- who wanted everything with a fire for every experience and an obssesion for freedom that terrified me to the point that I couldn’t even talk about- and pushed me to a nomadic point of madness that both dazzlez and dizzied me.

Every night I used to pray that I’d find my people- and finally I did- on the open road. We have nothing to lose, nothing to gain, nothing we desired anymore- except to make our lives into a work of art.

LIVE FAST. DIE YOUNG. BE WILD. AND HAVE FUN.

I believe in the country America used to be. I belive in the person I want to become, I believe in the freedom of the open road. And my motto is the same as ever- *I believe in the kindness of strangers. And when I’m at war with myself- I Ride. I Just Ride.*

Who are you? Are you in touch with all your darkest fantasies?
Have you created a life for yourself where you’re free to experience them?
I Have.
I Am Fucking Crazy. But I Am Free” Lana del rey

domingo, 4 de novembro de 2012

"Só queria um abraço apertado de um domingo calado com som de amor."

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O que é palavra para os Guaranis Caiovás.

"O que é a palavra para os índios Guaranis Caiovás? Em um texto muito bonito, intitulado Ñe'ẽ – a palavra alma, a antropóloga Graciela Chamorro, da Universidade Federal da Grande Dourados, nos dá algumas pistas."

Roubei da reportagem da Eliane Brum.
(http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2012/10/decretem-nossa-extincao-e-nos-enterrem-aqui.html)

“A palavra é a unidade mais densa que explica como se trama a vida para os povos chamados guarani e como eles imaginam o transcendente. As experiências da vida são experiências de palavra. Deus é palavra. (...) O nascimento, como o momento em que a palavra se senta ou provê para si um lugar no corpo da criança. A palavra circula pelo esqueleto humano. Ela é justamente o que nos mantém em pé, que nos humaniza. (...) Na cerimônia de nominação, o xamã revelará o nome da criança, marcando com isso a recepção oficial da nova palavra na comunidade. (...) As crises da vida – doenças, tristezas, inimizades etc. – são explicadas como um afastamento da pessoa de sua palavra divinizadora. Por isso, os rezadores e as rezadoras se esforçam para ‘trazer de volta’, ‘voltar a sentar’ a palavra na pessoa, devolvendo-lhe a saúde.(...) Quando a palavra não tem mais lugar ou assento, a pessoa morre e torna-se um devir, um não-ser, uma palavra-que-não-é-mais. (...) Ñe'ẽ e ayvu podem ser traduzidos tanto como ‘palavra’ como por ‘alma’, com o mesmo significado de ‘minha palavra sou eu’ ou ‘minha alma sou eu’. (...) Assim, alma e palavra podem adjetivar-se mutuamente, podendo-se falar em palavra-alma ou alma-palavra, sendo a alma não uma parte, mas a vida como um todo.”

A fala, diz o antropólogo Spensy Pimentel, pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios da Universidade de São Paulo, é a parte mais sublime do ser humano para os Guaranis Caiovás. “A palavra é o cerne da resistência. Tem uma ação no mundo – é uma palavra que age. Faz as coisas acontecerem, faz o futuro. O limite entre o discurso e a profecia é tênue.”

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Perfurante

Eu te olho e você me pergunta o que eu estou pensando. Quando eu te olho eu nunca estou pensando em nada realmente, por mais que você pense que o mundo esteja se passando aqui. A verdade é que eu fico meio hipnotizada porque você é a pessoa mais bonita que eu já vi, mas eu só te digo que não estou pensando em nada e sorrio. Daí você sorri de volta e fala que é mentira porque meu olhar não é penetrante, mas perfurante e eu fico me perguntando o que isso quer dizer pra você. Eu só sei que se eu te olho assim é porque eu fico tentando entrar na sua cabeça e descobrir os seus segredos. Fico tentando descobrir tudo que você gosta, pra eu me transformar naquele momento em algo parecido. Fico tentando descobrir alguma forma de não deixar você ir embora, porque existe um imã que te puxa pra mim. Esse imã que me puxa desde aquele dia que você saiu do meu carro. Você nem sabe, mas aquele dia você me levou com você.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Ângela de Clarice

"Eu sou nostálgica demais, pareço ter perdido uma coisa não se sabe onde e quando."

Personagem Ângela da Clarice Lispector no livro "Um Sopro de Vida".

Às vezes enquanto eu estou lendo esse livro eu fico na dúvida se Ângela sou eu. Entro na paranóia de que eu escrevi todas aquelas palavras e que tudo que eu estou lendo na verdade é um espelho, escrito por mim. Tão eu, tão todo mundo que se perde todos os dias na loucura de ser um milhão dentro de um só. Logo depois eu percebo que o autor* de Ângela se perde assim como eu. Ele não sabe se ele é ela ou se ela é tudo aquilo que ele é e que gostaria de falar. Ângela sou eu, o autor, você e Clarice. Todos somos Ângela. Aquelas palavras vomitadas que queremos dizer e que saem hora ou outra, mas sempre ficamos na dúvida se somos nós mesmos que estamos dizendo tudo aquilo. Então criamos outro personagem, uma mascara e viramos outro. O outro que somos nós. O outro que não queremos ser, mas somos.

* Autor é um dos personagens do livro.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Hoje eu chorei na rua

Da cidade de onde eu venho as pessoas choram dentro do carro, ou no máximo dentro do ônibus, escondidas, de óculos escuros e encostadas na janela. Eu sempre chorava no meu carro e gritava pra ver se a dor ia embora mais rápido. Mas hoje eu chorei na rua, enquanto todas as pessoas passavam por mim. E eu nem vi se eles olhavam, eu só sabia que eu tinha que andar o mais rápido possível para chegar à praia. Eu chorei porque eu ainda não entendi a grandezas das coisas. Ainda sou pequena demais e talvez eu não consiga compreender a vastidão do mundo. Pela primeira vez eu senti que eu não estava mudando apenas de casa, mas mudando de pele. Abrindo meus braços para me atirar e enfim, talvez voar. E dá muito medo essa história de mudar continuando o mesmo, porque parece impossível, mas é assim que acontece.

Eu chorei principalmente por eu estar no lugar onde eu mais queria estar, onde eu tive que batalhar para estar, e agora eu me sinto vazia. Sinto como se qualquer ventinho me fizesse voar pra longe. Eu choro por tudo, me emociono com qualquer besteira e sinto muita, mas muita saudade de tudo. Até de coisas que eu nem sabia que dava pra ter saudade. Eu ando à flor da pele, queimando, queimando. Parece que eu estou vivendo uma vida que não é minha. Nada aqui é meu. Esses pensamentos não são meus, nem essa fraqueza, nem essa frieza que na verdade esquenta na hora que não é pra esquentar. Estou em um apartamento lindo, mas nada aqui é meu. O apartamento já veio todo pronto, mas não me vejo em nada. Meu banheiro tem cortina no box. Eu sempre falei que não queria morar numa casa que tivesse cortina no box porque é feio. O conceito de feio mudou bastante nesses últimos tempos. Minha vista é linda e em dois minutos eu tô na praia. É localização que eu quis desde o dia que eu pisei na praia, com 2 anos de idade. Eu sabia que meu lugar era perto do mar e que alguma coisa um dia iria me levar para lá. Aliás, para cá. Agora eu moro perto do mar e ele não consegue preencher meu coração. Achava que o coração se colava com cola de maresia, que nem a Adriana Calcanhoto cantava naquela música.

Aqui o tempo passa muito rápido. Quando eu vejo já são 6 da tarde e quando eu pisco de novo são 2 da manhã. E eu fico me procurando todos os dias, tentando entender quem é essa pessoa nova que mora dentro de outra tão desgastada. Acho que eu já não me cabia mais. Meus sonhos cresceram tanto que eu tive que crescer também. Talvez a carapuça não sirva mais e eu tenha que me reinventar. Novos sonhos, novos caminhos. Talvez não novos, mas maiores e concretos, que se encaixem em mim.

O problema é que descobri que estou em crise. Existencial, psicológica, de personalidade, emocional, não sei. Não sei dizer que tipo de crise é a crise de quando você quer ser algo que você não é. Todas, provavelmente. Eu sempre quis ser genial. Sempre pensei que alguma hora eu faria alguma coisa que ia mudar tudo, ia mudar as pessoas, ia mudar a história ou sei lá. E aos poucos eu fui descobrindo que eu sou só mais uma. Não sou mais interessante e inteligente que ninguém. Não leio, estudo ou me jogo no mundo o suficiente pra isso. Também não nasci genial, porque até eu me convencer de que eu era boa em alguma coisa eu precisei entrar no teatro, há alguns anos atrás. Foi então que eu percebi que as coisas só dariam certo se eu as fizesse para mim e não para mudar alguém. E no teatro eu podia ser todas essas coisas e pessoas e pensamentos que eu era ao mesmo tempo. Eu pude me abrir ao meio e me mostrar, porque na arte todas as ideias são acolhidas de uma forma diferente. A arte te coloca em choque com a sua própria vida. Você começa a ver que o mundo realmente não faz sentido nenhum, mas que a vida vale a pena ser vivida. Então eu descobri o óbvio: eu nao precisava ser genial. Eu só precisava acreditar no que eu faço e acreditar que isso basta para mim.

Me sinto louca, perdida e sozinha, mas dizem que para que uma grande mudança aconteça na gente, é preciso entrar em crise antes, para que se aprenda a levantar sozinho. Por isso eu prefiro ficar aqui, com essa vida nova, aguardando o momento de me transformar em uma tempestade que mude tudo de lugar. Prefiro ficar aqui, onde está sempre amanhecendo.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

"Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas". Caio Fernando Abreu
Você foi a melhor mentira que eu já inventei.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Há tantos anos me perdi de vista e hesito em procurar me encontrar. Estou com medo de começar. Existir me dá às vezes tal taquicardia. Eu tenho tanto medo de ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim. - Clarice Lispector.

A alegria absurda por excelência é a criação - Nietzsche

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Meu último texto pra você.

Eu nem sei o que você fez comigo pra levar meu coração desse jeito. Agora eu vejo você indo embora de verdade, lá no fundo da minha mente, por mais que doa muito te arrancar. Você já faz parte de mim. Faz parte da minha história e é o principal motivo por eu não conseguir me apaixonar por mais ninguém, por mais que eu sempre fale que estou apaixonada. O outro que eu me apaixonei, virou o meu grande amigo e nenhum outro pensamento passa pela minha cabeça sem ser o de como eu vou fazer pra ele ficar bem em relação à garota que ele gosta. O outro, o outro eu tive umas noites de amor. A gente bebeu vinho na sacada da janela e ele tirou minha roupa em silêncio. O melhor silencio, onde você só escuta a respiração do outro aumentar. Eu acordei querendo acordar ao lado dele mais umas vinte vezes. O outro foi o cara mais bonito que eu já conheci na vida. Eu queria fazer de tudo pra ele não parar de sorrir nunca mais e ficar olhando pra ele por uma eternidade, ouvindo ele falar sobre o que ele quisesse falar, porque ele só fala coisa inteligente. E todos esses nem se comparam ao que você fez comigo. Você é a pessoa que eu não esquecia por mais que todo mundo passasse. Nem tem explicação e todos os outros são melhores do que você, mas quando eu volto pra casa é em você que eu penso. Você acabou com a história que eu inventei de um jeito que eu nunca consegui fazer antes. Eu sempre tentei, mas falhava toda vez porque no fundo eu queria acreditar que você nadaria de volta pra mim. Eu fiquei esperando na praia, por meses, e agora eu sei que você não vem mais. Você colocou o ponto final na história em que eu só colocava reticências. E na verdade talvez eu esteja aliviada, porque eu não queria ficar esperando algo que nunca chegaria. Espero que essas palavras façam jus ao fim de amor que eu sinto agora, porque essas são minhas últimas palavras para você. Vou dar lugar para outra pessoa ocupar meus dias. Quem sabe eu mesma...

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Hoje quando eu acordei eu quis gritar da minha janela. Pra ver se o dia amanhecia em mim.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A palavra e o balão.

Ela queria escrever, que era tudo que ela fazia quando queria se esquecer de tudo e lembrar ao mesmo tempo. Mas ela não conseguia mais. As palavras fugiam da sua cabeça, escapuliam pelas mãos, como as palavras faladas. A vantagem das palavras escritas é que elas ficam presas em algum lugar, dificilmente se perdem. As faladas voam, que nem aqueles balões de gás hélio que ela tanto gostava quando era criança. E ao vê-lo partir, sentia uma dor, um aperto do coração, porque ela nunca tinha se despedido de nada. Quando via aquele balão subindo lá no alto do céu, se misturando com os tons de azul invisíveis aos olhos comuns, sentiu que aquela era a cena mais triste da sua vida. Por mais que ela pudesse buscar outro balão daqueles outro dia, não seria o mesmo. Ela se sentia inútil porque quanto mais pulava tentando agarra-lo, mais rápido ele voava, e depois que ele escapulia não restava mais nada senão olhar aquele pontinho sumir na imensidão. E ela não se lembra de nenhuma vez que não tenha visto um balão se perder até o final. Ela gostava de imaginar onde ele iria parar. Se alguma hora ele iria descer para perto de outra pessoa ou se ele era sugado pelo céu, para algum lugar mágico. E agora ela brincava com as palavras desse jeito, imaginando onde elas poderiam chegar, alcançando montanhas, mentes, criando ideias. Ela sabia desse poder das palavras, mas preferia ter o controle das palavras no papel, que por mais longe pudessem viajar, não se perdiam totalmente. E as palavras escritas lhe faltavam agora, apavoradamente. Faltava a costura que fazia com que as palavras se transformassem em arte. E ficaram assim, ela e as palavras, olhando pro nada, para o vazio de dentro, buscando algo, mas sem encontrar nada. O vazio que encontramos quando conseguimos algo que desejamos muito. As palavras somem, o equilíbrio vira ao contrário e agora é preciso prender as palavras como nunca se fez antes, com a força de um urso. Pela primeira vez será preciso manter as palavras dentro de si.
"Porque todo grande livro é mais inteligente que seu autor. Toda grande obra contém em si o seu próprio contradiscurso. Toda grande narrativa sempre se constrói em torno de uma fratura estrutural que ameaça lhe demolir."

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

terça-feira, 14 de agosto de 2012

"Tudo que eu posso te dar é solidão com vista pro mar "

Não me procure mais. Não por mim, mas por você. Eu não me incomodo com a sua presença, ao contrário, ela me faz bem. Mas eu não valho a pena porque o que voce quer eu não posso te oferecer agora. Eu não valho o som da sua risada alta quando voce ri de alguma coisa que eu falo, jogando a cabeça pra trás. Eu não valho o seu olhar penetrante, nem a sua compreensão e nem a sua falta de sentido. Não valho seu choro abafado e nem suas dúvidas durante noites em claro. Eu não sei dançar no seu ritmo.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

As cores

Talvez eu nunca entenda porque eu sempre volto pra casa pensando em você. Por mais que eu saiba de tudo, por mais que você tenha me falado tudo aquilo aquele dia, eu continuo acreditando que nossos caminhos se encontram no final. Eu nem sei que final é esse porque eu nem sei o que eu sinto direito, mas eu sei é que depois de tudo que passou eu estou te esperando. Justo na hora que eu não tinha que esperar mais nada de você, eu tive vontade de que voltar pra casa fosse voltar pra você. E eu te liguei aquele dia só porque eu queria fazer alguma loucura que fosse, mas eu queria que fosse junto com você. E alguma loucura pra mim é muito simples. Só queria tocar a sua companhia, te abraçar e te dizer quanto eu sinto a sua falta, por mais que você nunca tenha sido meu. A sua falta é uma ausência sem fim, preenchida por momentos de muita, muita cor.

Eu queria sair manchando sua casa inteira, suas roupas, seu sofá, sua imaginação e sua vida. Pra você nunca se esquecer de mim e saber que ela aquela é a minha cor. Exatamente como você fez comigo. Minha cor preferida era a sua, então ficou muito fácil me manchar. E desde então eu sinto um vazio colorido por você. Eu sei que eu inventei uma história inteira pra nós dois e agora eu não sei mais desfazer, porque você que começou a contar. E o pior é que você sabe de tudo isso por mais que eu tente disfarçar sempre, porque quando eu to perto de você eu fico desarmada, frágil e transparente. E talvez seja por isso que você conseguiu me colorir inteira. E mesmo quando eu vou embora eu consigo sentir toda essa tinta escorrendo pelo meu cabelo, fazendo meus olhos arderem. E se me perguntarem por que eu gosto de você, eu nunca vou saber responder. Só sei que volto pra casa pensando em você. Pensando que era você que poderia estar me esperando lá. Só isso.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Apertado

Hoje eu fui mexer nas suas coisas e meu coração quase parou. Eu quis ser você por um instante. Quis te levar paz e deixar pratos sujos no tapete da sala num domingo à tarde. Quis ser tudo que te prende a atenção. Só pra você ficar mais um poquinho. De pouquinho em pouquinho quis que você ficasse pra sempre. Pela primeira vez eu quis que alguém ficasse pra sempre.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Talvez algumas coisas não precisem ter um ponto final.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Carta

(...)E Como eu disse, essa história não faz com que eu seja daquelas pessoas que se esquecem da vida. Tenho minhas histórias de amor, meus rolos e minhas paixões mal resolvidas. Quando eu estou aqui você é uma lembrança boa. Mas querendo ou não, você é sempre quem eu espero.

Despedida

A despedida nem sempre é uma coisa dolorosa. Às vezes a gente chama de despedida justamente por não saber mais quando vamos ver aquela pessoa ou simplesmente porque a gente sabe que é o final de alguma coisa. E hoje eu me senti assim. Me senti como se pela primeira vez eu me desamarrasse de você. Eu sempre fico amarrada por um fio de alguma coisa que eu não sei bem o que é. Mas hoje eu senti que eu estava livre. E ao mesmo tempo que eu fiquei feliz, eu fiquei triste porque eu sabia que aquele era o fim. Pelo menos o final de um período. Eu sempre quis viver uma história com você, mas percebi que a nossa história era essa. Nem sempre as coisas precisam seguir uma ordem exata ou um fluxo. O tempo embaralha tudo e a gente faz a ordem de acordo com o que a gente sente. E por mais louco que seja, ao mesmo tempo em que me sinto livre e totalmente separada de você, eu me sinto mais próxima. Porque nunca tinha sido um encontro tão leve e ao mesmo tempo denso. Eu achava que gostava de você pelo mistério, mas descobri que não. Eu gostava da sua claridade e sua transparência que é difícil de enxergar. Eu gostava das suas frases sem sentido e da sua paixão pelo falta de sentido da vida.

Mas eu entendi que as coisas duram o tempo que elas têm que durar, por mais que a gente não aceite muito esse tempo. Talvez se eu tivesse tentado prolongar, esse sentimento bom que você deixou em mim não existisse. Acabou assim para que nós dois soubéssemos o quanto combinamos, mas que a paixão não chegou a tempo. E acho que essa saudade vai fazer mais por nós do que esse amor no escuro. O nosso amor durou um milésimo de segundo, que foi um piscar de olhos. Você se perdeu quando olhou pra mim e se apaixonou naquele minuto, mas eu sempre soube que eu não seria a pessoa que iria te prender, porque você é igual a mim. Porque você olha em volta e se apaixona por tudo ao mesmo tempo. E você sabe tirar histórias de onde não tem nada, que nem eu faço. Por isso eu quis me apaixonar e me jogar com você, pra ver o que a gente poderia criar junto. Mas eu nunca te prenderia porque eu não sei prender ninguém. Só sei fazer as pessoas andarem junto comigo e elas ficam até o momento que querem ficar. Pra mim amor exigido não é amor. O amor bom é o amor fácil. E ele não chegou pra gente, apesar de saber o quanto você queria, mas morria de medo de eu sentir esse amor por você. Por mais que eu soubesse que você gostaria de acordar mais trinta domingos olhando pro meu cabelo bagunçado.

Essa história se construiu aos poucos em um ano e só agora eu escrevi um texto pra você. Agora eu vejo que você já tinha me entendido há muito tempo. Agora eu percebi que fazia muito sentido eu ter escrito alguma sobre você, mas eu esperei até esse momento para poder entender tudo que a gente foi. Fomos duas pessoas apaixonadas pelo mundo, que têm a mesma sintonia, mas que juntas não somam tanto um pro outro o quanto somam separadas.

Tiro no escuro

“Deixar o meu trabalho e começar minha carreira como escritor foi um tremendo risco. Aquilo foi como um salto do precipício, um tiro no escuro.

Mas qualquer coisa que tem valor nas nossas vidas – seja uma carreira, uma obra de arte, uma relação – começará sempre como num salto desses. E para estar capacitado a dá-lo, você tem que deixar de lado o medo de cair e o desejo de obter êxito. Tem que fazer essas coisas completamente puras, sem medo, sem desejo.

Por que as coisas que fazemos sem luxúria ou ambições são as mais puras ações que podemos fazer.”

Alan Moore

domingo, 8 de julho de 2012

(...) Eu nunca vou entender porque você é exatamente o que eu quero, eu sou exatamente o que você quer, mas as nossas exatidões não funcionam numa conta de mais...

Mas aí, daqui uns dias.... você vai me ligar. Querendo tomar aquele café de sempre, querendo me esconder como sempre, querendo me amar só enquanto você pode vulgarizar esse amor. Me querendo no escuro. E eu vou topar. Não porque seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque você me lembra o mistério da vida. Simplesmente porque é assim que a gente faz com a nossa própria existência: não entendemos nada, mas continuamos insistindo." Tati Bernardi

quinta-feira, 5 de julho de 2012


Um Sopro de Vida da Clarice Lispector.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

"Voce não cresceria se eu o mantivesse preso num pequeno vaso.
Eu compreendi a tempo que voce precisava de muito espaço..."

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O mundo é poser

Todo mundo quer ser alguém. Talvez não alguém em carne e osso, mas alguém que seja um personagem nosso, como se fosse uma imagem de pessoa ideal. A partir daí fazemos tudo em busca dessa "pessoa". Talvez a felicidade que tanto esperamos seja o encontro entre alguém que você quer ser com alguém que você realmente é. E eu não acho que tenha problema nenhum nisso se não te prejudicar e não reprimir suas verdadeiras vontades.

O problema é que hoje em dia parece que a maioria das pessoas se padronizaram. Agora a pessoa ideal é praticamente a mesma para todo mundo. Não existem mais vários grupos diferentes, mas poucos, onde as pessoas gostam de ser rotuladas apesar de falarem constantemente "Eu não gosto de rótulos". Todas as pessoas se vestem igual, escutam as mesmas músicas 'cools' e tiram as mesmas fotos. Todo mundo quer que a vida seja igual a uma foto espontânea com efeito vintage. Tudo que é antigo é muito cult. E a questão é que todo mundo sabe que ninguém é assim naturalmente. Essas fotos antigas dos nossos avós, que são super legais, só são super legais porque eles não estavam pensando no status que aquela foto ia trazer. Eles só tiravam e ficavam felizes por aquele momento ter sido registrado. Hoje tudo é muito forçado, tudo é pra passar uma imagem do que se é. O que você é todo mundo está vendo. A gente não engana ninguém, só nós mesmos.

A maioria das coisas que existem no mundo é uma cópia de outra coisa. Todas as ideias têm uma base, por mais originais que sejam. E isso não é uma crítica, é apenas um fato. As grandes inovações também surgiram de algo, por exemplo, da natureza. E se formos entrar no assunto "e a natureza, de onde veio?”, eu vou responder que simplesmente não sei. Ninguém sabe a origem de tudo. Talvez o Big Bang também seja uma cópia de um universo que era meio sem graça. Vai saber...

Não tem como ser cem por cento original, mas isso não significa que precisamos ficar presos na mesmice. As pessoas começaram a ter noção de que ser diferente é legal, pois o diferente se destaca. O problema é que se esqueceram de nos contar que quando todos querem ser diferentes, todos ficam iguais. E o pior é que os pensamentos ficam todos no mesmo nível. Ninguém se permite pensar e dar uma ideia diferente do diferente padronizado. E o mundo começa a gerar as mesmas coisas de sempre, se transformando em um lugar monótono.

A gente deveria usar esse nosso lado "wanna be" como influência e não como lema de vida. É possível virar o que queremos ser, mas desde que ainda seja você. Muitas pessoas estão sem coragem de assumir uma ideia, pois vai fugir dos padrões se for uma ideia idiota. Uma vez me falaram que uma ideia boba era igual um aluno bagunceiro em sala de aula. Se você der a dose certa de estímulo para ele, ele vira um gênio. E estão faltando mais corajosos que exponham suas ideias idiotas para o mundo para que elas virem geniais. Uma ideia só é idiota quando é vista por um idiota.

A nossa personalidade vai se moldando com aquilo que achamos que é certo e legal, mas não para que alguém diga que é legal. Nós sabemos o que nos faz bem. Deve dar muito trabalho ser uma farsa o tempo todo. Em algum deslize, alguém te descobre. Ninguém é tão incrível como mostra ser. Todos têm suas fraquezas. Não precisa sair mostrando quais são, mas também não precisa fingir que elas não existem, porque ninguém é super-herói. Acho que ser um ser humano ainda deveria ser normal.

sexta-feira, 22 de junho de 2012



"Você está vivo. Esse é o seu espetáculo. Só quem se mostra se encontra. Por mais que se perca no caminho." Cazuza

domingo, 17 de junho de 2012

"Não se dobre, não a dilua, não tente fazer isso lógico, não edite a sua própria alma de acordo com a moda. Em vez disso, siga suas obsessões mais intensas sem piedade ". Franz Kafka

sexta-feira, 15 de junho de 2012



"Eu não podia, ou podia mas não devia, ou podia mas não queria ou não sabia mais como se parava ou voltava atrás, eu tinha que continuar indo ao encontro dele."

quinta-feira, 14 de junho de 2012

"Você não é idiota. Você só vê o copo meio cheio ao invés de meio vazio"
Emilio Lazarte

quarta-feira, 13 de junho de 2012

7 anos

Hoje eu comi aqueles palitinhos salgados que você tanto gostava. E eu acho que eu só gostava porque você gostava, porque eu não me lembro de ter comido isso sem você. Hoje foi a primeira vez. Talvez eu gostasse mais do fato de estar junto com você e chegar na sua casa ouvindo você dizendo que tinha palitinhos e sentar no sofá da sala, que ainda era cinza, pra comer e ver Sessão da Tarde. E hoje eu quis ficar comendo aquele pacote de palitinhos inteiro, enquanto eu sentia meus olhos se encherem de lágrimas. Eu queria ficar sentindo aquele gosto pra sempre, porque aquele gosto era você, aquela embalagem verde era você e eu quase pude sentir você ao meu lado. Me senti com 7 anos de novo. Voltei a ser aquela menina frágil e inocente, sem saber muito sobre a vida. Eu só sabia que a felicidade tinha alguma coisa a ver com estar ao seu lado. Porque era isso que eu sentia.

E ontem saindo da escola que eu dou aula, eu vi um menininho saindo acompanhado da sua avó, que carregava a mochila enquanto o menino tentava chegar até o carro da forma mais difícil possível, pulando os arbustos e fazendo qualquer concreto elevado parecer um muro. E a avó apontava para um carro branco, onde o avô do menino esperava dando tchau com os braços para cima. E eu senti uma saudade enorme. Eu queria voltar o tempo e que você pudesse me carregar no colo de novo. E eu ia entrar no seu carro contando como foi meu dia com os pés no teto. E você ia brigar e rir como você sempre fazia e me dizer que se eu não existisse eu ia precisar ser inventada. E eu achava aquilo o máximo. Você repetiu isso até muito tempo depois, e eu cresci realmente achando que eu era especial.

Eu quis naquele momento, segurar o braço do menininho e contar para ele que aquele era um dos momentos mais especiais da vida dele. Que aquilo ia fazer muita falta e que um dia ele ia querer voltar o tempo só pra ver o avô dele acenando com os braços abertos, esperando por ele. Eu queria que ele parasse por um minuto e congelasse a cena na cabeça, só para guardar como se guarda uma foto. Eu daria tudo para diminuir de tamanho e voltar a ter todos os medos que eu tinha, só para poder entrar no seu carro azul de novo e saber que eu estava indo para o melhor lugar do mundo. E eu ia saber também que a gente ia fazer um acordo para que você falasse para minha mãe que eu comi tudo no jantar, quando ela chegasse para me buscar.

Lembrar de tudo isso dói muito porque eu não posso te contar. Não posso falar da saudade que eu sinto e nem te contar meus novos planos. Queria que você estivesse aqui para que eu sempre me sentisse uma criança de 7 anos, mas sabendo que no fundo eu cresci e me transformei naquilo te orgulharia. Porque tudo que me fizesse feliz te encheria de orgulho. Eu queria que você vivesse mais cem anos para ver minhas conquistas e para me segurar quando tudo desse errado. É que quando você foi embora, eu fiquei sem ar, achando que o chão que me segurava em pé tinha sumido. E tudo que eu queria era correr para os seus braços e chorar até perder o fôlego, porque eu sabia que lá eu encontraria felicidade. Mas era você que tinha ido embora e eu fiquei sem saber pra onde ir.

Nesses momentos que eu percebo o quanto eu ainda sou pateticamente frágil e incerta de tudo. Essa saudade sem solução acaba com a gente de repente.

terça-feira, 12 de junho de 2012

http://www.youtube.com/watch?v=OlnJL4Mv1vM
"Ao contrário do que dizia o velho Sartre, o inferno não são os outros, mas sim nós mesmos".

Pondé.




domingo, 10 de junho de 2012


'And everybody's talking how I, can't, can't be your love
But I want, want, want to be your love
Want to be your love, for real'

sábado, 9 de junho de 2012

"O mundo tá tão doido que quem lê livro é cult"

quarta-feira, 6 de junho de 2012

“A morte não é o contrário da vida. A morte é o contrário do nascimento. A vida não tem contrários”.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Saudades de mim

"Hoje eu sinto saudades de você... Mas mais ainda, sinto saudades minhas.


Achei incrível quando ri de mim mesma ao tropeçar na rua, foi tão... familiar. Isso me fez lembrar de como era rir de mim, e como eu me achava linda assim, desse jeito desastrado. Lembrei de como eu gostava de quando meu cabelo estava meio-preso-meio-solto e da minha mania de olhar pra baixo e colocar o lado solto atrás da orelha quando fico com vergonha. Falei também com um amor do passado, incrivelmente não chorei. Pelo contrário, fiquei muito feliz em recordar minha paixão por ele, por todos os outros e todas as outras coisas que gosto. Tive vontade de sair abraçando esses amores passados, porque sem dúvidas, muito do que amei neles era como eu era quando estava com eles. Percebi que gostei deles, mas que sempre gostei mais de mim. Vi que era muito bonita gostando de cada um, porque é lindo esse meu jeito de entrega total, sempre pronta pra me jogar, sem redes, sem planos, sem mãos. Achei demais lembrar disso, com isso vi a sorte que você teve por me ter um pouco. Também senti um pouco de pena de você, que não se permite sentir nada profundamente. Desejei que algum dia você pudesse se descabelar por qualquer coisa. Ao desejar isso, me amei muito. Me amei mais do que você um dia seria capaz de me amar. Você ou qualquer outro, nunca poderiam entender o que eu faço por completo, assim, nunca poderiam ver talvez meu gesto mais nobre e me amar demais por isso, só eu... Por isso senti tanto amor e quis me abraçar forte."

Natália Moreira.


sexta-feira, 1 de junho de 2012

Um pedido de desculpas



Às vezes eu acho que eu te devo alguma coisa. Alguma explicação do que aconteceu, algum pedido de desculpas que realmente valesse. E eu sei que você está bem e que você já me perdoou, mas a às vezes eu fico pensando se eu mesma me perdoei pelo que eu fiz. Eu gosto de te encontrar para saber que você está bem e que as coisas vão bem pra você. Eu só queria que você fosse muito, muito feliz, do jeito que eu não consegui ser quando estava com você. Não que eu não tenha sido feliz durante um período, mas depois eu não sei mais. Tudo que eu queria era saber explicar a falta de amor que eu senti. E eu fico com medo de te falar do meu novo amor, porque eu tenho medo que você continue me prendendo, lá no inconsciente. Me prendendo para que eu sofra o que você sofreu. Mas a verdade é que ninguém prende ninguém e geralmente quando a gente transfere a culpa para outra pessoa, é que o defeito é nosso. E eu sei que está tudo em mim.

Eu sei que acabou, mas talvez eu ainda não tenha me perdoado pelo jeito que acabou. Simplesmente por não entender o que aconteceu comigo. E por mais que eu já tenha te pedido desculpas, por mais que esteja tudo bem, quando a gente volta a falar sobre esse assunto alguns fantasmas voltam. Meu amor inventado por aquela pessoa que eu conheci volta gritando na minha cabeça, falando que ainda está lá. Minha vida fica voltando para o passado e eu me sinto presa em algum lugar. E eu sei, eu sei que no fundo o que aconteceu comigo é normal, mas eu me apaixono e me desapaixono na mesma velocidade e isso me apavora. Porque eu sempre me apaixono por trinta coisas ao mesmo tempo e o mundo tem tanta coisa, que eu não acredito que as pessoas se encantem por somente uma. Eu fico me perguntando como as pessoas ficam apaixonadas durante anos por uma mesma pessoa, sem se apaixonar por outras e às vezes se esquecendo de viver. Eu me pergunto se é alguma espécie de cegueira. E eu não consigo não me julgar por isso, porque parece ser um erro. E dizem que quando eu me apaixonar de verdade todos esses pensamentos vão sumir, como se eu tivesse alguma espécie de anomalia. E eu fico horrorizada por pensar que todas aquelas coisas que eu senti não eram paixão. Então era o que? Quem sabe o que é se apaixonar de verdade? As coisas duram o tempo que elas têm que durar.

Os amores da minha vida foram amores da minha vida durante o tempo que eles existiram. Minha alma gêmea aparece de tempos em tempos, quando eu estou preparada para elas. E eu me entrego sempre, porque eu não tenho medo de viver. Não sei, talvez eu encontre alguém para ser uma espécie de camaleão comigo. Que mude de cor na mesma frequência que eu. Minha cabeça muda mais rápido do que eu consigo entender fisicamente. E acontece com todo mundo. E todo mundo machuca alguém e todo mundo sofre por alguém. Eu não deveria me sentir culpada por nada, porque ninguém tem culpa de nada, mas o não saber me mata. Me desculpa, pela milésima vez. Nem sei mais se estou pedindo desculpas para você ou pra mim.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Toda vez que eu estou me sentindo inteligente eu leio, vejo e conheço um outro mundo de possibilidades. E aí eu me sinto idiota de novo.

Homens

"Por mais óbvio que seja o que se passa na cabeça de um homem...
Eles nos confundem não pelo mistério
Mas pela nossa própria natureza confusa diante da simplicidade deles."

Alê Marcuzzi, que escreve em um blog gênial.
http://www.transmutando.blogspot.com.br/
O mundo inteiro é um milagre, nós só não sabemos lidar com isso.

Eliane Brum, minha heroína

Eliane Brum é uma das jornalistas mais premiadas do Brasil. Escreveu os livros: ColunaPrestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007), O Olho da Rua (Globo) e o primeiro livro dela de ficção, chamado Uma Duas(LeYa). Não li o ColunaPrestes, mas posso afirmar que os outros três livros são sensacionais. Fazem você chorar, rir, se apaixonar pelas pessoas, pensar sobre a vida e querer mergulhar nela. Esse texto é sobre a palestra que a Eliane Brum deu na livraria Cultura hoje, em Brasília.

Uma das primeiras coisas que ela falou na palestra foi sobre a importância da apuração na hora de escrever um texto jornalístico. Ela disse que pode ser o ganhador do Nobel de literatura, mas que se não for bem apurado e se não se apegar aos detalhes, o texto não sai. E então ela começou a falar daquilo que ela entende bem: os detalhes. Uma reportagem boa é quando você se teletransporta para o local, como se você estivesse frente a frente com o entrevistado ou com a situação. Ela falou com encantamento sobre o processo de observar cada detalhe de uma cena. Transcrever exatamente o cheiro, a luz, se o personagem estava roendo a unha, se o cabelo estava preso, os anéis, os sapatos, o sol e o silêncio. Muitas vezes o texto está nos gestos, nos olhares ou a falta de palavras. O exercício mais difícil talvez seja o de saber ouvir, algo que todas as pessoas deveriam aprender a fazer. Ouvir o outro sem esperar a sua vez de falar. Muitas vezes perguntamos algo já esperando a resposta, mas como jornalistas, temos o papel de ouvintes e nada mais. E quando se ouve bem, quando se enxerga o outro com novos olhos, sem esperar nada, conseguimos chegar mais perto da vida dele. É Exatamente como em um livro, que faz a mente viajar dentro da história. Um filme em letras. A vida de qualquer pessoa é uma história. E quando bem contada, faz qualquer um se emocionar.

Não demorou muito para eu começar a chorar, como eu faço na maioria das reportagens da Eliane Brum. Ela falava exatamente como ela escreve. E dava para ver pelos seus olhos e pelos seus gestos, a emoção de estar contando uma das experiências mais marcantes da profissão. E eu fiquei pensando em como ela, além de tudo, seria uma grande atriz. Porque entre outras milhares de coisas, para ser ator é preciso ser um bom observador e ter sensibilidade para entender e perceber as pessoas da forma mais pura. Durante alguns momentos parecia que eu estava assistindo uma peça de teatro e que aquele texto tinha sido ensaiado milhões de vezes para sair tão bom. E com a “visualização do ator”, ela conseguia passar para a plateia o que viu. Mas era muito mais do que isso. Aquilo era a vida real e o texto era espontâneo. Era uma conversa sobre coisas que ela viu e precisava contar para o mundo. Muitas vezes eu não conseguia olhar bem para a expressão dela por causa da distancia, mas a emoção toda estava na voz. Tudo que ela precisa estava naquelas lembranças. Era como se ela entregasse um presente pra mim. E eu quis muito anotar cada palavra para interpretá-las em alguma peça depois, e lembrar exatamente como elas tinham sido ditas. Mas a escrita, a fala e a interpretação são apenas espelhos da realidade. São formas de contar para as pessoas, como a vida é. Causar espanto e ao mesmo tempo alegria de viver. A vida real não é interpretável. Ela própria se cria e se perde ao mesmo tempo, toda hora. Não dá para recriar a realidade com as nossas próprias mãos.

Eliane escrevia uma coluna no Zero Hora, jornal de Porto Alegre, que se chamava "A vida que ninguém vê", e depois ela publicou um livro com esse nome e com as reportagens que escreveu. Eram matérias sobre pessoas comuns, que ninguém nunca falaria. Óbvio que no livro ela conta as histórias mais incríveis, mostrando que o jeito de contar a história é que faz ficar interessante. Todos os detalhes são a peça chave das histórias. São como um soco no estomago. Não é só o jeito que ela escreve, é o jeito que ela vê o mundo que faz a diferença. No final, eu só queria dizer que ela realmente vê a vida que ninguém vê. E não é a vida de pessoas comuns. Ela vê o que é óbvio, e este parece ser invisível aos olhos dos outros. A Eliane enxerga todos os detalhes, todos os espaços e tudo que seria considerado desperdício para as pessoas. Ela vê o que é mais simples de ver, mas que ninguém é capaz de perceber.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Mudar o mundo

"É pretensioso cogitar fazer qualquer coisa com o intuito direto de mudar o mundo. A menos que você seja o Martin Luther King. Ou o Hitler. Porque mudar o mundo não significa necessariamente mudar para melhor.

Pelo menos no que concerne ao campo das artes, ninguém que de fato mudou o mundo passava os dias pensando em qual seria o melhor trabalho para mudar o mundo. As pessoas que mais admiro simplesmente trabalhavam naquilo que acreditavam. E esse é o primeiro passo para qualquer tipo de mudança. O resto é pura forçação de barra."
Natália Klein

terça-feira, 29 de maio de 2012

"Quando se deseja realmente dizer alguma coisa, as palavras são inúteis. Remexo o cérebro e ela vêm, não rara, mas toneladas. Deixam sempre um gosto de poeira na boca"

Esse otário do Caio Fernando Abreu me entende. Otário compreende otário.
"Não fizeram planos. Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (…) Talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem juntos para Paris, por exemplo, Praga, Pittsburg ou Creta. Talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada. Porque era cedo demais e nunca tarde."

Eu vou

Eu faria tudo pra chegar perto de você de novo. Sem explicação nenhuma e de novo com todo mundo me falando pra não mergulhar. Mas eu não consigo porque eu olho pra você e você me puxa, puxa, puxa. Faz minha cabeça rodar. A vida fez de um desencontro um encontro. Um tudo errado que virou certo. E você gostou de mim assim: clara, transparente, bêbada. E eu gostei de você pelo jeito que você falava, sem medir as palavras. Não é certo, eu não posso, eu não deveria. Eu vou sofrer demais se der certo e vou sofrer mais ainda se não der. Mas eu nunca liguei pra nada disso, então eu vou.

Vê se me espera e vem comigo. Quero te mostrar meu mundo.

Você não é um otário

Chega a ser engraçado pensar que eu não penso mais em você. Por um instante eu quase me desequilibrei por sua causa. Me joguei porque eu achava que você ia me segurar, mas quando eu olhei pra baixo vi o chão e eu usei todas as minhas lembranças para amortecer a queda. E ela doeu, mas foi bem de leve. Deixou um vazio e uma saudade que apareciam nos momentos de tédio. Sua forma de criticar tudo que é do senso comum; seus argumentos afiados; o cheiro de vida boa que vinha do seu pescoço e se misturava com seu gosto de cerveja e o jeito que você aceitava a minha intensidade eram suficientes para mim. Mas quando eu me dei conta, as coisas que a gente viveu foram ficando desfocadas e quase desapareceram. Agora você é só um vulto. E eu nem tenho mais palavras pra te dar porque elas não te pertencem mais. Tem um texto de 50 linhas, que eu nem sei se você percebeu que era pra você. Nele eu acordo com um gosto ruim na boca e você não está mais lá. Mas foi tudo um disfarce porque na realidade eu acordei olhando pro meu cabelo espalhado no seu travesseiro e com você me puxando pra mais perto. Eu lembro que você tinha medo de ser para mim, um otário, igual a todos os outros caras que vieram e foram. Você não é um otário. Você é melhor que isso. Mas infelizmente eu tive que te colocar no lugar onde todos os outros estão. No passado.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Existencialismo

"A cura trágica (dançar em meio à falta de sentido da vida) nos salvaria desse adoecimento do Eros de que fala Nietzsche, devolvendo-nos a atividade criativa diante da insuficiência do mundo, fazendo-nos perceber que somos os criadores de sentido da vida e que este morre quando morremos. A imagem é forte e bela, mas a maioria de nós toma mesmo é antidepressivo, por isso a ética trágica é sempre aristocrática: poucos têm coragem suficiente para enfrentar uma existência insuficiente de sentido."

Luiz Felipe Pondé no livro "Contra um mundo melhor", que revira meus pensamentos e tira meu folêgo a cada linha.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

"Cultivamos a ilusão de que o outro pode ser envolvido, seduzido, convencido pela nossa retórica. Acreditamos, fundalmentalmente, que o nosso desejo pode ser transmitido pela palavra. Por isso, telefonamos, mandamos mensagens, escrevemos longos emails, rabiscamos poemas, fazemos letras de música, marcamos conversas dolorosas e intermináveis que – a rigor – não levam a lugar nenhum.
Quando existe um sentimento comum, as palavras são apenas acessórias. Quando não há sentimento, elas agem como um bisturi: cortam, expõem e dilaceram, mas não criam".

Ivan Martins, colunista da revista ÉPOCA.

O espantalho de Tchekhov em mim

“Fugir da música, da cozinha, do dinheiro da minha mulher, de todas estas ninharias, de todas estas baixezas... E parar num campo, em qualquer parte, longe, muito longe!... E debaixo de um céu imenso ser como uma árvore, uma vara..., ser como um espantalho de pardais..., e ver, toda a noite, por cima de mim, a lua tranquila e clara... E esquecer, esquecer, esquecer...” da peça “Os Malefícios dos Tabaco” de Anton Tchekhov.

Hoje eu queria ser um espantalho. Igual a esse do Tchekhov. Queria que me perdessem por aí e que me deixassem olhando a imensidão de céu. Que de lá desse para ter uma ideia do tamanho do mundo. Queria ficar parada, esperando os passarinhos. Queria fugir dos meus próprios pensamentos. E sendo um espantalho eu não ia sentir quando eles partissem. Eu não ia sentir frio quando a noite chegasse. Meu coração não bateria mais forte. Eu não teria noção de distancia. Eu estaria sempre ali, esperando alguma coisa e não sentindo nada. Eu veria o sol nascendo e saberia por que minha roupa preta xadrez começaria a parecer vermelha azul e amarela. O escuro às vezes confunde. A gente pensa que é uma coisa e é outra. Mas se eu fosse um espantalho eu não ia me confundir. Eu ia só pensar que minha roupa é de uma cor de noite e de dia é outra.

A vida podia ser mais simples, mas a gente procura uma explicação pra tudo. Seria mais fácil se a gente pensasse em uma coisa e fosse. E eu cansei de inventar. Eu cansei de olhar para o futuro e ficar com os olhos ardendo de tão brilhante e invisível que ele é. E hoje eu queria saber o que não é sentir saudade. Queria ter a certeza de que todas as pessoas que já foram, iam voltar no outro dia, que nem o sol. E eu teria a companhia eterna de mim. Eu queria me esquecer de tudo. Queria por um dia me esquecer de tudo que já passou. Queria ficar olhando a lua e o céu azul sem entender o que é aquilo e sem entender de onde vem tanta beleza. Eu queria olhar pra tudo de novo e me perguntar por que eu nunca vi nada antes.

Eu cansei de começar de novo e falhar. Hoje eu queria acertar. A partir de hoje eu queria ver a vida assim, como se eu nunca tivesse visto o mundo. Por isso eu queria ser um espantalho por hoje. Mas é tanta vida pulsando aqui dentro que eu nunca conseguiria ficar parada em um mesmo lugar. Se eu fosse um espantalho eu ia criar vida. Eu ia rasgar a minha roupa e sair correndo, pedindo para que o mundo me acolhesse.
"Mas ainda há um medo de consumir arte, as pessoas pensam que tem que entender de arte pra depois comprar. Mal sabem elas que ninguém entende nada"
Virgílio Neto, artista plástico.
"Baby, I got a plan, run away fast as you can" Kanye West

quarta-feira, 23 de maio de 2012

"Dancers among us"


Mais dessas fotos sensacionais aqui:
http://www.dancersamongus.com/photos/Times-Square-NYC-Jeffrey-Smith

terça-feira, 22 de maio de 2012


"Cansada de tudo que começa, hoje eu queria alguma coisa que continuasse" T.B

domingo, 20 de maio de 2012

Hoje eu quero te contar

Senta aqui que hoje eu quero te contar sobre as coisas que eu ainda não vivi. Quero te falar da vontade e do medo que eu tenho de escalar montanhas e te contar da saudade que tenho dos momentos que eu ainda não passei. Quero te contar meus planos. Quero te contar minhas aventuras e te falar sobre a minha falta de visão sobre muitas coisas do mundo. Por outro lado eu quero te contar como eu sou aberta pra vida e como as pessoas me encantam. Quero te contar como minha cabeça é aberta para coisas novas. Quero te contar meus casos de amor e minha opinião sobre relacionamentos. Você nunca soube por que eu nunca te contei, mas eu acredito que todas as pessoas são livres, por mais apaixonadas que estejam. Pra mim, lealdade vai ser sempre mais importante do que fidelidade. Acredito que o verdadeiro amor seja o equilibro entre liberdade e admiração. Eu quero te contar das coisas que eu passei e como eu invento uma nova versão de todas as histórias. Quero ouvir você falando suas besteiras e quero fazer você rir quando eu imitar alguém com aquela minha voz típica. Quero ver você me ouvindo atentamente, como só você sabe fazer. Quero ver pelo seu olho você decodificando minha língua, que às vezes é difícil de entender. E quando você entender, seu olho vai brilhar por você pensar igual a mim. E eu acho que não existe nada melhor no mundo do que ver você se vendo em mim. Eu quero te ensinar as coisas que eu aprendi e saber suas opiniões sobre tudo. Porque desde o dia que você me mostrou seu mundo, eu não consegui mais dormir. De tanta vida que tinha. De tanto amor que eu senti.

E eu quero te contar tudo isso porque agora eu quero que você venha comigo. Eu não quero mais esperar. Agora eu quero andar com você. Quero colecionar visões de mundo, mas quero que você veja tudo junto comigo. Quero te contar meus planos porque você agora está neles. Quero te contar todas as coisas que eu me imaginei fazendo com você. Quero te contar do sonho que eu tive. E quero ouvir você falando que a gente vai fazer tudo isso. Que a gente vai dançar aquela música de novo e que a gente vai conversar na praia sobre como o mar parece ser o final do universo quando tá de noite, naquela escuridão eterna. Quero te contar da sorte que a gente teve de ter se encontrado. Porque a vida é isso. Ela está sempre nos oferecendo uma trinca de as, mas a gente quase nunca vê e raramente dá valor.

Quero te falar que às vezes a gente coloca algumas pessoas em um pedestal e se esquece de que aquele lugar na verdade é nosso. Não que a gente seja mais importante, mas dar a nossa vida para uma pessoa nunca foi uma boa opção. Quero te falar que as pessoas não são iguais e que os relacionamentos nunca serão os mesmos. Quero te falar você não precisa mais ter medo de amar, porque o que aconteceu já passou. E por mais idiota que ela tenha sido com você, ela foi muito importante durante um período. E a imagem dela ficou na sua cabeça por muito tempo, mas foi só porque você deixou. É só porque você quis que ela fosse alguém que agora ela não é mais. Depois que acaba a gente percebe que muita coisa que a gente achava incrivel no outro, na verdade eram coisas que nós mesmos temos. Eu queria abrir seus olhos e mostrar as infinitas possibilidades que a vida oferece e as bilhares de pessoas interessantes e apaixonantes que existem. Queria te falar que ninguém, no fundo, está pronto pra amar, mas que a gente vai aprendendo a medida que abrimos o nosso coração. Esse é o tipo de coisa que a gente aprende junto.

Quero te contar tudo isso pra você entender quem eu sou e pra te mostrar o que mudou em mim. Quero te mostrar o quanto eu amadureci e o quanto a vida tem sido boa. Quero te falar de todo esse tempo que passou, de todas as pessoas que passaram e que você ficou. Você foi o único que ficou até hoje. O único que não sai da minha cabeça independente dos outros caras que apareceram e de todas as reviravoltas que a vida já deu. Você foi ficando e agora eu não me imagino mais sem você. É como se fizesse parte de mim. Pensar em você faz parte da minha rotina, por mais que eu nunca mais tenha te visto. Quero te contar o quão difícil foi admitir pra mim que eu sou apaixonada por você, por mais que eu lutasse contra essa ideia todos os dias. Eu sou apaixonada por você e por todos os espaços que você deixou para que isso acontecesse. Sou apaixonada pela sua ausência e pelas suas frases soltas. Por isso eu quero te contar sobre tudo, mesmo que demore uma vida inteira.

sábado, 19 de maio de 2012

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Queria

Eu queria ir entrando aos poucos nos seus espaços, nos seus intervalos
Queria ir aos poucos me instalando na sua cabeça
Queria descobrir seus sonhos
Queria desmanchar seus medos
Queria te segurar pra não soltar
Queria me agarrar no seu cabelo
Queria ficar presa nas suas pernas
Queria tirar sua roupa
Queria me vestir com sua pele
Queria por um minuto me confundir com você
Queria enlouquecer nos seus braços
Queria gritar no seu ouvido
Queria o seu rascunho
Queria você sem retoques
Queria você.

terça-feira, 15 de maio de 2012

O país da mulher pelada



O Brasil é conhecido como um dos países mais liberais do mundo, onde as mulheres andam sempre muito à vontade com suas pernas e peitos de fora. Seria excelente se fossemos um povo tão bem resolvido assim. Mas não. A verdade é que passamos essa imagem, mas nenhuma mulher sai à rua mostrando o corpo sem ser julgada.

Sinceramente, eu gostaria de entender qual é o problema em mostrar o corpo humano. Não era mais para existir essa ideia de que gente pelada é coisa feia. Principalmente no Brasil, em que no carnaval temos uma mulher linda sambando na TV e usando só tinta para se cobrir. Não acho que isso seja uma forma de vulgarizar a mulher, mas sim de mostrar como tratamos a nudez de forma natural. O justo é tratar gente pelada como uma coisa normal e não como algo ofensivo. Seria muito bonito se fosse verdade e se pudéssemos sair cobertas apenas de tinta em épocas fora do carnaval, mas se usamos uma saia um pouco mais curta, todos os olhares preconceituosos caem sobre nós. Essa é a questão de usarem mulheres peladas na mídia. É lindo na TV, mas na rua é vulgar. Não queremos que a Globeleza pare de dançar pelada, nós só queremos dançar peladas como ela sem sermos taxadas de vadias.

As mulheres têm a liberdade de se vestir como quiserem, mas não existe nada mais recriminatório quanto uma palavra ofensiva. A nudez nem sempre precisa representar algo sexual. Muitas vezes ela é uma forma de se expressar, como a arte. Outras vezes ela não quer dizer nada. As coisas nem sempre precisam ter uma explicação. Não acredito que no “país liberal”, em 2012, ainda temos esse tipo de discussão sobre a nudez ou mulheres que se vestem com “certos tipos de roupas”.

Em outros países já vi várias vezes pessoas andando de biquíni, fazendo top less, peladas e aproveitando o sol sem serem julgadas. Porque as pessoas deveriam andar como elas querem e o corpo é uma parte de nós. Fazer o que? O que é bonito é pra ser visto. Mas infelizmente aqui, no país tropical, onde temos as pessoas das cores mais variadas e bonitas do mundo, vivemos uma cultura em que as pessoas dizem que no inverno “ficamos mais elegantes”. Pra mim, a nossa elegância está na nossa pele. E não existe nada mais bonito do que assumir o corpo que tem e exibi-lo por aí sem ter vergonha dos olhares antiquados, carregados de preconceito.

Sinceramente, espero que a gente cresça mentalmente e não continue discutindo sobre assuntos que deveriam ter sido resolvidos no século passado, ou no mínimo na época da revolução sexual. Espero ainda viver em um país que seja menos machista e repreendedor.

segunda-feira, 14 de maio de 2012


É só olhar pra uma foto sua que todos os meus problemas se dissolvem.

domingo, 13 de maio de 2012

A eletrecidade do palco

Toda vez que eu piso no palco eu sinto meu corpo inteiro se energizar. É como se fosse uma corrente elétrica passando dentro das minhas veias. A sensação é de que eu sou uma lâmpada se acendendo e irradiando luz para todos os lados. E horas depois que acaba o espetáculo eu continuo brilhando. Continuo queimando por dentro, sem sentir dor. Me sentindo viva.

Joker

Um pedacinho do roteiro de Batman - The Dark knight. Tentei selecionar uma frase que fosse a melhor, mas todo esse discurso do Coringa é de calar a boca. Na verdade tudo que ele fala no filme você não sabe se ri de nervoso, se aplaude ou se só abaixa a cabeça. Ele é, sem dúvida, um dos melhores vilões do cinema. E como diz o coringa "It’s not about money, it’s about sending a message.” E ele com certeza conseguiu passar a mensagem que queria. Parabéns Heath Ledger e parabéns roteiristas.


Joker : Hi. You know...I don't want there to be any hard feelings between us, Harvey. When you and...

Dent : Rachel!

Joker : Rachel were being abducted...I was sitting in Gordon's cage. I didn't rig those charges.

Dent : Your men, your plan.

Joker : Do I really look like a guy with a plan? You know what I am? I'm a dog chasing cars. I wouldn't know what to do with one if I caught it. You know? I just do things. The Mob has plans. The cops have plans. Gordon's got plans. You know, they're schemers. Schemers trying to control their little worlds. I'm not a schemer. I try to show the schemers...how pathetic their attempts to control things really are. So when I say... Ah. Come here. When I say that you and your girlfriend was nothing personal...you'll know that I'm telling the truth.

Gordon : I'm gonna need your weapon.

Berg : What? Why? Because my wife’s in the hospital?

Gordon : Yeah, that'd be why.

Joker : It's the schemers that put you where you are. You were a schemer, you had plans...and look where that got you.

Announcer : Police are taking every precaution...urging people not to take matters into their hands.

Joker : I just did what I do best. I took your little plan and I turned it on itself. Look what I did to this city with a few drums of gas and a couple of bullets. Hm? You know what I noticed? Nobody panics when things go "according to plan." Even if the plan is horrifying. If tomorrow I tell the press that, like, a gang banger will get shot...or a truckload of soldiers will be blowing up...nobody panics. Because it's all part of the plan. But when I say that one little old mayor will die...well, then, everyone loses their minds. Introduce a little anarchy...upset the established order...and everything becomes chaos. I'm an agent of chaos. Oh, and you know the thing about chaos? It's fair.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Eu não to falando de amor, to falando de pele.
A vida é a coisa mais legal que eu já vi.

segunda-feira, 7 de maio de 2012


Hoje eu quis gritar bem alto pra ver se você ouvia. Queria gritar o suficiente pra derrubar esse muro e pra minha voz percorrer todos esses quilometros que nos separam. Hoje eu quis gritar por você.



quinta-feira, 3 de maio de 2012

Você não merece um texto

Você não merece um texto, mas eu não consigo ficar sem te escrever. Você fica rondando na minha cabeça em forma de frases e eu quase acho que estou louca, ouvindo vozes. Mas você sempre veio até mim em forma de palavras e de sons, e por mais que eu tampe os ouvidos com meu travesseiro, eu continuo te ouvindo, quase te vendo.

Você aparece, eu finjo que desapareci. Mas continuo lá, te dando todos os indícios de que ainda estou aqui. E eu fico querendo colocar minha cabeça dentro de um buraco, pra nunca mais te ver. Isso tudo porque você não merece um texto. Isso tudo porque você não merece nada. Você não merece nada além de mim. Eu fico me convencendo de que você me merece sem intervalos. Você merece todo esse sentimento que borbulhava aqui dentro. Você merece porque foi você que me fez sentir isso.

Você merece toda a minha intensidade, mas é só porque você é raso. Você merece tudo que arde porque você tem medo de tudo que queima. Você merece tudo que for mais do que você, mas é só porque você não aguenta. Eu realmente espero que uma tempestade caia sobre a sua cabeça e que você se desespere. Profundamente. Só porque você nunca gostou de nada que é profundo. Espero que você aprenda que a vida é como um mergulho. As pessoas entram na água e vão lá no fundo, mas quando o ar acaba elas voltam. E quem nunca mergulhou se afoga na hora de voltar porque se desespera com a falta de ar. Então eu espero que o mundo te mergulhe bem fundo e que você aprenda a voltar pra superfície.

E você não merece um texto porque você entrou na minha vida e foi como se tivessem aberto a janela de um quarto escuro. Eu acordei assustada porque você entrou junto com a luz que me cegou. E eu fiquei dias atordoada sem saber o que estava acontecendo, porque quando eu piscava os olhos eu via você de várias cores na parede branca. Você não merece um texto porque você não participou da minha vida. Você estava lá, mas não estava. Você me fez sofrer por motivos que eu nem sei dizer, porque não deu tempo de você me magoar. Você apareceu umas 3 vezes e isso foi o suficiente pra me deixar maluca, contando os segundos pra te ver de novo. E aquela dia tomando cerveja no capô do seu carro eu não te falei, mas eu fiquei rezando pra que o tempo parasse. Fiquei pedindo para que o dia não amanhecesse porque eu sabia que você ia embora e não ia voltar mais, por mais que você tenha me falado todas aquelas coisas. Eu já sabia do seu medo, das suas angustias e sabia que por mais que você quisesse ficar, você ia embora. Por isso assim que eu vi o céu clareando eu tive vontade de chorar. Porque eu sabia que aquela mesma luz que entrou, estava indo embora. E estava amanhecendo, mas eu vi o sol ir embora. E eu não queria dormir, nem acordar. Só queria ver você terminando de beber aquela cerveja quente. Eu quis te abraçar forte pra ver se você entendia que eu não ia te deixar, como as outras. Eu quis tirar toda angustia que você disfarça sempre fugindo. Mas eu não consegui. Eu não consegui porque a certeza de que você ia embora era muito maior. E por mais que eu quisesse segurar a sua mão e não soltar nunca mais, eu só fui embora, de costas e com os olhos cheios de lágrimas, com medo que você me visse frágil. E você nunca mais voltou, nem eu. E ficamos assim, separados.


terça-feira, 1 de maio de 2012

"Mas eu amo tanto o que faço, que esse amor faz ser possível." Mc Marechal

segunda-feira, 30 de abril de 2012

“Você é tudo isso”, eu disse, numa tentativa de consolo. “Inclusive essa máscara social que você usa para que o mundo não te mastigue.” Eliane Brum

quarta-feira, 25 de abril de 2012

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Eu quis ouvir uma música triste. Mas nenhuma é tão triste quanto a tristeza que eu sinto agora.

terça-feira, 17 de abril de 2012

É que a sua vida parece ser mais legal que a de todo mundo. Você é melhor que todo mundo. E eu queria tanto, tanto fazer parte disso tudo.
http://www.paulopes.com.br/2010/08/temos-medo-de-ser-como-sao-quase-todos.html

Texto sensacional do Luiz Felipe Pondé. Merece lugar especial aqui no Blog.

"A sinceridade pode curar um covarde. Experimente um dia."

segunda-feira, 16 de abril de 2012

A noite

Eu não consigo dormir porque acho a vida essa coisa louca que me faz querer ficar acordada e vivendo mais. Vendo tudo. Criando mais. E eu não consigo dormir porque eu fico pensando em todas as coisas que existem, e nos detalhes e nas palavras que podiam ter sido ditas, mas não foram. Eu queria sair andando pela rua pra ver se eu encontro alguém. Alguém que tenha a cabeça tão agitada quanto a minha e que entenda meus pensamentos. Alguém que esteja disposto a ir. Não quero mais saber de medo. Eu gosto de quem se arrisca. Eu gosto de quem mergulha comigo.

domingo, 15 de abril de 2012

Quando eu entro em contato com teatro eu tenho vontade de sentar no chão e chorar. Tenho vontade de abraçar o mundo todo e agradecer apenas por existir.

domingo, 1 de abril de 2012

Meus mundos

A minha ansiedade é tanta que eu quase não consigo respirar. É que eu tenho sede do mundo. Eu penso muito e fico me contando várias histórias, inventando um mundo diferente de todos. Diferente do real. E eu começo a acreditar nas minhas histórias e piro dentro delas. E eu choro, como vendo um filme. Eu vejo a cena e choro. Porque eu antecipo tudo. Eu espero sempre mais. Eu sei o quanto eu posso dar. E o que eu tenho a oferecer é tanto que quase não cabe em mim. Então eu preciso dividir e ninguém entende nada. Nem eu. Não entendo porque as respostas já foram criadas por mim e quando eu abro os olhos não consigo acreditar na realidade. Eu inventei a minha própria. E inventei tantas que eu me perco. Eu misturo tudo e me perco porque não tem como elas existirem ao mesmo tempo. E a realidade é sempre muito mais simples de compreender do que os personagens que eu crio, do que as imagens que eu invento. A realidade é fácil. Quase chata. E eu complico e multiplico tudo por mil porque eu não sei ser rasa. Eu gosto do complexo, eu gosto do intenso, eu gosto do que é criado. Eu gosto do que arde. E eu sofro em dobro sendo assim, mas eu não me importo porque eu sei que no final vale mais a pena. Eu sinto tudo no fundo. Não existem sentimentos superficiais. Sentimentos não devem ser economizados. E no fundo eu gosto de ser assim. Acho que isso é o que diferencia uma vida medíocre de uma vivida por inteiro. Eu sou uma contadora de histórias, mas da minha própria vida. E eu invento o que eu quiser, eu sou o que eu quiser ser. Estou sempre querendo mais. Não me contento com pouco. Estou sempre me reinventando. Eu acredito que o mundo pode ser mais bonito se for visto por vários ângulos.

"Dinheiro se economiza, mas emoções, sejam de felicidade ou de tristeza, de amor ou de raiva, nunca. Vá sempre fundo – a não ser que você esteja na vida a passeio, o que é uma escolha; uma triste escolha, aliás. Porque todos os sentimentos são nobres – inclusive os piores." Danuza Leão

quinta-feira, 29 de março de 2012

Não é nada. É só saudade

terça-feira, 27 de março de 2012

Por acaso

Acho que se um dia, por acaso, eu te encontrasse na rua, eu ia fingir que eu não te conheço. Porque meu coração ia acelerar tanto que eu não ia conseguir falar nada. Eu sempre consigo disfarçar meu nervosismo falando mais. E tudo bem, porque eu já sou o tipo de pessoa que fala demais. Mas com você eu recuo. Minha vontade era pular no seu pescoço e falar o quanto eu senti sua falta por todo esse tempo. Depois eu ia segurar sua mão e te levar pra algum lugar que só existisse a gente. Eu ia te falar do medo que eu tive de você não aparecer nunca mais e do desespero que eu fiquei quando descobri que não existe ninguém como você. Mas eu não faria nada disso. Eu ia fugir e torcer pra que você não tenha me visto. Ia me esconder. E se sem querer, nossos olhares se encontrassem, eu ia querer viver mais cem anos só pra ver se eu te encontrava de novo. Assim, por acaso.

segunda-feira, 26 de março de 2012

"Sometimes there's so much beauty in the world I feel like I can't take it, like my heart's going to cave in"

segunda-feira, 19 de março de 2012

"O problema é que as mulheres, na realidade, apesar de dizerem que buscam homens mais inteligentes e exigentes, não estão preparadas para isso quando encontram. Não, não basta "trazer uma cerveja e vir pelada". Para além das fantasias da empregada, da enfermeira e da colegial, queremos sutileza e pouca preparação. Mais espontaneidade e menos obviedade. Não acredite na história de que somos gorilas com pouco pelo. As regras da civilização da emancipação feminina fazem a mulher ficar excessivamente desinteressante e interesseira." Luiz Felipe Pondé

Que noite foi essa

Eu acordei com um gosto estranho na boca. Era uma mistura de ferrugem com alguma coisa doce. Eu demorei pra associar isso com a noite de ontem e com o medo que eu senti agora, assim que acordei. Demorei pra perceber que aquilo tudo aconteceu ontem e agora eu olho pro lado e não tem ninguém lá. Você saiu de mansinho, sem avisar, e eu acordei assustada porque eu não esperava que você fosse embora. Eu achava que você ia ficar pro jantar. E até lá a gente ia fazer tudo que você quisesse porque eu gosto de tudo que você gosta. E eu queria te propor umas coisas diferentes, que eu nunca fiz. Porque com você eu tenho vontade de rodar o mundo colecionando experiências. E no fundo a gente nem precisava rodar o mundo mesmo, mas esses mundos que aparecem quando a gente gosta muito de alguém e consegue transformar o lugar comum em paraíso. Eu quero colar tudo no meu álbum imaginário e ter carimbado no meu passaporte alguns lugares inexistentes, que só você pode me levar. Mas agora você foi embora e eu estou aqui sem saber bem o que fazer. Não sei se eu te ligo e imploro pra voltar ou se eu fico aqui com todos os meus medos e minha dor de cabeça que lateja por causa da bebida de ontem.

 E eu começo a relembrar aos poucos tudo que você me falou. E eu fico sem acreditar na noite de ontem. Fico sem acreditar em mim. Fico sem saber se eu gritei alto o suficiente para os vizinhos ouvirem ou sei aquele grito ficou só na minha cabeça, como se minha imaginação gritasse mais alto do que minha própria voz. E eu fiquei com medo de você ter ouvido esse grito que saía de dentro, sem ser de pânico, mas de prazer. E um prazer que não era apenas físico, mas que eu senti na alma. E eu fiquei pensando se a musica que eu ouvia estava tocando mesmo ou eu que a inventei. Eu queria que você estivesse do meu lado agora pra me responder tudo isso. Porque eu estava em um estado tão fora de mim, que estou com medo da noite passada só ter acontecido na minha cabeça. Geralmente essas noites só existem nas histórias que eu conto. Eu queria poder contar pra alguém a importância dessa noite, mas ninguém vai conseguir entender porque as pessoas não têm a capacidade de entender nada do que eu sinto. Porque eu potencializo tudo e me chamam de maluca por eu amar tanto e ao mesmo fugir tanto do amor. E eu tento me convencer de que na verdade todo mundo é assim e que isso é normal. Começo a achar que todas as pessoas são, no fundo, iguais. Com os mesmos medos e vontades. O problema é que algumas pessoas ignoram, passam reto e fecham os olhos pra vida. Eu não. Eu estou sempre de olhos bem abertos, vendo tudo, ou vendo alem das coisas. E eu percebo que nem sempre as coisas precisam ter um sentido. Nem tudo tem uma resposta exata. E às vezes eu pareço desinteressada, mas a verdade é que eu me interesso tanto por tudo que eu não consigo me focar. Eu penso e mudo de ideia tão rápido que muitas vezes eu não consigo digerir tudo que eu vi e ouvi.

E eu queria que você entendesse tudo isso sem eu precisar te contar. Eu tenho medo que você não entenda e ache outras coisas, que as outras pessoas sempre acham. Porque ninguém entende nada que mistura alma e corpo. Elas só entendem quando essas duas coisas estão separadas, e eu acho uma pena. Agora eu vou ficar aqui me perguntando sobre todas essas coisas e sem achar uma resposta. Você tinha que estar aqui pra me fazer mais perguntas e me deixar mais cheia de dúvidas sobre a vida e sobre todas as coisas que eu tinha certeza. Mas você foi embora e agora eu estou aqui ainda com esse gosto ruim na boca e com a minha cabeça latejando e tudo que eu quero é conseguir dormir, pra ver se eu consigo esquecer.
"Você vai me olhar de novo e vai se perguntar como nunca me viu antes"
Natália Moreira

domingo, 18 de março de 2012

Sol e violão

Eu acordei com um som vindo de longe. E eu comecei a misturar sonho com realidade dentro da minha cabeça. Eu não sabia se eu ainda estava sonhando ou se aquilo tudo era verdadeiro. Se fosse sonho eu não queria acordar nunca mais. Aos poucos o som do violão foi ficando cada vez mais alto. E eu comecei a ouvir o som da sua voz bem baixinha, cantando Skinny Love. E eu nunca tinha te falado que morria de vontade de acordar com essa música. Eu comecei a sentir o sol esquentando uma parte da minha perna que estava descoberta, em cima do lençol branco. E só a partir disso que eu percebi que eu não estava mais sonhando.

E quando eu abri os olhos eu quis que o tempo parasse. Você estava sério, pensando e cantando baixinho. Então eu fiquei por uns tempos sem falar nada, fazendo de tudo pra você não perceber que eu estava acordada, te olhando. E eu tenho muito medo, porque toda vez que eu te olho, parece que você consegue ler meus pensamentos. E eu não quero que você descubra que eu sou louca por você. Não quero que você descubra que ao mesmo tempo em que eu quero desviar o olhar, eu quero entrar em você e entender cada sinapse que acontece na sua cabeça. Queria saber a raiz de todos os seus pensamentos. Eu não quero que você saiba nada disso porque eu tenho muito medo que você vá embora, igual todos os caras que tinham certeza que eu estava apaixonada. Mas você não tem nada a ver com eles. Você é mais do que todos eles juntos e você fez todo o meu passado desaparecer.

Depois você olhou pra mim. É engraçado, mas a gente sempre sabe quando a outra pessoa acordou, mesmo sem precisar olhar diretamente pra ela. Então você sorriu e continuou cantando mais alto. E tudo que eu queria era empurrar aquele violão, me agarrar no seu cabelo e te puxar pra muito, muito perto.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Não se preocupe. Tudo que voce sentir é apenas humano.

Imaginário

Eu prefiro um amor inventado. Desses que a gente não precisa se preocupar se vai acabar ou não. A gente só sabe que ele vai permanecer ali, intocável. Porque tudo que é ilusório é mais perfeito. Não teve tempo nem espaço para ser destruído. Então eu te peço pra que não venha nunca. Que você fique aí onde está. E eu quero continuar aqui, imaginando que você é todas essas coisas que ninguém mais consegue ser. Essa é a minha fuga. Pra que eu nunca, nunca mais perca a cabeça por ninguém. E mesmo agora que existe alguém real, eu continuo voltando pra você. Volto pensando que você é quem foi feito pra mim. Volto pensando que eu ainda estou te esperando e que talvez eu fique assim pra sempre, mesmo que a gente não se veja por um milhão de anos.Mas no fundo isso é tudo mentira. Na verdade você é meu escudo e ninguém vai conseguir te barrar nunca, porque você está dentro da minha cabeça. E ninguém real, por mais incrível que seja, consegue barrar um personagem. E eu te criei pra ser a minha defesa. Você disfarça o meu sofrimento e meu medo de cair, mas superficialmente. E depois eu nem sei mais se eu quero você. Eu quero só a sua imagem. Sempre te pedi pra que viesse, mas agora eu peço que você fique onde está. Ou até que você fique por aqui na minha cabeça, me protegendo. Eu sempre fui a louca que gosta de se apaixonar, que mergulha de cabeça e vai fundo, sem pensar no depois. Mas eu só faço isso com os amores inventados. Quando vira real eu recuo. Ou melhor, quando é verdadeiro eu mergulho tão fundo que eu perco o ar. Eu quero voltar pra superficie, mas ao mesmo tempo quero fica lá embaixo pra sempre. Eu sinto vontade de voltar pra casa e ficar sozinha, junto com todas as minhas inseguranças em relação aos outros que fingem tudo, menos amor. E todas essas inseguranças me deixam mais segura do que a certeza de estar apaixonada de verdade. É que eu fico desnorteada quando as coisas começam a dar certo. Eu estou tão acostumada com o errado, que começo a achar tudo ao contrário. E eu fico sem saber o que fazer, porque só sei agir quando as coisas estão meio tortas. Eu já sei o caminho. É mais fácil seguir. O amor é imprevisível. A gente nunca sabe se está dando um passo em falso. Nunca sabe se o abismo está logo ali e dá sempre um frio na barriga. Mas uma coisa eu sei: o caminho é o mais bonito de todos. E se por acaso eu cair, eu levanto. No fundo eu acho que essa é a única certeza que a gente precisa ter. A gente ama, levanta e segue em frente.

"É fácil compreender o desamor. O amor, não. O amor é um enigma."

terça-feira, 6 de março de 2012

"O mais importante e bonito do mundo é isto, que as pessoas não são sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando, afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou...”

Trecho de Grande Sertão, escrito por Guimarães Rosa
vamos ser menos contidos e mais divertidos.
e como diz caetano: sem grilos em mim, sem desespero, sem tédio, sem fim.

domingo, 4 de março de 2012

'Fui um homem que quis ser amado com meu coração e para ele e todas as mulheres me deram as costas porque elas só compreendem o amor sensual e a partir do momento em que tentamos dar-lhes a alma, elas não o querem e o tomam por um tolo e um idiota'
Antonin Artaud

quinta-feira, 1 de março de 2012

"Acho que todos nós ganharíamos – “héteros, gays, bissexuais, transgêneros, travestis, transexuais, assexuais etc etc” – se abolíssemos a necessidade de caber em algum verbete. Seres humanos não são como aqueles jogos de montar para crianças pequenas, em que é preciso encaixar o retângulo no retângulo, o triângulo no triângulo e assim por diante. A única definição que vale a pena é justamente a indefinição. Sou aquele/a que é sem se dizer. Ou sou aquele/a que é sem precisar dizer o que é."

Eliane Brum, voce é minha heroína.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

No fundo

Eu tenho vontade de te vomitar inteiro porque você pesa no meu estomago. Mas ao mesmo tempo eu tenho vontade de te deixar dentro de mim pela eternidade porque é a única forma de estancar essa luz que sai de dentro do meu peito e parece que se espalha pelo mundo inteiro, me cegando. De repente eu não enxergo mais nada além de um palmo na minha frente e eu sinto uma vontade imensa de ver o mundo de novo. Mas ao mesmo tempo essa luz me aquece e me traz segurança. E enquanto você estiver aqui cuidando de mim eu me sinto imortal. Eu nunca tive tanto medo de deixar de ser eu. Tenho medo de aos poucos me transformar em você. E eu tento me lembrar do quanto eu era feliz comigo antes de você chegar, porque eu tenho medo de que se você for embora eu me esqueça de que isso é possível. Porque você é diferente de todo mundo que eu já conheci e quero que você fique aqui comigo, sem falar nada. Só tentando fazer com que os nossos corpos se transformem em um só. E eu sinto medo de novo. Medo de me condensar nessa ilusão na qual eu mergulhei sem levar boias. Tenho medo que você se afogue e não consiga me salvar. Eu que sempre soube nadar sozinha e quase atravessei o atlântico, agora estou perdendo o folego, porque você está comigo. E é um sentimento muito bom porque eu sei que você está me segurando, mas ao mesmo tempo tenho muito medo de afundar. Mas o pior é que eu tenho muito mais medo de deixar você afundar. Porque você é mais frágil do que eu e no meio dessa confusão, às vezes eu me perco um pouco e dou a louca. Do nada eu acho que eu sou uma garça e começo a voar pelo mundo.

Cidade sangue quente, maravilha mutante

Dessa vez vou ser uma parte de você. Dessa vez você será a minha casa. Vou pertencer a essa cidade maravilhosa que me espera como o Cristo, de braços abertos.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

"As pessoas são simples. Os encontros delas que são complicados"
Não estou fazendo nada errado, só estou tentando deixar as coisas um pouco mais bonitas. — Caio Fernando Abreu.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Se você viesse

Eu juro que se você viesse comigo eu ia fazer de tudo pra fazer voce sorrir. Eu não ia te garantir felicidade, porque felicidade é uma coisa que vem de dentro da gente. Não de fora. Não do outro. Mas eu ia fazer voce rir muito. E eu ia te chamar pra tomar uma cerveja num domingo à tarde na beira da praia. E a gente ia ficar falando mal dos outros que estão passando. Eu ia ficar bebada com a terceira latinha e é claro que um pouco embriagada por causa da sua beleza. Daí eu ia querer entrar no mar, bem daquele meu jeito quando eu fico bebada, e ia sair correndo esperando que voce fosse atrás.E voce ia. E eu ia te jurar amor eterno, mesmo sabendo que essas coisas não existem.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Gavetas

Queria separar meus pensamentos em gavetinhas. Daí eu ia te colocar no fundo da última gaveta. Aquela que ninguém mexe, muito menos eu. Aquela que a gente se esquece do que deixou lá dentro. Depois de muito tempo eu ia resolver fazer uma limpa e tirar tudo de lá. E ao me deparar com você eu ia pensar que voce já não me serve mais. Que eu já posso te jogar fora. E assim você ia embora da minha cabeça. De vez.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

'É o seguinte. Um autor escreve bem. O que vem depois já leu o que ele escreveu. Então fica tudo parecido. E assim tem acontecido com tudo. Não tem mais aquela sensação de here is a new thing. É isso que está faltando no mundo. A new thing pra valer a pena.'
'Quem precisa expressar constantemente o próprio valor transmite insegurança.É melhor construir em silêncio.' Allan Percy
'Gritos são coisas que não viram palavras, palavras que não podem ser ditas'

Do livro Uma Duas, escrito por Eliane Brum.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012


A vida vale a pena sempre.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012



"Você soltará minha mão não por não querer segurá-la, mas por falta de encaixe."
Natália Moreira

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Fluxus, o avesso da arte



"A coisa mais importante sobre Fluxus é que ninguém sabe o que ele é" Robert Watts

Encontrei essa matéria no Correio braziliense de 1998, e apesar de antiga, é sensacional. O fluxus é um movimento artístico diferente de tudo que já foi feito e é por isso que eu me identifiquei tanto com ele. Fiz um trabalho sobre isso e me apaixonei pela proposta. Ele desmistifica o conceito de arte e faz com que o público "seja" a arte, por estar tão envolvido com ela e principalmente por ficar perdido no "não ser". A ideia de desconstrução de qualquer coisa me parece muito sensata porque é destruir os muros das certezas criadas por nós. Nada é definitivo.

*TEXTO ORIGINALMENTE PUBLICADO NO 'CORREIO BRAZILIENSE' - 30 ago. / 1998.

O movimento Fluxus, do qual Yoko Ono foi uma das fundadoras, surgiu em Nova York, na década de 60, e em seguida conquistou adeptos também na Europa e no Japão. A série de performances organizadas por George Maciunas em sua AG Gallery de Madison Avenue, em Manhattan (1961), é considerada o marco inicial desse movimento que viria a influenciar o desenvolvimento da vanguarda artística por mais de 30 anos.
Ainda sob os influxos do modernismo, seguindo o caminho aberto por Marcel Duchamp e seu 'ready-made', os integrantes do Fluxus se inserem na linhagem da arte conceitual, ao propor que a arte supere as meras formulações estéticas, assumindo também o seu papel ético. Para isso, é necessário que artista e principalmente a obra estabeleçam um diálogo com espectador, deixando de lado a exigência do tradicional distanciamento entre os participantes da experiência artística.
A arte deveria, então, se aproximar do público e da vida cotidiana, extraindo conceitos da filosofia, da sociologia, das ciências ou de qualquer outra matéria extra-artística, para expressar uma crítica social e política.
No plano da linguagem, essa inspiração conceitual se manifesta na incorporação de todos os meios de expressão, artísticos e não-artísticos, em uma concepção multimídia. Música, vídeo, película, poesia, objetos, quadros, fotografias, publicidade, tudo se mistura em um jogo permanente de combinação e fusão, no qual o mais importante não é o resultado estético, mas a idéia e o gesto engajado que resultou dela. Daí, a defesa dos integrantes do Fluxo do ato performático, que presentifica e dá vida a um conceito, obrigando o espectador a se envolver com a situação.
Como Duchamp, os integrantes do Fluxus batem de frente com o princípio de arte como instituição, imortalizada e petrificada em museus. Para eles, a arte não é apenas um processo e uma técnica que desvincula um objeto da realidade cotidiana, alçando-o, pela criação estética, a um plano quase sagrado. O que buscam, na verdade, é a "antiarte", uma "atitude", mesmo que a manifestação estética dessa atitude seja efêmera. Desmistificando a sacralidade da arte, os artistas do Fluxus pretendiam desmistificar a sociedade.
Com isso, mais do que um movimento, o Fluxus marcou uma sensibilidade, um posicionamento diante do mundo, um modo de fundir posturas sociais e políticas radicais com a criação artística.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Por favor,faça com que eu pare de ter pensamentos mirabolantes ou inventar histórias a partir de uma simples coisa. só pra eu poder dormir. por favor.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A vida é mesmo muito boa.

O tal do livre arbítrio

"(...)Penso que a melhor forma de tornar nossas escolhas mais nossas é também a mais difícil: duvidar o tempo todo de nossas certezas. Duvidar de nossos porquês mais óbvios. De nossa rotina estabelecida, de nossos velhos hábitos, de afirmações como “eu sou assim” ou “fulano nunca vai mudar”. Duvidar de que a vida tenha de ser de uma determinada maneira ou de outra. Duvidar de nossas crenças mais profundas, duvidar de nossas necessidades de consumo. Duvidar de que não exista um outro jeito de viver nem um outro mundo melhor que este a ser construído. Duvidar de gente que diz que está fazendo algo para o nosso bem. E mais ainda se essas pessoas estão em lugar de poder. Duvidar quando a gente diz que está fazendo algo para o bem do outro. Assim como a liberdade, o bem não tem respostas óbvias.

Duvidar não é um exercício fácil. É um ato de resistência internamente tão exaustivo – e tão perigoso – quanto atravessar o Atlântico num barco a remo. Escolher duvidar como caminho para alargar nosso estreito espaço de liberdade é uma boa meta para 2012. Só os escravos de espírito têm certezas de concreto armado. Quem anseia pela liberdade, ainda que imperfeita, escolhe tornar-se um colecionador de dúvidas.(...)"

Eliane Brum.

Texto na íntegra: http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2012/01/o-que-aprendi-com-o-pior-jornalista-do-mundo.html