quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O tal do livre arbítrio

"(...)Penso que a melhor forma de tornar nossas escolhas mais nossas é também a mais difícil: duvidar o tempo todo de nossas certezas. Duvidar de nossos porquês mais óbvios. De nossa rotina estabelecida, de nossos velhos hábitos, de afirmações como “eu sou assim” ou “fulano nunca vai mudar”. Duvidar de que a vida tenha de ser de uma determinada maneira ou de outra. Duvidar de nossas crenças mais profundas, duvidar de nossas necessidades de consumo. Duvidar de que não exista um outro jeito de viver nem um outro mundo melhor que este a ser construído. Duvidar de gente que diz que está fazendo algo para o nosso bem. E mais ainda se essas pessoas estão em lugar de poder. Duvidar quando a gente diz que está fazendo algo para o bem do outro. Assim como a liberdade, o bem não tem respostas óbvias.

Duvidar não é um exercício fácil. É um ato de resistência internamente tão exaustivo – e tão perigoso – quanto atravessar o Atlântico num barco a remo. Escolher duvidar como caminho para alargar nosso estreito espaço de liberdade é uma boa meta para 2012. Só os escravos de espírito têm certezas de concreto armado. Quem anseia pela liberdade, ainda que imperfeita, escolhe tornar-se um colecionador de dúvidas.(...)"

Eliane Brum.

Texto na íntegra: http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2012/01/o-que-aprendi-com-o-pior-jornalista-do-mundo.html

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