sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Ao panetone

Esperei por quase 10 meses a sua chegada. A cada ano, quando vai chegando outubro ou novembro eu já fico ansiosa para te ver por aí. Fico atenta quando passam os comerciais na TV e quando vou ao supermercado quase desmaio quando vejo uma montanha de você. Afinal, está chegando o natal. O espírito do natal está em você, e isso é o que há de mais importante. Quando chego com as compras em casa, só penso em abrir você. Talvez seja um dos momentos mais especiais da minha vida, um momento sagrado. Acho que deveria se chamar pré-natal a abertura do primeiro Panetone. Aquela magia de sentir o seu gosto de novo deveria ser registrada. Depois de esperar por tanto tempo a sua chegada, você continua o mesmo de sempre. Às vezes mais caro, às vezes mais barato, m as o que importa é o seu gosto. Talvez seja por isso que logo após o ano novo você saia das prateleiras, para dar esse ar de mistério. Você mede todos os seus passos. Não deixa ninguém enjoar de você e faz todos te esperarem com água na boca. Eu gostaria de ser assim também, sabia? Aprendo muitas coisas com você. Só há uma coisa que eu não tolero em você, porque afinal de contas ninguém é perfeito. ODEIO as suas milhares de calorias. Realmente detesto. Confesso que quando estou com você, não penso mais em nada e as calorias não absolutamente nada perto do seu gosto maravilhoso, mas quando você vai embora eu percebo o mal que você me fez. O bom é que na minha primeira lista de coisas para fazer no outro ano é começar uma dieta e malhar bastante, e eu acabo ficando com um corpinho melhor. Eu sei que nada vai adiantar. Por mais que você me faça mal, eu sei que no outro ano vou te esperar com a mesma expectativa. Porque eu sei também da alegria que você me proporciona. Você me lembra a minha infância, o meu passado, o meu presente e me da esperança para o futuro. Sei que posso contar com você todos os anos e sei que você só está na minha vida para me lembrar do espírito do natal que é parecidíssimo com você. Passo o ano todo esperando por ele e quando ele chega, eu tenho um sentimento muito agradável. Uma coisa que só o natal me faz sentir. Sinto-me mais forte e parece que as pessoas nas ruas ficam mais alegres e simpáticas. Todas parecem sentir a mesma coisa. Mesmo quem “odeia” natal, sente uma felicidade quando ele se aproxima e mesmo quem “odeia” você sente uma coisa boa quando te vê na prateleira do supermercado, pode apostar. Por isso que eu digo que você tem o espírito do natal disfarçado de você. Ah, na verdade eu acho que você também deveria se chamar NATAL. Beijo de quem te adora muito e ama ter você por perto.
Ao Panetone.

domingo, 12 de outubro de 2008

para mim

Eu não sei quem sou pois sou vários ‘eus’ em uma só eu. Posso ser de um jeito ou de outro. Posso me inventar ou me reinventar. Não posso ser quem eu quiser mas posso fingir ser quem eu quero ser, e isso às vezes me confunde. Tem horas que não sei se sou quem sou ou se sou quem eu quero ser. Tem horas que eu não sei qual eu que está atuando. Por isso eu acho tão difícil falar de mim, porque eu só sei falar de ‘mins’ e eu nem sei quantos ‘eus’ existem em mim. Muitas vezes fica difícil administrar todos eles, sem saber a hora certa de ser cada um e acabo me perdendo. Acho que todos são várias pessoas porque todos nós somos um pouco de tudo, um pouco do mundo. Há pessoas que não aceitam ou não acreditam que são várias, e pode ser mesmo que essas pessoas sejam uma só. Mas eu acredito que deve ser muito chato viver assim sozinho em si, sozinho por dentro. Por isso eu “prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.”
Para mim, ou algum "eu" em mim.