segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

"Sempre fui um aficionado pelas artes e artimanhas do ato de escrever. Sou daqueles que consideram toda frase um parto – o que não implica, necessariamente, sofrimento. Tudo começa com o intruso espermatozoide que se instala em nosso cérebro e passa a acionar a sinapse daquela ideia, que ali permanece e recusa a se apagar, insiste diariamente em ser transformada em “mensagem para os outros”: texto."

Fernando Paixão

Exatamente assim.

sábado, 3 de dezembro de 2011

O teu amor é uma mentira
Que a minha vaidade quer
E o meu, poesia de cego
Você não pode ver

Não pode ver que no meu mundo
Um troço qualquer morreu
Num corte lento e profundo
Entre você e eu

Te ver não é mais tão bacana
Quanto a semana passada
Você nem arrumou a cama
Parece que fugiu de casa

Mas ficou tudo fora de lugar
Café sem açúcar, dança sem par
Você podia ao menos me contar
Uma história romântica

Cazuza, você canta tudo que eu quero falar.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

"Mas como seria bom se o mundo fosse simples assim, preto no branco, amigos e inimigos, bons e maus. Não é. Na maior parte do tempo é cinza e confuso."

Pondé
Eu acho que a gente quer viver muito. Sentir muito. Essa é a diferença. Essa urgência da vida.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

"(...)And yet, it took me a whole lifetime to realize that not everybody is the same and that people do only what they can, give only what they've got. And that it is precious. And I'm afraid that in my shortsightedness I didn't see others as they are but as I thought they should be. I saw love as my salvation. Love was my religion. I suppose everybody has a need to imagine their own god."

Parte da carta de Frida Kahlo para seu marido, Diego Rivera.
Do Livro Frida's Bed.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

se a coisa nao te faz feliz, abandona

Pra quem já foi

Essa é uma carta pra ninguém. Poderia até ser, mas se fosse pra quem que deveria ser, essa carta simplesmente não precisaria existir. Eu nem precisaria ter começado a escrevê-la porque ela nunca teria se passado pela minha cabeça. E eu preferia que ela nunca tivesse sido pensada por mim. Gostaria que ela não existisse porque você ainda estaria aqui.

Assisti a uma peça outro dia. Lembro que essa história toda de teatro sempre foi um dos meus maiores sonhos, mas eu tinha escondido ele lá no fundo. Daí você um dia tirou esse sonho da gaveta e disse “se você quer ser uma atriz seja uma atriz”. Foi nesse mesmo dia que eu acordei pra vida e tudo aquilo que me fazia medo começou a desaparecer aos poucos. Você me salvou. E eu não consegui fazer o mesmo por você. Não que seja minha culpa, mas essa sensação de inconformismo e de impotência que me domina dá vontade de chorar. Mas não é só por isso. É mais porque eu sinto saudade. Muita. Muita saudade.

E o que me mata é não saber onde você está agora. Não saber se você está bem. Nem sei se existe céu. Se existir tomara que você esteja lá agora, junto com seus familiares e amigos. Não queria que você estivesse naquele paraíso chato que eu vi no filme do Chico Xavier. Não quero que você seja um espírito que ainda está vagando por um mundo que não te pertence mais. Nem pensei no inferno. Nem pensei porque acho essa ideia absurda. Quem julga se alguém deve ir pro inferno ou pro céu? Deus? E quem é Deus? Como ele sabe que as ações de alguém são boas ou ruins? Quem decidiu o que é bom ou ruim? Deus ou os homens? E se você não estiver em lugar nenhum? E se a morte for o fim do corpo junto com a alma? Não gosto de pensar nada disso. Nessas horas, não ter uma religião definida me mata. Queria ser daquelas pessoas que têm certeza de pra onde vão quando morrem. Mas ao mesmo tempo não, porque eu estaria me enganando e eu odeio a ideia de fechar os olhos pra qualquer coisa. O bom é que eu acredito em alguma coisa. Acredito em uma força superior, acredito na força da natureza, acredito em Deus, mas o meu Deus não tem nada a ver com perfeição ou a resposta de tudo. E eu rezo pedindo pra que você fique bem. Espero que você seja algo de luz. Porque você era um ser humano de luz. Muita luz. Você irradiava. E por isso quando eu te vi deitado naquele caixão, tive certeza de que não era você. Não tinha luz, não tinha brilho. Não tinha nada, nem a sua aparência física. Não era você. Eu estava ali no enterro de outra pessoa e sabia que você apareceria lá a qualquer momento pigarreando, como você sempre fazia, tocando nas minhas costas e falando “é, é a vida né?” e depois daria o seu sorriso de carioca esperto que você sempre dava.

Mas voltando à história da peça... (escrever é quase a mesma coisa que pensar. O pensamento vai indo, indo, indo e daqui a pouco a gente esquece qual é a raiz daquele pensamento porque uma coisa leva a outra). O texto era sensacional e por acaso falava sobre varias coisas que estavam se passando na minha vida naquele momento. E era como se me abrissem ao meio, me virando do avesso. E eu fiquei vulnerável. Eram como se aquelas palavras ditas fossem minhas e elas estivessem soltas no ar, no alcance de qualquer um. Quando o personagem começou a falar sobre o dia que o pai dele morreu, não tive dúvidas: ia chorar. Então prendi o choro. Logo eu que adoro me acabar em lágrimas pra expulsar todo o sentimento. Logo eu que sou totalmente contra segurar o choro, principalmente se ele vier da sensibilidade artística. Mas eu resolvi prender porque se eu começasse a chorar, talvez não parasse nunca. Talvez eu estragasse a minha noite e não conseguisse terminar de fazer a maquiagem. Eu sabia que eu só pararia no dia seguinte, quando eu acordasse com os olhos inchados.

E o personagem descrevia exatamente o que eu senti quando você morreu. A gente saia nas ruas e estava tudo igual. O céu continuava da mesma cor, as pessoas passavam rindo da mesma forma, os pássaros não pararam de cantar. Estava tudo igual. E a gente achava que quando as pessoas importantes morriam o mundo parava. Ou a gente pensava que elas nunca iam morrer, porque temos essa mania estúpida de eternizar tudo, mesmo sabendo que nada é eterno. E estava tudo igual, fora o oco que se encontrava no meu peito. E eu tentava gritar para que ele se preenchesse de alguma forma. Mas nada. Nada adiantava. É um vazio que parece queimar, mas ao mesmo tempo é gelado. Sabe aquela bola que você sente descendo no seu estomago quando está preocupado? É essa sensação só que a bola para na boca do estomago e parece que congela. É a confirmação desse sentimento de preocupação. Parece que enquanto ela congela, faz esfriar o seu corpo todo, querendo parar o seu coração também. E você tem vontade de que isso aconteça. Você tem vontade de morrer também. E se eu não tivesse alguém pra me segurar na hora que essa bola se congelou, talvez eu tivesse caído no chão, implorando pra que ele me sugasse. Eu ia ficar lá chorando por dias, sem entender nada da vida, porque quando essas coisas acontecem concluímos que não sabemos nada de nada. E dá vontade de ficar chorando, deitado ali no chão gelado. Mas a gente precisa de pessoas que nos segurem e façam com que a gente ande. É preciso que nos mostrem que a vida continua. É preciso ir andando e chorando, mas andando. Uma hora o choro tem que parar. Ninguém vive pra sempre. Ninguém sofre pra sempre. E um abraço é tudo que diminui um pouco essa dor, porque parece que preenche o buraco que fica. E eu fiquei com muito medo de olhar para baixo e ver que havia um buraco na minha barriga. Sem metáforas, eu realmente achava que tinha.

E a gente tem que passar por isso. Todo mundo passa. E eu que sempre achei que sabia lidar bem com as coisas da vida, que tenho uma cabeça aberta, que adoro me relacionar com as pessoas, percebi que não sei nada de nada. Que não sei lidar com essa situação. Que eu não aceitei nada disso. E vida continua, claro. Mas são nesses momentos que vemos que somos nada. Somos um grão de areia no meio da praia. E são nessas horas que vemos que as coisas materiais não têm nada a ver com a vida da gente. São só acessórios. A vida vale mais que isso. A vida vale mais do que qualquer coisa. E tem gente querendo passar a vida em branco, com muitos acessórios e pouco conhecimento, pouca emoção, pouco amor. Agora eu entendo quem são os pobres de verdade. Pobre de dentro pra fora. Porque tudo que nasce vai de dentro pra fora e tudo que morre vai da vida pra onde eu não sei.

E o mais estranho é que ninguém admite que você pare para pensar. O tempo que você tem para fazer isso é durante o enterro e pronto. Depois você já tem que voltar ao trabalho, já tem mil coisas pra entregar e não tem tempo pra pensar no que significa isso. Não dá tempo de assimilar tudo. Fora documentos pra entregar, para achar e contas a pagar. Você implora para que o mundo te dê um instante para dar o ultimo soluço. Pede que a terra pare de girar pra você chorar durante uma hora sem parar, sem ser durante a madrugada, quando você terá que acordar daqui a pouco. Você só quer um instante para pensar o que é realmente essa história de morte, pra aprender a lidar com essa dor que parece infinita.

Cheguei em casa e resolvi assisti um dos meus filmes preferidos, que foi o que mais que reconfortou até agora. O filme é “Big Fish”. Se todo mundo vê a vida como quer, e porque não ver a morte como a gente quer também? Porque não criar uma história para a morte? Quando a gente acredita nas nossas historias, elas se tornam realidade. E o cara do filme se transformou no que ele sempre quis ser, um peixe grande no rio. E fora toda essa coisa de religião, acho que a gente deveria virar tudo que a gente sempre quis ser quando morremos. Para realmente descansarmos em paz. E isso sim é o que mais faz sentido. Por isso eu criei uma história para tentar explicar a sua partida. E então você virou “a real big fish”, voltando pra onde você pertence. Só que na historia que eu criei você não virou um peixe. Você só se transformou naquilo que eu sempre achei que você fosse. Alguém que me protege, como você sempre fez, alguém que me segura sempre que eu caio, alguém que transforma meus sonhos em realidade. Que era meu pai, meu avô, meu tudo. Você virou meu anjo da guarda.

"A man tells his stories so many times that he becomes the stories. They live on after him. And in that way, he becomes immortal."

Do filme Big Fish.

Carta para além do muro*

"Olha, estou escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem sempre que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa. Hoje eu achei que ia conseguir, que ia conseguir dizer, quero dizer, dizer tudo aquilo que escondo desde a primeira vez que vi você, não me lembro quando, não lembro onde.(...)"
Caio Fernando Abreu*



Esse é o começo de uma carta para além do muro. Existem várias cartas para além do muro escritas por ele. Várias escritas por mim, várias escritas por todo mundo. Mas a maioria delas nunca foi para além dos muros.Nunca foram para quem elas pertencem. Ficaram presas com a gente. Presas de nós mesmos.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

god moves in a mysterious way...

domingo, 27 de novembro de 2011

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

De um cara qualquer para Tati Bernardi

Da última vez que nos vimos você ficou me olhando daquele jeito que me deixa meio sem graça. Ficou me encarando como se soubesse exatamente o que eu estava pensando. E eu não queria ir embora, mas fui. Fui embora por um milhão de motivos que eu não entendia, ou queria não entender. Fui embora com medo de ter que te falar tudo isso e perceber que sou um covarde. Mas agora já é tarde demais. Nem sei como vou te entregar essa carta. Não sei se vou te mandar pelo correio, não sei se vou até a sua casa e coloco embaixo da porta. Tenho medo de te encontrar. Ou melhor, tenho medo de te encontrar com outra pessoa. E eu nem sei por que, afinal a gente nunca teve nada além de algumas tardes agradáveis e algumas horas de amor intenso. Eu sabia que você era assim. Eu achava que você me queria mais do que qualquer outra coisa enquanto estávamos juntos, mas eu fui embora.
E só agora, depois de sete meses sem te ver, criei coragem para falar o motivo da minha partida silenciosa. Eu sabia. Sempre soube. Mas eu não podia correr o risco de arrancarem meu coração do peito de novo. Pensava que eu não ia aguentar mais uma perda. Não sei lidar com esse tipo de coisa que desaparece. E estando do outro lado, agora eu entendo realmente o que Fernanda Young quis dizer, em uma de suas cartas, com a frase "pessoas que somem não são confiáveis". Não são mesmo. São tão covardes que não conseguem admitir para eles mesmos o que sentem. Sei que você não é igual a quem me deixou assim. Sei que você é a última pessoa do mundo que eu deveria temer, mas ao me deparar com a sua personalidade, fui fraco. Então antes de você pensar em ir embora, eu já tinha ido. Eu esqueci que as pessoas não são iguais e que os relacionamentos não são iguais, porque todo mundo muda. E em pouco tempo que te conheci, você mudou a minha cabeça.
Durante uma conversa  que a gente teve, eu consegui ver a vida de outro ângulo. E eu fiquei encantado por tudo que você fazia desde aquele instante. Então eu fui embora.  E agora, no final das contas eu nem sei se te conquistei. Nem sei se eu te decepcionei e nem sei se você se importou muito com o fato de eu ter ido embora. Você nunca mais me procurou. E durante esse tempo todo eu me envolvi superficialmente com outras pessoas. Fiquei um tempo com uma menina, mas ela não me fazia rir como você fazia, não me contava história malucas e não me deixava tonto por acordar ao lado dela no outro dia, só porque a noite tinha sido de tirar o fôlego. Você era apaixonada por mim e por todos os meus detalhes. Mas eu nunca tinha percebido que você é desse jeito. Você é apaixonada pela vida e por todas as coisas que existem ao seu redor. Você consegue ver tudo de outro jeito, diferente de todas as pessoas, que estão sempre se preocupando com coisas pequenas, se aborrecendo com coisas pequenas, e falando sobre coisas banais. E qualquer pessoa que passar mais de um minuto com você, já vai achar que você está completamente apaixonada. E eu nunca soube ser assim. Nunca encontrei essa excentricidade em ninguém. Você é alguém que eu achava que estava faltando no mundo, pra convencer as pessoas de que a vida é mais do que isso. Você me mudou e agora eu tento ver através das coisas.
Tento não olhar pra alguém superficialmente. Tento não olhar para nada tendo a certeza de que aquilo é plano, porque as coisas raramente são. E eu que te critiquei por ser tão profunda, por querer me engolir enquanto me olhava, sempre tentado me decifrar. Te critiquei quando você me fez um milhão de perguntas bestas, sentada só de calcinha na janela. E eu ficava me perguntando o que você queria saber. Onde você queria chegar. Mas você só queria saber de mim, saber o que eu penso sobre as coisas. E eu nem vi nada disso... Eu só sabia que no fundo, eu queria eternizar aquele momento, como num quadro.
E agora não sei qual vai ser sua reação diante dessas informações, mas só quero que você saiba que eu sinto muito. Sinto muito por mim, por não ter enxergado o que poderíamos ter sido, ou por não ter me permitido. Por não ter vivido, por não ter amado, por não ter eternizado nada, pelo menos por um segundo. Agora eu não peço nada. Só que guarde essas palavras. E por favor, pense bem antes de renegar algo que, no fundo, é o que você mais quer.
-Ela parece distante, talvez seja porque está pensando em alguém.
- Em alguém do quadro?
- Não, um garoto com quem cruzou em algum lugar, e sentiu que eram parecidos
- Em outros termos, prefere imaginar uma relação com alguém ausente que criar laços com os que estão presentes.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

"Eu sou de ninguém. Eu sou de todo mundo e todo mundo me quer bem. Eu sou de ninguém. Eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também."

Chuva e pensamentos desconexos


Chovia, chovia e chovia. Eram mais um daqueles dias que amanhecem com o maior sol e de repente o tempo muda. Alguma coisa lá em cima gira e as nuvens começam a pairar sobre o céu, se espalhando lentamente. Nuvens carregadas, cinzas. E veio o vento e de imediato a chuva. Dessa vez eu não quis me esconder debaixo de algum telhado, nem abrir o guarda-chuva, nem muito menos correr pra chegar em algum lugar. Eu queria ir andando lentamente, sentindo frio. Queria sentir meu corpo ficando todo molhado, sentir as minhas roupas grudando na minha pele e sentir meu sapato ficando ensopado. São nessas horas em que a gente não está pensando em nada, está meio melancólico por não ter nada pra dramatizar, que começamos a pensar no que mais queremos no momento. Ou pelo menos o que achamos que é o que mais queremos. Então eu quis ir andando até a sua casa, tocar a campainha, abraçar você sequinho e me agarrar no seu cabelo bagunçado. E eu ia sentir o cheiro de café que você sempre faz à tarde e ele ia se misturar com o cheiro de chuva e com o seu cheiro de coisa boa. E eu só queria que você tirasse minha roupa molhada e me puxasse pra mais perto. Você nem ia se importar com a água da chuva, que estava em mim, se espalhar pelo sofá, pelas almofadas, ou por você inteiro, porque tudo o que você queria naquele momento era se misturar com aquilo tudo. E você ia falar que eu devia estar morrendo de frio, mas você nunca ia saber que assim que eu cheguei o frio passou imediatamente. E depois a gente ia ficar ouvindo a chuva batendo na janela, e a gente ia tomar café quente e ficar sentindo um pouco do amor que nos aguarda. Ou que nos restou. Não sei bem, mas eu ainda fico perdida no que ainda pode ser e no que já foi. Mas ali a gente não ia pensar em nada. A gente só ia pensar na chuva e no fato dos nossos pés estarem entrelaçados em cima do carpete molhado. E eu odeio essa ideia clichê de pés entrelaçados, mas a questão é que eles realmente estariam. E depois é bem provável que a gente seguisse nossa vida e que aquele momento ficasse guardado na memória. Como se a chuva repentina trouxesse com ela um pouco da coragem que faltava para que nos encontrássemos de novo. Mas isso não importa muito. Esqueci esse pensamento bobo, e fui pra casa com aquelas imagens ainda na minha cabeça. A chuva já estava parando. Subi as escadas, deixando no caminho algumas gotas d'água que caiam do meu cabelo e fiquei, até o último momento, imaginando que aquelas eram as escadas da sua casa e que quando a porta se abrisse você estaria do outro lado. Mas não ia acontecer nada daquilo. Abri a porta, tirei a roupa que nem estava mais tão molhada e deixei no chão do banheiro. Entrei no chuveiro, sentei e rezei pra esquecer aquela cena que eu inventei. Pedi para que ela fosse embora de uma vez por todas, junto com todos os outros pensamentos sobre você. Porque aquela cena não aconteceu. E nem aconteceria.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

no palco eu me sinto inteira.
Então eu encontrei no teatro o que algumas pessoas passam a vida inteira procurando: a felicidade plena.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

"Quem é que vai te dar ferramentas pra olhar pras coisas o tempo todo como se elas fossem encantadas e não simplesmente coisas?"

Tati Bernardi

Do texto príncipe azul:
http://www.tatibernardi.com.br/blog/post.jsp?idPost=79

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

"A imperfeição é bela, a loucura é genial e é melhor ser absolutamente ridículo que absolutamente chato"

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Entrevista com Pondé

http://revistaalfa.abril.com.br/estilo-de-vida/comportamento/ponde-mostra-um-pouco-de-suas-polemicas-opinioes-em-entrevista-exclusiva/

Essa é uma entrevista com o Luiz Felipe Pondé, o polêmico colunista da Folha de S. Paulo. Na verdade ele é polêmico porque simplesmente fala o que as pessoas têm medo de falar e principalmente de ouvir. Não que eu concorde com absolutamente tudo o que ele fala, mas esse cara é genial. Ele aponta várias questões que precisam ser ouvidas, e aceitas para que sejam discutidas (e não escondidas), para que o mundo evolua. Desde sempre todo mundo esconde o que é considerado feio ou errado para não parecer que é mau, mas o fato é que essas coisas continuam por aí, sem serem discutidas e crescendo em algum lugar. O problema é que elas não desaparecem por não serem lembradas. Nelson Rodrigues foi, e é até hoje, polêmico justamente por lembrar essas coisas "escondidas", que ninguém gosta de falar. Por mostrar os podres da sociedade que são varridos para debaixo do tapete. E eu acho que o mundo precisa de mais gente como esses caras, que não têm medo de falar a verdade. Acho que o Pondé fala tudo com muito embasamento e não critica as coisas à toa. O problema é que as pessoas entendem tudo como elas querem entender, sem se darem pelo menos uma chance de pensar. Elas levam tudo ao pé da letra e não enxergam o real sentido da coisa, que é sempre muito mais abrangente do que parece.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Teatro e Brasília

Peguei parte da entrevista, que estava no Correioweb, com a Leo Sykes, diretora do Udigrudi. Ela falou várias coisas interessantes, mas adorei e concordei totalmente com o que ela falou sobre o teatro em Brasília. É mais ou menos a visão que eu tenho também. Então vou seguir o conselho dela, que sempre foi a minha maior vontade: vou embora de Brasília.

"Com uma mistura desconcertante de circo, música e performance, o Grupo Udigrudi surpreendeu a todos, ao ganhar o prêmio principal do Festival de teatro de Edimburgo de 2000, o mais importante do gênero no mundo, com o espetáculo O cano. A inglesa Leo Sykes é uma das responsáveis pelo salto do udigrudi, ao fundir as experiências do circo udigrudi, do Música-à-tentativa e do liga tripa." Correioweb


Brasília já foi bastante experimental nas décadas de 1980 e 1990. E, hoje, ela perdeu a inquietação e virou uma cidade cover?

Não sei se isso é algo específico da cidade. Brasília tem um nome muito bom para a música. Se você fala que é de Brasília, as pessoas de fora respeitam. Mas se fala que é de teatro, elas desconfiam. Existem trabalhos em teatro muito bons, mas o problema é a invisibilidade. O que tem visibilidade é o besteirol. A grande doença da cultura em Brasília é o amadorismo, todo mundo faz teatro nas horas vagas, ninguém consegue viver disso, mal nasce, já morre. O custo do aluguel de uma sala em Brasília é altíssimo.

Que conselho você daria para os atores jovens de talento?
Eu digo sempre para eles: “Vão embora!”. É cruel, mas fico com medo de que eles morram como artistas.

Brasília odeia a cultura?

É uma coisa louca. Brasília ama shopping, carro e odeia a cultura. Ao mesmo tempo, não temos praia, a única opção de diversão e vida social é a cultura. Brasília deveria investir algo e ser uma Las Vegas da cultura.

*Entrevista na íntegra: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2011/10/16/interna_diversao_arte,274100/brasilia-devia-ser-a-las-vegas-da-cultura.shtml

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Trastes de nós mesmos

"Resolvi recentemente quebrar o ciclo. Eu também sempre me apaixonei pelo mesmo tipinho. Garotos charmosos, fãs de rock indie, descoladinhos de tênis coloridos, fãs de cinema europeu, artistas e completamente zoados de cabeça. Dai conheci um careca gordinho, médico e aparentemente descomplicado de alma. Saímos por arrastados três meses (eu não gostava dos sapatos dele, eu não gostava das músicas dele, eu não gostava das piadas dele) e ele se mostrava cada vez mais apaixonado. Continuei insistindo apenas como “exercício”. Eu precisava quebrar o ciclo. Foi quando, magicamente, depois de três meses, eu me apaixonei por ele. Passei a querer falar com o cara toda hora, ver todo dia, saber onde ele estava e se pensava em mim. E sabe o que aconteceu? Levei um pé na bunda do barango desgraçado. Eu peso a minha pequena e delicada mão quando fico a fim do cara. Mas é só assim que, infelizmente, sei gostar. Talvez seja isso que você esteja fazendo. Muito mais do que escolher sempre os mesmos trastes, você é que se torna sempre a mesma “traste” quando começa a gostar deles. Pense nisso. Talvez você consiga mudar. Eu tô lá no Freud há dez anos e não consegui. Mas eu sou uma idiota." Tati Bernardi

domingo, 16 de outubro de 2011

Vermelho Frida

Um pensamento solto sobre as cores no acidente da Frida e as cores da vida dela.

Depois que eu li a cena do acidente da Frida, no bonde, eu fiquei com um pensamento zunindo na minha cabeça. Na descrição da cena fala que a Frida ficou coberta por duas cores: vermelho, do seu sangue, e dourado, que era tipo um pó, que deveria estar sendo carregado por algum pintor de casa e caiu sobre ela.
Para mim o curioso é que partir do acidente ela começa a pintar. Ela fica, por muito tempo, imobilizada por ter fraturado quase todas as partes do corpo. Fica presa na sua cama, tendo que criar um novo mundo dentro do seu próprio quarto. Sua mãe, então, entrega a ela pincéis e telas de pintura para que ela possa passar o tempo com alguma atividade que não a prejudique fisicamente. E seu pai tem a ideia de colocar um espelho no teto do quarto para que ela possa se ver. Então ela começa a pintar exatamente isso. Ela mesma. Pinta vários auto-retratos, que são uma das características mais marcates de suas obras. Ela falava que as palavras não conseguiriam nunca descrever sua dor e que ninguém nunca poderia entender, e é por isso que ela pinta. Pois foi a única forma que ela encontrou para expressar realmente o que sente. Isso é arte. É algo que nos completa.
Mas enfim, quero dizer que é engraçado porque justamente nesse acidente, as cores predominantes são o vermelho e o dourado. É como se a Frida fosse a tela dessa vez. Como se a vida escolhesse as cores e a pintasse naquele momento. Impostando de alguma forma a arte. Exatamente como eram seus quadros. Ela na tela e a vida dela sendo passada pela pintura. A vida como ela vê. E ela via tudo de uma forma muito diferente de todas as pessoas. Não só por tudo que passou, mas simplesmente por ser uma artista que via através de tudo. Olhava para um objeto, olhava a natureza e realmente os enxergava. Via o que ninguém mais vê.
E não que ela tenha realmente usado a cor dourada em suas pinturas, mas essa cor, pra mim, representa a luz e principalmente a força que a Frida tinha. O vermelho, como ela mesma descreve, é a cor da vida e da morte. E ela esteve entre esses dois mundos muitas vezes. O que me instiga é o fato de serem cores muito fortes e principalmente de serem cores. Elementos principais das suas obras. Não eram tintas propriamente ditas, mas eram como se fossem tintas ali. E logo depois desse episódio ela começa a pintar. Não que essas cores tenham tido um efeito mágico nem nada. Frida era uma artista muito antes de começar a pintar. Mas eu só acho esse fato curioso. O fato das cores estarem sempre presentes na vida dela. Como se fosse algo que estivesse impregnado. Ou como se fosse o começo de uma fase da vida, marcada sempre por cores fortes. Cores que a representam. Frida Kahlo Cores.



" Again and again Frida will paint her own face over the white skull, proof that se is still alive."

Do livro Frida's Bed
autora: slavenka drakulic

terça-feira, 11 de outubro de 2011

"O Neoerudita Alegórico"

http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-59/tipos-academicos/o-neoerudito-alegorico#_ftnref2

Esse link é um texto da da Revista Piauí que tá muito muito bom! O neoerudita ta bem parecido com o meu conceito de pseudo intelectual. Esse tipo de Pessoa que fica rondando por aí se achando o máximo e muitas vezes falando besteira.

Não entenda como se eu estivesse desmerecendo pessoas inteligentes. O problema é quem que quer parecer inteligente o tempo todo, provando seus pontos de vista que estão sempre certos e querendo estar em um nível intelectual mais elevado do que os outros. Este nunca está satisfeito com nada.


Vou ser clichê aqui e terminar com uma frase do Nietzsche que acompanha alguns relatos sobre os pseudo intelectuais.

"Quem sabe que é profundo busca a clareza. Quem deseja parecer profundo para a multidão procura ser obscuro porque a multidão toma por profundo aquilo cujo o fundo não vê, ela é medrosa... exita em entrar na água" Friedrich Nietzsche, "A gaia Ciência", Cia das Letras, ano 2001
“É preciso vestir-se de modo a criar uma expectativa de que, a qualquer momento, a genialidade pode irromper.” Andy Worhol(?)

domingo, 9 de outubro de 2011

Water ink




Todas as campanhas podiam ser assim. Diretas, artísticas, impactantes, simples e incríveis.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

" Na sala com Danuza"



Já escrevi mil coisas dela aqui e não é novidade que ela é um dos meus ídolos.Ela é alguém que sabe como transformar tudo em história, faz com que eu me questione sobre algumas certezas e me lembra que a vida vale a pena sempre.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Actos de Juventud, de La Tristura



Vídeo incrível do Grupo espanhol de teatro, La Tristura. Texto de tirar o fôlego.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"And I don't want the world to see me
'Cause I don't think that they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am"

sábado, 1 de outubro de 2011

O segredo da simplicidade

Não sei nem como começar a dizer isso, mas te acho um fracasso. Não como pessoa, não me entenda mal, mas um fracasso pra tentar me conquistar. Pra começar me disse que ia me pegar em casa e ia me levar pra comer alguma coisa. Até aí tudo bem né? Eu podia ir sozinha, mas é bom ir com a pessoa porque a gente já vai conversando. Então fomos a um restaurante. No caminho decidimos pra onde iríamos. Assim que chegamos você saiu rapidamente do carro e veio abrir a porta do outro lado pra mim. Mas é óbvio que eu já tinha aberto antes de você chegar. Ri meio sem graça. Queria dizer " minha mão não tá quebrada não. Pode deixar". Não quis parecer indelicada, então só disse "obrigada". Você só tava querendo me impressionar. Mas teve o efeito contrário. Odeio quem tenta me impressionar com essas ações que já estão prontas. Você nem pensou em nada. Só agiu da forma como algumas mulheres gostam de ser tratadas, mas voce nem teve tempo de pensar ou observar se eu era uma delas. Estamos no século 21. Era bonito fazer isso nos anos 20, mas a cordialidade de hoje em dia é outra. Ninguém tem mais paciência pra ficar fazendo esse teatrinho o tempo todo. Depois do terceiro encontro voce já não ia nem lembrar de abrir a porta. E é por isso eu acho tão falso esse tipo de educação barata. Que que adianta você abrir e porta pra mim e tratar mal o garçom? Esqueci essa cena e fomos comer. Você é um cara engraçado e tal. Tem um bom papo. Mas um bom papo de superficialidade. Aquele tipo de conversa que você tem com um amigo de um amigo que voce acabou de conhecer. Conversa leve e descontraída, pra não errar. Você não tinha lido os livros que eu li e nem gostava dos filmes que eu mais gosto. Na verdade você quase não leu livro nenhum e riu, realmente achando engraçado, depois de me falar isso. Chegou a conta. Você quis pagar, é claro. Não deixei. Você achava que eu tava fazendo charminho pra parecer educada e pegou a conta da minha mão. Olhei sério pra você e disse "vou pagar a minha parte, é sério". Você me olhou com cara de espanto e insistiu. Sabe, eu nem acho que tenha problema um amigo ou uma amiga ou até o cara que eu to saindo, pagarem a conta quando eu to sem dinheiro. Eles sabem que em outra hora vou pagar outra conta pra eles. O problema é quem quer pagar a conta com ar de superioridade, achando que está fazendo um grande favor e sendo um grande cavalheiro. Agora você ta pagando minha conta, mas amanhã ta falando pra onde eu posso ir ou que meu vestido tá muito curto. Eu não tenho 10 anos e você não é meu pai. Não sou sua, mesmo se eu tiver casada com você há 50 anos. Sabe, pagar a conta era educado quando as moças não trabalhavam e ficavam esperando o seu futuro marido que iria bancá-las. E a maioria não se orgulhava disso. Daí algumas mulheres de hoje se acham espertinhas e acham que o homem tem que pagar tudo mesmo. Mal sabem elas que estão preservando uma cultura machista e totalmente do século passado. Hoje as mulheres trabalham, podem pagar suas contas e não dependem mais de homem nenhum. Mas ainda existem uns gaiatos que se acham muito cavalheiros por "bancarem" uma mulher. Deixem de ser ótarios. Paguei metade e você ficou se sentindo mal por deixado isso acontecer. A volta pra casa foi mais fria, mas depois você ficou mais tranquilo. Assim que paramos o carro lembrei que antes de sair de casa, tinha arrumado tudo esperando que você fosse subir. Mas você nem esperava que eu fosse fazer isso. Eu tinha esquecido que pra você, as meninas não devem chamar os caras pra subir, e nem subir pra casa deles nos primeiros encontros, senão elas perdem o valor. Então lembrei disso, te dei um beijo no rosto e fui embora, te achando um idiota. No outro dia, você me mandou flores, achando que eu ia me derreter e achar muito fofo. Mais uma mancada. Mais uma educação pronta e barata pra tentar me conquistar. Eu esqueci de te dizer que odeio receber flores.

Se você quisesse realmente ter me conquistado, você teria me chamado pra tomar uma cerveja em um bar simples ou teria me sugerido um café. Teria me contado suas histórias, eu teria contado as minhas. E a gente ia ter uma conversa longa, descobrindo a vida um do outro.Claro que você ia tentar me impressionar, mas antes ia tentar descobrir o que me faz ficar impressionada. Não chegaria com respostas prontas. Você ia ser você e eu ia ser eu e a gente ia ver se se gostava assim mesmo. Talvez ficássemos amigos, talvez tivéssemos algo mais. Nunca se sabe... Só queria te conhecer. O que me conquista é a simplicidade. Ser simples é ser incrível. E quem conhece o segredo da simplicidade conhece o melhor da vida.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Amor maior do mundo

Não é dia das mães, nem natal e seu aniversário já passou. Mas como de costume, escrevo cartas. E agora estou aqui, quase pronta pra sair de casa, mas precisei parar um instante e escrever sobre o meu amor por você. Não que eu consiga defini-lo. Ele é algo tão infinito e tão intenso que toda vez que começo a falar sobre isso eu tenho vontade de chorar. Porque ter uma mãe como você é ter o mundo. E eu não preciso falar nada pra você saber o que eu estou sentindo. Você simplesmente me abraça nas horas que eu preciso de conforto e fala as coisas que eu preciso ouvir. Não que eu ouça todas elas, claro. Também preciso fazer o meu papel de filha. Mas como todos já sabem, sempre que eu não te escuto, alguma coisa sai do trilho. E agora eu estou relutando pra não chorar e não borrar a maquiagem que eu acabei de fazer, mas é muito difícil. Sinto que você me entende do começo ao fim e eu não preciso ficar dando explicações de quem eu sou. Só sei que quando eu te abraço parece que nada pode me alcançar e eu tenho certeza de que tudo vai dar certo. Você sabe do que eu preciso. Como todas as mães que eu conheço, você acha que errou e continua com medo de errar na educação dos seus filhos. Mas eu fui educada por você e agora que já cresci, posso afirmar que eu não poderia ter tido formação melhor. Sou parte de você e tudo que você acha que errou em você, você tentou acertar comigo. E conseguiu. Sou uma pessoa realizada. Corro atrás dos meus sonhos e não deixo ninguém fazer com que eu desista. Coisa que você me ensinou muito bem. E como você sabe, sou teimosa. Tanto nas coisas bobas, que fazem a gente brigar, mas também nas grandes, que me fazem crescer como pessoa. Sou meio louca, confesso. Mas acho que faz parte da minha personalidade. Às vezes sinto que eu nem sou desse mundo onde está tudo errado. Meus pensamentos, que geralmente fogem do padrão das pessoas, faz com que eu me assuste e fique cheia de questionamentos. Tenho medo da minha vida não dar certo por causa das minhas escolhas e choro desesperadamente no meu quarto, pensando no meu futuro incerto. Mas é só eu ter uma conversa com você que parece que tudo vai se encaixando e eu não me sinto mais tão diferente. Voce tem as respostas das minhas duvidas e me mostra que sou diferente, mas sou normal, sou humana. E você me mostra que ser diferente é ser especial. E daí parece que o mundo se abre de novo. Todo mundo erra, mas todo mundo acerta também. E você acertou em cheio comigo e acertou em cheio com o meu irmão também, que agora, se mostra uma pessoa que sabe o que quer e tem uma personalidade imperfurável. Você criou duas pessoas que pensam em mudar o mundo. Acredito que você seja uma espécie de milagre. Tudo que você já fez por mim e continua fazendo, só tenho que agradecer. E espero que eu te encha de orgulho. Porque você me enche de orgulho. E falar que sou sua filha é uma das maiores bênçãos que eu já tive. Queria poder gritar pro mundo a mulher maravilhosa que você é e poder falar que sou uma parte disso. A melhor coisa do mundo é ter você como mãe e talvez eu enlouqueceria se eu não tivesse você por perto. Na verdade eu não sei o que seria de mim se não fosse você. Nada, provavelmente.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

"Logo que comunicamos os nossos conhecimentos, deixamos de gostar deles suficientemente."

Friedrich Nietzsche

A história que ainda não foi contada

Todas as musicas me lembram você. Todas as musicas que parecem um pouco com a nossa história que nem sequer existiu me lembram você. Aquela música que te fez me puxar pelo braço, correndo escadas abaixo para dançar aquele dia, me lembra você. E toda vez que eu a escuto não fico triste. Fico bem. Não penso nela como nossa música nem nada. Já cheguei a pensar, mas cheguei à conclusão de que aquela música é minha. Do meu momento de felicidade. Ela me lembra aquela sensação. É como se toda vez que ela tocasse você estivesse ali do meu lado. Como se você me puxasse pra dançar de novo e a gente cantasse ela bem alto. Toda vez que eu a escuto eu fecho os olhos e canto ela bem alto, quase ouvindo a sua voz também. Sinto um pouco de você no meu dia a dia. Às vezes eu penso que você está me observando de algum lugar. Escondido atrás de uma cortina ou embaixo da cama. Daí eu fico fazendo aquelas coisas que eu faço pra chamar sua atenção, mas você nem tá lá... Fico pensando o que você ia pensar das coisas que eu faço ou se você ia rir das besteiras que eu falo. Lembro que você achava engraçado algumas coisas que eu fazia. Igual aquele dia que você riu quando eu falei que o homem ideal seria um surfista do rock. E eu fui falar com você pela primeira vez aquele dia porque você tinha cara de quem era tudo isso. Brincadeira, não foi por isso não. Na verdade nem sei por que eu fui falar com você. Talvez porque você fosse um dos caras mais bonitos que eu já tinha visto. Talvez tenha sido só por isso. E o seu chinelo, e sua camisa branca, e sua barba, seu gosto musical muito parecido com o meu e o jeito que você ria e depois ficava sério, concentrado. No final eu nem sei mais o que me atraiu em você. Foi tudo. E eu que tenho essa mania louca de achar que nunca tenho nada a perder quando não se tem nada, fui lá tentar conseguir um pouco de atenção sua. Talvez tenha sido uma das coisas mais espertas que eu já tenha feito. Talvez eu esteja inventando tudo isso. Mas a questão é que se eu nunca tivesse tomado iniciativa, eu nunca teria conhecido umas das pessoas mais interessantes e divertidas que eu já conheci. Combinação difícil de encontrar. Mas você consegue ser assim e é por isso que eu tenho tanta vontade de te conhecer mais a fundo. Queria sentar na areia e ficar falando sobre mil assuntos com você até ficar escuro. Porque a gente gosta das mesmas coisas, mas também somos diferentes. Mas o que importa é que, agora, pensamos de um jeito parecido. Não importa depois. Eu vivo agora e o que eu sinto por você é agora, quase urgente. E você é a música que não sai da minha cabeça agora. Você é a foto que está pendurada na parede do meu quarto. Todos os dias que eu olho pra ela, lembro de você. Sei lá, mas isso faz com que eu me sinta bem. Pensar que você existe me faz bem, por mais que não estejamos perto um do outro. Às vezes fico pensando que a vida está nos esperando, para que nos encontremos de novo no momento certo. Às vezes também penso que todo esse sentimento que tenho só existe porque você está longe. Talvez não fosse assim se as coisas fossem mais fáceis. Mas tudo na nossa história quase inexistente é movida pelo “se” e pelo talvez, pelo às vezes. Tudo é meio incerto e é por isso que eu gosto tanto dela. Por isso que ela ainda me instiga e me deixa esperando. E o melhor dessa história é que ela não faz com que eu esqueça da minha vida, e não me cega de um modo em que eu não enxergue oportunidades . Ela só está ali, no meio de algo que aconteceu e algo que espero que aconteça. Nem sei quando vou te ver de novo. Tudo parece tão distante de acontecer. Sendo assim, o que me resta é esperar. Sem pressa. E isso é muito difícil pra uma pessoa que quer tudo pra ontem. Mas nessa situação, aceitei esperar. E o pior é que não estou ansiosa para nada. Porque nessa nossa história nada tem data. Nada tem hora marcada. Tudo é uma surpresa. Deve ser esse o motivo desse meu envolvimento por esta história que ainda não teve tempo de ser contada. Adoro contar histórias. Adoro surpresas.


"E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi."

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

"Eu gosto das pessoas pelo prazer de gostar e não porque deu tempo de gostar delas." Tati Bernardi

segunda-feira, 26 de setembro de 2011



Do Livro Nietzsche para Estressados.
Escrito para pessoas como eu.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

vapor barato

"Ando tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar"

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Sou apaixonada por histórias. As dos outros, as minhas, as do mundo. Gosto de ouvir e de contar. As histórias me movem. Gosto dos pensamentos, das ideias não ditas, no que esta entre uma linha e outra.

O mito da mulher misteriosa*

"(...)Todos os homens desejam loucamente a mulher misteriosa. Todas as mulheres desejam loucamente a mulher misteriosa. Sua personalidade incerta acaba se tornando uma personalidade fortíssima e seu jeito anulado acaba se tornando um espaço gigantesco para todos imaginarem o que bem quiserem.
E eu, como estava dizendo, sempre quis ser dessas mulheres imperfuráveis, inatingíveis, inaudíveis e incompreensíveis. Mas nunca consegui. Quando vou ver, já contei minha vida pra primeira pessoa que me deu um pouco de atenção. Já to rindo alto no restaurante porque não me controlei e fiquei feliz demais. Já escrevi um texto sobre o fulaninho da terça passada e publiquei numa revista. E o fulaninho ta morrendo de medo porque escrevi que gosto dele. E se alguém perguntar, vou dizer mesmo que gosto dele. E se ele não gostar de mim, minha tristeza não será segredo para ninguém. E minha pasta de dente é para deixar os dentes branquinhos. E quando vou ver, lá se foi a mulher misteriosa que eu gostaria tanto de ser. Porque eu jamais poderia ser uma.
E sofri anos com isso. Até que resolvi conviver de perto com algumas mulheres misteriosas para tentar descobrir o que se passa na cabeça e na alma desses seres incríveis que nunca têm nada a dizer, a doer, a aconselhar, a cantar, a dançar, a morrer de rir, a fofocar, a detalhar, a exagerar, a sonhar, a dividir, a acrescentar. E descobri que a coisa era muito mais simples do que eu imaginava: nada. Não se passa nada de relevante nem na cabeça e nem na alma dessas mulheres.
As mulheres misteriosas, tão admiradas e desejadas, não passam de mulheres sem a menor graça. Elas não calam por mistério, charme ou discrição. Calam porque simplesmente não há nada mais sábio que elas possam fazer."
Tati Bernardi


Engraçado, parece que esse trecho foi escrito por mim! Mudando a parte da revista para "meu blog" e o fato de ela ter convivido de perto com mulheres misteriosas. Nunca consegui fazer isso porque depois de dois minutos de convivencia, eu já começava a achar elas muito chatas. Passei por um periodo em que eu também tinha DECIDIDO ser esse tipo de mulher, mas claro que falhei. Foi então que eu percebi que ser eu, mesmo com os meus excessos, é bem mais divertido do que ser qualquer mulher misteriosa.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

"Tudo o que você pode imaginar é real."

Picasso para Frida

kahlo cores, amor e arte



"Pensaram que eu era surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade."

À Frida, que mudou minha percepção do mundo. Ou melhor, me mostrou que eu não era tão doida de pensar assim.

O que eu quero

"(...)Quero não ter condescendência com o tédio, não ser forçada a aceitá-lo na minha rotina como um inquilino inevitável. A cada manhã exijo ao menos a expectativa de uma surpresa, quer ela aconteça ou não. Expectativa, por si só, já é um entusiasmo.

Quero uma primeira vez outra vez. Um primeiro beijo em alguém que ainda não conheço, uma primeira caminhada por uma nova cidade, uma primeira estréia em algo que nunca fiz, quero seguir desfazendo as virgindades que ainda carrego, quero ter sensações inéditas até o fim dos meus dias.

Quero ventilação, não morrer um pouquinho a cada dia sufocada em obrigações e exigências de ser a melhor mãe do mundo, a melhor esposa do mundo, a melhor qualquer coisa.

Gostaria de me reconciliar com meus defeitos e fraquezas, arejar minha biografia, deixar que vazem algumas idéias minhas que não são muito abençoáveis.

Queria não me sentir tão responsável sobre o que acontece ao meu redor. Compreender e aceitar que não tenho controle nenhum sobre as emoções dos outros, sobre suas escolhas, sobre as coisas que dão errado e também sobre as coisas que dão certo. Me permitir ser um pouco insignificante.

E na minha insignificância, poder acordar um dia mais tarde sem dar explicação, conversar com estranhos, me divertir fazendo coisas que nunca imaginei, deixar de ser tão misteriosa para mim mesma, me conectar com as minhas outras possibilidades de existir.

O que eu quero mais? Me escutar e obedecer meu lado mais transgressor, menos comportadinho, menos refém de reuniões familiares, maridos, filhos e bolos de aniversário e despertadores na segunda-feira de manhã.

E quero mais tempo livre. E mais abraços. E receber mais flores.

Pois é, ninguém está satisfeito. Ainda bem."

Martha Medeiros

Esse texto falou por mim.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Um copo de água*

"Porque "seus olhos estão sempre me perguntando algo", você diz. E você começa sua loucura que me faz gostar ainda mais de você. Empurra a palma contra o peito e diz "eu gosto assim, Tati, fechado, protegido, eu gosto". Então você olha para o meu copo d'água e diz: "eu sou só um copo d'água, mas você ficava me olhando e pensando nas bolhas e nos gelos e nos canudinhos e na transparência e se a água era isso ou aquilo. Água é só água, por que você complica a água, Tati?". Então apagaram a luz e eu quis me esconder dentro do seu paletozinho de publicitário descolado e ouvir suas batidas descompassadas e embaladas pelo seu cheiro de alma boa. Mas você pegou na minha mão e continuou dizendo que uma mão, muitas vezes, é apenas uma mão. Mas que eu insistia em enxergar os buracos entre os dedos, os anéis que separavam os dedos, a dor da separação dos dedos, a gota da bebida gelada entre os dedos. E que você não poderia suportar isso. A maneira como eu te olhava. Vendo mais, inventando mais, complicando mais. E eu quis te dizer que tudo bem, eu seria uma menina simples. Eu mataria meu narrador, minhas possibilidades, meus mundos, minhas invenções. Só de ver seus cachos mais grisalhos e rococós ornando seus medos e superficialidades eu desejei não ser mais eu pra ser qualquer coisa que pudesse ser sua. Mas enchi meu peito surrado e murcho de coragem e te disse que, infelizmente, onde você era apenas um copo d' água eu era a tempestade."

* pedacinho do texto "Um copo de água" da Tati Bernardi.

Pra quem sempre vê as coisas além do que elas são,mas sabe que a vida é melhor por causa disso.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Às vezes as pessoas são bonitas.
Não pela aparencia física.
Nem pelo que dizem.
Só pelo que são.

do livro Eu sou o Mensageiro.
"O que você faz fala tão alto que não consigo ouvir o que você diz" Ralfh Waldo Emerson
" às vezes, só pelo fato de ter lágrimas nos olhos, a pessoa começa a sentir pena de si mesma e necessidade de chorar mais."
" Eu tenho medo do tempo. Quero dizer que tenho medo de não ter tempo que chegue. Tempo que chegue para compreender as pessoas como são realmente ou para eu mesma ser compreendida. Tenho medo dos julgamentos apressados e dos enganos que todo mundo faz. Não se pode acertar sem tempo."

do livro Irmandade das Calças Viajantes.
“ If you go home with somebody and they don’t have books, don’t fuck them." - john waters
"A arte é uma arma, muito mais que um problema estético, que serve para manifestar algo de si mesmo. É descobrir o que existe, sem ter medo" Josep Grau-Garriga

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Eu sou fascinada pelas pessoas. Acho que foi por isso que eu resolvi ser atriz, para passear por mundos e compreender vidas que não são minhas.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

"Foi a minha libertação. A partir desse dia, nunca mais precisei perguntar a ninguém se devo ou não devo fazer alguma coisa. Pergunto a mim mesma e o assunto está resolvido. E estou muito feliz assim – pelo menos por enquanto." Danuza, claro


Love burns brighter than sunshine
Queria fazer uma análise em mim mesma e descobrir por que eu choro tanto quando acaba o filme the time traveler's wife ( te amarei para sempre). O filme acaba e parece que aquela música que toca enquanto estao passando os créditos me faz chorar mais e mais e mais e eu não consigo me controlar. E o pior é que eu já assisti mais de uma vez e toda vez choro desse jeito. A primeira vez que eu vi, foi no cinema, e eu fui chorando até entrar no meu carro no estacionamento. Eu ia rindo e chorando porque eu não entendia a razão daquilo e até hoje nao entendo. A segunda vez que eu vi foi no avião e eu chorava de fazer barulho e limpava as lágrimas, mas elas não paravam. Até que a pessoa que estava na minha frente se virou e perguntou " Está tudo bem com voce? Ta precisando de ajuda?" Todos que passavam pelo corredor me olhavam com cara de pena. Foi então que eu disse que era só o filme e a moça riu, perguntou qual era e disse que ia assistir também. Enfim, queria saber realmente o que ele desperta em mim. Qual parte de mim.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Coisas de fazer e coisas de amar*

"Eu me desencontro nas coisas de amar. Não tem preparação, as receitas não funcionam, nunca é como o cheiro da terra, mesmo quando é sincero e intenso. Não é um jogo embora envolva conquista. O que falar, como falar, quando falar, preocupações, como se fizesse alguma diferença. Uma palavra doce, um elogio a mais, um detalhe não percebido, um sorriso azedo, um beijo melado. Como agradar ao paladar tão variado? Bunda demais, peito de menos, umas rugas estúpidas, a cor do batom, a celulite é a culpada. É muito fácil se queimar. No final todos saem perdendo. O coração é matéria prima delicada, assustada, viva."


*do livro O amor leva a um liquidificador, de Luciana Saddi.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Vinicius, que me entende da cabeça aos pés

"Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Nao há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão "

Acho que o Vinicius de Morais teria sido um grande amor na minha vida.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Pra quem eu espero

Como muitas cartas que eu escrevo, vou começar falando porque a estou escrevendo. É um sentimento tão maluco que tem dentro de mim que eu nem consigo distinguir qual é. Por isso precisava colocá-lo em algum outro lugar. Desde o dia que eu te conheci, eu senti que não poderia te deixar ir embora da minha vida nunca mais. De alguma forma eu teria que te manter por perto. Não perto, porque por enquanto isso é impossível, mas precisava ter alguma conexão com você. Na segunda vez que nos vimos, pensei que tinha te perdido pra sempre. Não que eu tivesse você, mas achava que eu nunca mais iria te encontrar.. Fruto de mais uma de minhas loucuras, é claro, e o fato de eu não saber lidar, no primeiro momento, com pessoas que mexem comigo. Isso porque eu quero tudo pra ontem e não tenho paciência para entender o tempo do outro. Fico achando que se as coisas não acontecerem na hora, vou ser esquecida e a pessoa vai se perder por aí. Mas eu esqueço que quem é assim sou eu, não as outras pessoas. E eu tenho a tendência de achar que todas as pessoas pensam que nem eu. Me esqueço que elas têm um tempo próprio, diferente do meu, e têm uma vida que segue um fluxo. Para entrar nesse fluxo é preciso ter paciência e esperar o tempo de cada um. De um modo natural, como as coisas da vida são. Foi estranha a sensação que eu fiquei de perda, porque afinal a gente tinha acabado de se conhecer e não faria diferença você desaparecer. Fiquei pensando que esse sentimento de perda era apenas por orgulho. Mas não era. Se fosse teria passado no outro dia e ele não passou. Sei lá por que. Então arrisquei como eu sempre faço. Tentei interferir no destino e se não desse certo, tudo bem. Mas deu. Consegui te resgatar e eu nem sei como, mas você me deu uma segunda chance. Consegui manter um relação de amizade com você, pelo menos eu achava que sim. Então te perdi de novo, mas não por minha causa dessa vez. Eram as nossas vidas seguindo seus próprios caminhos. Deixei pra lá, afinal não tinha nada que eu pudesse fazer. Estávamos oficialmente separados e por mais que eu tentasse me agarrar ao momento, eu era puxada para lá, puxada para a minha vida real. Então desisti. Mesmo não querendo, era preciso. Quem sabe um dia a gente ainda se encontraria. Então foi aí que você voltou. De uma maneira bem sutil, mas você veio até mim. É claro que pra mim significou muito mais do que realmente era e eu fiquei balançada. Você era tudo que eu queria. Mas por quê? Que loucura. Eu nem te conhecia o suficiente para afirmar que você é o que eu espero. Esse pensamento vinha, eu me xingava de idiota, mas não queria desfazê-lo. Pra mim era isso e pronto e como diz o bom e velho Lulu Santos “se amanhã não for nada disso, caberá só a mim, esquecer”. Então te encontrei de novo. Não foi por acaso, mas eu queria muito e sabia que de alguma forma isso era o que tinha que se feito. A gente teve uma longa conversa e era como se cada pensamento que eu tive, fosse confirmado. Tudo que você pensava e falava pareciam condizer com tudo que eu tinha pensado sobre você. Há muito tempo eu não conhecia uma pessoa que sabe ouvir. Você parecia se interessar pelo que eu falava e ao mesmo tempo falava seu ponto de vista, que na maioria das vezes, era bem parecido com o meu. Mas eu sentia uma transparência e uma naturalidade que eu também não encontrava há muito tempo. Ninguém parecia estar querendo impressionar ninguém. Nós éramos aquilo e pronto. Entregando nossos pensamentos sobre o mundo. E eu quis fazer qualquer loucura que fosse com você. Queria que fosse um daqueles dias que a gente faz as coisas sem pensar, só porque a gente quer muito. Só porque nos faria feliz. E quando a gente olhasse pra trás pensaríamos que foi um dos melhores dias da vida. Queria fazer qualquer coisa que me tirasse o chão, ou me tirasse o folego. Qualquer coisa que me fizesse gritar e te agarrar como se eu quisesse eternizar aquele minuto. E eu queria fazer qualquer coisa que me tirasse do eixo, naquele dia. Eu queria ficar sem direção, pra depois me encontrar de novo. Sei que pra você nem deve ser da mesma forma. Você não deve nem pensar assim e nem vai imaginar que essa carta é pra você. Não sou apaixonada por você, e por isso de alguma forma consigo entender realmente quem é você. Você não é alguém que eu criei, nem é uma pessoa que eu coloquei todas as minhas expectativas. Você é só você e eu sei que você é que eu quero agora. Não acredito em nada disso de uma pessoa certa na vida, mas sei que nesse momento da minha vida você seria o ideal pra mim e é por isso continuo te esperando. Nem sei se estou falando de namoro, nem de nada disso. Eu também estou em um momento mais meu agora, estou tendo o meu tempo... Só estou dizendo que eu queria poder te ligar a hora que eu quisesse te encontrar e ficar conversando por horas, te conhecendo cada vez mais e ouvindo o que você tem para me dizer sobre a vida. Sinto uma saudade absurda, e não sei nem por que saudade! É como se eu quisesse reviver todos os momentos que passamos juntos, porque não foram muitos, mas foram muito bons. Não somos iguais, mas você é o tipo de pessoa que sabe juntar todas as coisas boas da vida de uma vez só e eu sempre procurei alguém que soubesse fazer isso. Talvez o sentimento que eu tenha por você seja apenas de admiração, e é por isso que eu quero estar sempre por perto. Bem perto.
O problema é que eu perco muito tempo pensando e tendando decifrar o que a outra pessoa está pensando. E eu sempre erro.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

And after all
You're my wonderwall

como eu sempre imaginei.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

" e eu vou embora sem mais feridas, sem despedidas. eu quero ver o mar, eu quero ver o mar, eu quero ver o mar..."

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Não basta para as pessoas, serem apenas pessoas. Elas sempre precisam ser algo mais. Algo que elas não são. É assim que elas perdem sua essência, seu charme natural.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O que eu deixei


Hoje quando eu estava indo embora do Rio eu tive uma sensação muito forte de que eu estava esquecendo alguma coisa. Não sabia o que era. Pensei em tudo que eu tinha levado e lembrei que eu realmente tinha colocado tudo na mala. Não havia esquecido nada. Mas, assim que cheguei em casa, pensei que era óbvio que eu tinha deixado alguma coisa por lá. Tinha deixado meu coração.
Essa é a hora que mais me dói. A hora de partir.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

roda viva

A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...
"Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo
Cores!"
Agora não tem jeito, cê ta numa cilada. é cada um por si, voce por mim e mais nada.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Fotografia


Eu estava dando uma limpa nas minhas coisas velhas. Precisava organizar umas gavetas, jogar o passado no lixo e tinha decidido que a partir desse dia eu ia me desapegar de tudo aquilo. Tinha muita coisa guardada e sinceramente, não fazia diferença elas estarem lá ou não porque eu nunca olhava para elas. Apenas sabia que estavam por ali e de uma forma ou de outra, eu tentava segurar as lembranças, para que elas nunca fossem embora. Então no meio de papeis de carta, guardanapos escritos, tickets de cinema, metrôs e passagens eu encontrei aquela foto. Exatamente como eu havia te encontrado, no meio de muita gente, no tumulto, num dia nublado qualquer, sem muitas expectativas. No instante em que eu bati o olho na fotografia já meio velha e desgastada, foi como se uma onda quebrasse mim. O sentimento e o momento da foto voltaram em questões de segundos e eu pude sentir o cheiro, o calor, ouvir a musica e sentir a felicidade que havia ali naquele instante. Não era preciso escrever nada, falar nada. O meu olhar falava exatamente tudo o que eu queria dizer. Meu sorriso era meio sem graça, mas é nítida a felicidade que eu sentia. Eu me lembro bem desse momento. Você veio até a minha casa, no final da tarde, falando que precisava me mostrar uns filmes, e acabou ficando até a tarde do outro dia. Você estava de passagem na cidade. Uma passagem longa, mas eu sabia que você alguma hora teria que partir. Eu estava sentada no sofá do meu outro apartamento, ouvindo música e bebendo a nossa cerveja preferida. Eu até lembro que ficamos muito animados quando descobrimos isso na época porque não era uma cerveja muito comum. O apartamento era bem pequeninho porque eu tinha acabado de me mudar e não tinha dinheiro pra comprar nada melhor, mas era aconchegante. Era o suficiente para mim. Passei momentos inesquecíveis lá, com muita gente que eu amo. No momento da foto eu tinha acabado de dizer como eu amava aquela música e como ela se encaixava perfeitamente no momento. Era “Live Forever” do Oasis. Você ainda lembra dessa musica? Eu realmente queria viver pra sempre. Então do nada você pegou sua máquina, que já era uma profissional, e sem me avisar tirou a foto. Sem retoques, sem avisos, sem preparação. Apenas um clique e aquele momento todo ficou ali, estagnado, preso em algum lugar sem ser somente em mim. Depois você veio, me deu um beijo e a gente começou a cantar juntos aquela musica,bem alto, como se pedíssemos para que aquele momento não acabasse nunca. Você me disse que as coisas acontecem no tempo em que elas tem que acontecer e que o nosso tempo era esse. Não importava se daqui a pouco não estivéssemos mais juntos pois, a vida segue em um ritmo que ninguém nunca, jamais conseguiu entender e se tentássemos mudá-lo, sofreríamos mais do que o necessário. Deixaríamos passar as oportunidades que nos aparecem e nos surpreendem. Deixaríamos passar até a hora em que o ciclo voltasse (e ele volta) para que nos encontrássemos de novo . No fundo a gente sabia que esse ciclo ia voltar para nós, algum dia. Iria nos pegar de surpresa, como a vida faz sempre. Exatamente como eu fui pega no momento dessa foto.

" Aquela gente encantada que chegava e seguia. Era disso que eu tinha medo. Do que não ficava pra sempre"

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Quando eu me apaixonei pela paixão em si

Eu tenho uma pasta onde eu guardo vários textos que eu gosto, imagens e tudo mais. Um deles é esse. Quando eu estava apaixonada pela milésima vez na vida ( e não estava sendo correspondida) , li esse texto e descobri que estar apaixonada é uma dádiva. A partir de então, fiquei feliz apenas por estar apaixonada. Correspondida ou não, aquele sentimento que me consumia era tão intenso que eu resolvi aproveitá-lo até o fim.

Paixão, mulheres e amigas
Por Danuza Leão


"O que as mulheres são capazes de fazer por uma paixão? Praticamente tudo. As apaixonadas vivem em outra dimensão e só se entendem com outras apaixonadas. Alguém, em seu estado normal, pode conceber que, na era pré-celular, havia quem passasse o dia inteiro em casa porque ele poderia telefonar? E, como nas casas só existia um telefone, ninguém podia falar, para não ocupar a linha. Converse com algumas mulheres dessa época e elas terão muitas histórias para contar, todas abso-lu-ta-men-te idênticas. Porque elas (nós), quando se apaixonam, são todas iguais. Experimente perguntar a sua amiga como foi que eles se conheceram, como tudo começou. E pode pegar um livro, disfarçadamente, pois ela vai falar durante horas sem que você precise dizer uma só palavra. As apaixonadas mentem para o chefe com a cara mais inocente e adoecem a tia ou a mãe sem nenhuma culpa, arriscando o emprego e talvez o futuro, para ficar com ele mais algumas horas na manhã de segunda-feira.

A criatividade de uma mulher apaixonada não tem limites. Se ele não é totalmente livre, digamos assim, ela vai descobrir o nome da outra, a profissão, o número do telefone do trabalho, o nome e a idade dos filhos em mi-nu-tos. Para uma mulher apaixonada, é fundamental ter uma amiga com poucos escrúpulos, muito tempo vago, hábil e com talento
para fazer todos os papéis, se for preciso - e sempre é. Porque ela é quem vai ligar à noite para saber se ele está em casa, vai se plantar dentro do carro até de madrugada para ver se ele entrará sozinho no apartamento ou com alguma vadia. Essa amiga topa dar uma festa só para você poder usar seu vestido mais sexy - e convidá-lo, claro. Quem tem uma amiga assim tem tudo na vida e, se tiver um amigo - pois às vezes é necessário uma voz de homem -, aí é o paraíso. São raros esses amigos tão preciosos, mas eles existem. Uma mulher apaixonada não hesita em cometer os maiores desvarios. Se o telefone dele
estiver ocupado durante muito tempo, ela é capaz de ligar para aquela mulher de quem desconfi a - e sabe o número de cor -, e, se o dela também estiver ocupado, é elementar: eles estão falando entre si.

Ah, as mulheres apaixonadas: por mais sérias que sejam, por mais responsáveis diante do mundo, viram doidivanas quando um homem consegue atingir seu coração. Elas são maravilhosas, todas tão diferentes e tão iguais; e não existe nada melhor do que ouvi-las
falando de seus amores. Entre o papo de duas adolescentes ou de duas mulheres várias vezes casadas e com filhos de diversos maridos, não há diferença. Afinal, não há maior estado de graça do que estar apaixonada. Se você tem uma ou duas amigas assim, aproveite para aprender o verdadeiro sentido da vida. E faça isso antes que alguém chame a ambulância do manicômio e o enfermeiro leve-as em camisa-de-força. A única chance que elas têm de escapar é se a psiquiatra for mulher e também estiver apaixonada; nesse caso, o papo vai se estender até o dia clarear. A três, é claro. O que seria do mundo sem as mulheres?"

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A espera entre as pessoas

O mais engraçado é que estamos sempre esperando que as pessoas sejam iguais a nós mesmos. Podemos falar que não, mas quando fazem algo que não faríamos ou quando elas simplesmente não fazem algo que esperávamos, nos decepcionamos. Tem uma frase que eu ouvi uma vez e que nunca me esqueci “Não devemos esperar mais do que as pessoas podem nos oferecer” e quando percebemos isso, fica mais fácil aceitar certas coisas. As pessoas têm momentos, fases, problemas e todo mundo sabe disso, mas quando se trata da gente queremos que o mundo inteiro esteja sempre de braços abertos, sorrindo e nos apoiando, falando aquilo que queremos ouvir. É fato que quando isso acontece, não existe coisa melhor. E acontece. Às vezes se uma pessoa não está disponível para te ouvir, outra vai estar. Por isso é sempre bom ter pelo menos 3 ou 4 pessoas com quem possamos realmente contar nessa vida. Mas a questão é que as pessoas não fazem toda vez, aquilo que nós esperávamos que elas fizessem.Não é por maldade, falta de preocupação ou por não gostarem de verdade da gente. É apenas algo que estamos exigindo e no momento, ela não pode nos oferecer. Ainda existem aquelas que possivelmente nunca poderão nos oferecer o que queremos. Tudo bem se você pode. Mas ela não. E é inevitável não nos comparamos aos outros nessas questões e ocasiões. Muitas vezes achamos que estamos dando tudo de melhor para alguém e de repente percebemos que para ela aquilo não significa muita coisa. É apenas uma questão de peso. O que é muito importante para você, para o outro pode não ser, enquanto algo muito simples para você pode significar o mundo para ela. Geralmente as brigas começam assim e só vão parar quando as pessoas notarem que somos diferentes. Não de uma forma geral, mas de uma forma bem específica. Quando percebemos essa diferença e aceitamos (não por completo, pois ainda continuaremos insistindo no nosso ponto de vista várias vezes) começamos a entender uma parte do que eu chamo de amor. Mas é só uma parte mesmo porque o resto desta parte está no fato de conseguirmos olhar para aquela pessoa e enxergar seu outro lado, sempre tentando ver o mundo pelo olhar dela. Às vezes conseguir, às vezes não, mas nunca desistir. E sinceramente acho que se compreendêssemos toda vez, perderia a graça e o desafio de amar não seria o melhor do mundo.

domingo, 12 de junho de 2011

Aos talentos perdidos


Existem algumas pessoas que se esquecem durante a vida. Não completamente ao ponto de não gostarem delas mesmas, mas de esquecer o que elas realmente querem ser. Elas podem e devem mudar de opinião e de sonhos várias vezes na vida, mas não abandoná-los por insegurança. Ser o tipo de pessoa que se esquece é quando colocamos aquele sonho que almejamos trancado tão lá no fundo, que esquecemos que ele existe. Mas ele não desaparece. Ele vem à tona justamente na pior hora. Ou não. Às vezes na hora certa de mudar, de chutar o balde e resolver ser aquilo que sempre se quis ser.

Hoje as pessoas buscam sempre por dinheiro, o que não é algo simplesmente consumista. É apenas questão de conforto e eu não julgo as pessoas que querem ter bastante dinheiro, para nunca terem dor de cabeça na hora de pagar as contas, viajar quando e quanto tempo quiserem. O problema é que nessa vida, uma coisa vai cobrindo a outra e o que era sonho, passa a ser descartável, tendo que seguir o que é já é garantido. E eu me pergunto. Garantia de que? As pessoas têm medo de se exporem ao ridículo, se exporem ao que as pessoas julgam, deixando de ser o certo para elas e sendo o certo de alguém. Por isso todo mundo parece sempre tão frustrado com tudo. Estão sempre reclamando do que são, do que fazem e do que poderia ter sido feito. E o problema é que quando esse sonho volta, elas nunca têm coragem de encará-lo de novo. Sempre estão muito velhas, muito cansadas, muito acomodadas para mudar e seguir em frente. Elas estão sempre com medo de que não dê certo. O que também não acho que seja covardia, apenas humano. Às vezes a vida não permite mais que erremos. Mas o pior é que ainda vamos errar e muito. Por isso eu acho que por mais difícil que seja, mudar para si próprio, para se sentir melhor nunca é desperdício de nada, muito menos de tempo. O fato de deixarem de lado aquilo que mais desejam é absurdo porque essa força é maior do que qualquer pessoa.

Existem tantos, mas tantos talentos perdidos por aí que nem se imagina. As pessoas querem ser o que nunca se imaginou ser. Se todos fizessem o que gostam como profissão ou até como hobby, o mundo seria mais feliz. E com certeza existiriam ainda todos os empregos. As pessoas, que são tantas no mundo, querem ser tudo. São pessoas tão loucas por aí e na verdade tão sãs. O que para você parece ser loucura, pra ela é a melhor coisa do mundo. Por isso existiria todo tipo de profissão e todo tipo de gente, porque as pessoas são diferentes em si. Tão iguais e tão diferentes ao mesmo tempo. Isso que é a coisa mais interessante quando nos relacionamos com qualquer ser humano. Todos têm sonhos, todos têm segredos, todos têm um passado. Todas as pessoas são transformadas pelo que existe ao redor e deixam de ser o que querem ser por vários motivos: Dinheiro, medo, preguiça, insistência, por outras pessoas falando que isso é errado, que não vai levar a nada, que sonhos são feitos apenas para sonhar. Pobres pessoas que ajudam a esconder, não descartar, o sonho dos outros, porque pela pessoa ele nunca será descartado por completo. Muitas vezes não é por mal, mas por medo também. Medo de ver a pessoa sofrer. Mas esse medo é tão imbecil porque todos nós vamos sofrer em algum momento da vida. Vamos sofrer seguindo nossos sonhos ou não. A única diferença é que sofrer pelo nosso sonho vai sempre valer mais a pena do que sofrer quando não se quer mais nada.

Outra coisa que deixa qualquer pessoa insegura é o fato dela amar aquilo, mas não se achar boa o suficiente. Ou até se achar boa o suficiente, mas não o bastante para subir na vida com aquilo. Mas ninguém, nem a pessoa mais talentosa do mundo, sobe e fica no topo, se não houver muito treinamento, técnica, batalhação, humildade, perseverança e muita, mas muita vontade. Posso até estar enganada, mas acredito que quando se deseja muito algo e quando se faz o que ama existe a probabilidade de ser o melhor do mundo. E cá pra nós, não é uma probabilidade baixa.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Às vezes eu fecho os olhos e peço baixinho pra o que eu quero aconteça. Eu rezo baixinho, quase chorando, com o coração apertado. Rezo pra Deus, universo, Iemanja. Tanto faz. Eu só peço. É baixinho, mas dentro de mim é um grito.Um grito tão alto que o mundo inteiro parece escutar. Como eu quero tanto isso. Viver disso. Viver da minha arte. Pra minha arte.
"Desejo é pouco. O que eu almejo não tem nome"
"Vai ver que se aborreceu com coisas bobas, que teve alegrias das quais tinha esquecido, que amores que pareciam eternos não foram tão eternos assim, que as coisas passam, que é fundamental ter esperança e que a vida vale a pena, sempre." Danuza Leão, minha ídola pra sempre.
rasgue as minhas cartas e não me procure mais. assim será melhor, meu bem.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Adriana também samba

A sua nova namorada, querida
Pode ser linda e safa
A sua nova namorada, morena
Pode ser magrela, pode ser retinta
Porte de gazela, olho de leoa
Ser muito versada e hábil com a língua
Do tipo que domina idiomas
Mas ela não samba
Ai, ela não quebra
Ela não balança
Ela não judia
O amor é hiper quântico, sim senhora
E eu devo lhe fazer falta numa dada hora
A sua nova namorada
Pode ser só sua
Mas ela não samba
Ai, ela não quebra
Ela não balança
Ela não judia
Já reparô?
(CD de samba da Adriana calcanhoto ta demais!)

terça-feira, 24 de maio de 2011

"Transito entre dois lados. De um lado, eu gosto de opostos. Exponho meu modo. Me mostro. Eu canto para quem?"

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A arte cura tudo. Os problemas mal resolvidos se tornam grãos de areia com arte.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Volta inesperada

Quando eu abri a porta dei de cara com aqueles olhos castanhos bem profundos e aquele cabelo loiro meio bagunçado. Ele vestia a jaqueta de couro que eu mais gostava, a que me fez ficar mais apaixonada por ele há quatro anos atrás. Ele usava a mesma jaqueta no primeiro dia que o conheci. Quando a campainha tocou eu não esperava por ele, por isso nem me dispus a olhar no olho mágico. Erro fatal da minha vida, claro. Se eu tivesse olhado, talvez tivesse tempo para me preparar, pensar um pouco ou até mesmo não abrir a porta, que era o que eu deveria ter feito. Foi tão rápido que nem deu tempo de ficar nervosa. Nem deu tempo de sentir aquele frio que desce pela espinha e para no seu estomago, pesando.
- Tava esperando alguém?
Não respondi. Várias respostas se passaram na minha cabeça por um segundo. Abri e boca e fechei novamente senão iam sair todas as frases emboladas em uma só. A reação mais retardada que um ser humano pode ter quando o melhor que tem é ficar calado. Graças a deus foi o que eu fiz. É claro que eu esperava outra pessoa. Ou ele acha que eu fiquei plantada na porta de casa esperando por ele todo esse tempo?
Para cobrir sua pergunta, fiz outra.
- Que que você ta fazendo aqui?
Não era isso que eu queria perguntar. Queria perguntar um milhão de outras coisas, mas essa foi a única coisa que eu consegui perguntar em questão de segundos.
- Vim te ver.
ah, jura? Você está na porta da minha casa e viria aqui pra que se não fosse para me ver. Pegar suas coisas não, porque você já levou todas embora. As que sobraram eu mesma entreguei. Como se fossem muitas coisas também... uma escova de dentes velha, uma calça de pijama xadrez e 2 livros que ele me emprestou. Aquela frase me deixou meio tonta. O "vim te ver" ficava rodando dentro da minha cabeça, buscando alguma informação onde ela pudesse se encaixar, mas não achava nada. Eu falo para ele entrar ou mando ele ir embora?
- Quer entrar?
Já era. Ele entrou e já sentou meio sem jeito no sofá. Com ele ali parecia que o tempo tinha voltado ou como se nada tivesse acontecido. Eu fiquei em pé, olhando para ele sem dizer uma palavra.
- Você ta mais bonita do que nunca.
Continuei olhando.
- Por onde você andou esse tempo todo?
Foi o que eu consegui dizer.
- Te procurando.
Babaca. Eu sabia que era mentira, mas no fundo queria acreditar que era verdade. Queria acreditar que ele tinha uma explicação extraordinária para o que aconteceu e falasse que nunca deixou de me amar nem por um segundo. Mas a gente sempre sabe que não é verdade e que não existe explicação nenhuma. É só a vida nos dando mais uma de suas voltas e rasteiras.E Pior que eu ainda assim escorrego em todas. Essa era mais uma daquelas frases que de tanto a gente querer que seja verdade, acredita. Essa verdade mal acreditada acabaca com a gente, pois nos julgamos por acreditar em uma coisa tão absurda e aquilo vai nos corroendo.
- Acho melhor a gente conversar uma outra hora.
-Ta bom, vou esperar o tempo que precisar para conversarmos de novo.
Sorri, mas eu não queria. Me dirigi à porta e a abri olhando pro chão. Ele segurou meus braços, me deu um beijo no rosto e saiu. Fechei a porta, sentei no chão e chorei.
To te querendo como ninguém. To te querendo como Deus quiser. To te querendo, como eu te quero. To te querendo como se quer...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Vida de atriz

Se eu não tivesse escolhido essa vida de atriz, eu não seria tão feliz.

Carta de Fernanda Young para mim

A Fernanda Young escreveu essa carta e publicou. Eu tive CERTEZA de que era para mim. Mas como? Ela nem sabe quem eu sou! Li de novo. Ela dizia coisas que eu sabia, mas que às vezes, precisam ser repetidas. Então eu percebi o óbvio. Esta carta era pra mim e para todas as pessoas. Todas as pessoas que já passaram por esse momento. Para todas as pessoas que não passam desse momento e continuam lá. Para todas as pessoas que vivem esperando. Logo notei que o título dizia tudo sobre a carta e principalmente para quem a Fernanda tinha escrito. Era simplesmente " Aos que esperam cartas":


"Oi, tudo bom? Infelizmente, esta carta não é de quem você esperava. Mas, como eu sei direitinho como você se sente, talvez traga boas notícias.

Olha, desculpa minha sinceridade, mas a vida é muito curta para fi car aguardando pelos outros. Se quem você aguarda realmente se importasse com você, já teria dado algum sinal de vida. Parta para outra.

Já reparou numa certa pessoa que você conhece e tem uma quedinha por você? Não posso dizer quem é, mas pode ser alguém que trabalha do seu lado ou que mora perto da sua casa ou que freqüenta um mesmo lugar. Sei que se trata de uma pessoa bem legal, vale a pena procurar saber quem é.

Fique de olho, tem um monte de gente reparando em suas qualidades. Aposto que, se você olhar em volta, neste instante, tem alguém olhando disfarçadamente para você. Pode não ser o seu tipo, mas já é uma dose de auto-estima, substância da qual você carece.

A verdade é que, enquanto você estiver assim, nessa interminável agonia, esperando notícias que nunca chegam, vai deixar passar várias possibilidades interessantes ao seu redor. Claro, ninguém se compara a quem você aguarda, mas quem você aguarda não está disponível no momento. Poderá, inclusive, nunca estar, apesar de tudo o que foi dito naquele dia. Pessoas que somem não são confi áveis.

E, mesmo que você tenha certeza absoluta de que não se trata de desprezo, que deve ter acontecido alguma coisa, que esse sumiço tem alguma explicação, não adianta nada você fi car aí esperando. Corroer-se de ansiedade não vai apressar a resolução do problema, seja ele qual for. Então, desencana.

Dá uma esquecida desse assunto, tenta focar as energias naquilo que depende da sua vontade. Caso seja necessário, para tirar de vez essa história da cabeça, mande você uma carta esculhambando e colocando um ponto fi nal na questão.

O fato é que não dá para você continuar assim, desse jeito. Está todo mundo comentando.

Ninguém tem coragem de dizer isso para você, mas todos concordam comigo. Já chega.

Além do mais, se for para ser, será. Um dia, quando você menos espera, pinta um reencontro, sei lá. Mas até esse possível reencontro fica mais difícil se você não se abrir de novo para o lado inesperado da vida.

E, cá entre nós, se a pessoa que você aguarda é quem eu estou pensando, também não é nenhuma belezura assim. Você arruma coisa melhor.

Mande notícias, ficarei aguardando."

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Para você que saiu da minha cabeça

Estou muito, mas muito feliz que você foi embora. Não lembro mais de você e nem dos momentos bons que passamos. Até lembro, mas esqueço rápido. Obrigada por ter vindo, ter participado da minha vida e ter me proporcionado alegria, mesmo que por pouco tempo. Mas agora estou em outra. Quero uma coisa diferente, sabe? Uma proposta nova. Eu mudei e você mudou. Acho que eu mudei pra melhor. Estou mais crítica, mas ao mesmo tempo aceitando outras coisas. Coisas boas, eu diria... Coisas que valem realmente à pena. Você eu não sei. Achava que tinha mudado pra pior, mas eu nem te conheço mais. Quem sou eu pra te julgar? Às vezes o seu melhor, é o pior pra mim. Vai saber... Espero que você esteja bem e entenda que as coisas duram o tempo que elas têm que durar. Se acabou, acabou. Não existe sentimento nenhum no mundo que resgate o tempo perdido. As lembranças devem ficar no lugar onde elas sempre estiveram. No passado. A partir do momento que tentamos ser de novo aquilo que fomos, nos perdemos outra vez. Foi o que tentamos fazer. Pelo menos eu tentei e falhei. Poderia ter tentado outra coisa, uma coisa diferente, quem sabe melhor? Mas ninguém está disposto a fazer isso quando se está cego por lembranças. Agora não quero mais tentar ser nada. Não quer dizer que fui fraca de desisti. Eu só não estou mais a fim de investir em você. É complicado fazer isso com alguém que não se importa muito, ou sei lá, às vezes finge que se importa, às vezes finge que não. Agora gosto de lidar com pessoas mais diretas. Jogar também cansa... Estou investindo em outra pessoa agora, que ainda não é lembrança, mas um dia vai ser. Pode ser lembrança de uma noite, mas já é suficiente para atrapalhar um ano inteiro. Mas não vou cometer o mesmo erro. Sei que não. Agora estou mais focada no presente. Se eu souber o que eu quero, vou em frente. Nem sei por que estou te falando tudo isso, mas é bom você saber (e já reparou) que eu não estou mais no seu pé. A única coisa que eu peço, por favor, é para não me atrapalhar mais com seus altos e baixos, idas e vindas. Sei que quero algo diferente, mas ainda não sei bem o que é. Vou ter tempo para descobrir. Mas sei exatamente o que eu não quero e o que eu não quero mais é você.
Espero que você entenda e não se sinta mal com tudo isso que eu falei. Não guardo mágoa alguma e já te perdoei por tudo, até pelas noites em claro que você me fez passar. Foi ótimo tudo que vivemos, juro! Mas como já dizia Lulu Santos, "Não imagine que te quero mal. Apenas não te quero mais" ( Frase clichê, mas que nunca vai deixar de ser incrível).

domingo, 17 de abril de 2011

O mito do "eu te amo"

"Eu te amo" falei para ele com 3 meses de namoro. Os olhos dele se abriram mais, demonstrando espanto. Ficou assustado, mas não queria demonstrar isso. Ele era aquele tipo de cara que quer sempre parecer seguro. Mas não é nem um pouco. Não fiquei com vergonha nem nada. Sabia o que eu estava dizendo. Ele sorriu, mas de boca fechada. Deu pra ver que ele não estava à vontade com a situação. Me abraçou. Mas eu sabia que era só para não ficar olhando para o meu rosto. Me abraçou forte e ficou um tempo assim. Não me importava que ele se sentisse assim. Cada um tem seu tempo de amar. Depois desse dia,eu falava todos os dias o quanto o amava. Ele nunca falava que me amava de volta e nem tocava no assunto. Sei o que ele pensava, mas falar de amor é algo que às vezes causa certo receio nas pessoas. Acho besteira, mas como ninguém consegue explicar o amor, ele acaba virando um mito. Como algum dia eu vou saber se o meu amor é igual ao seu? Porém, achei melhor ele não tocar no assunto, pois seriam apenas explicações e justificativas de porque ele não me ama também. “ Está muito cedo. Ainda não deu tempo de amadurecer o sentimento. O amor é algo que cresce junto. O amor vai surgindo devagar”. Tudo muito relativo,óbvio. Já julguei pessoas antes, que acabaram de se conhecer e juram que se amam. Como? Ninguém se ama em duas semanas. Mas quem sou eu para ter certeza disso? Eu não amo em duas semanas, mas amei em três meses. Me julgaram também. Quem ama em um ano e meio me julgou. Ele, no caso. Foi o tempo que demorou para ele me dizer “eu te amo”. Não foi fácil. Não foi simplesmente olhar nos meus olhos e falar “ eu te amo”. Ele demorou exatamente 40 minutos para me explicar que me amava e eu já sabia o que ele queria dizer na primeira frase. Achei graça até, foi bonitinho. Mas ele fez um discurso para dizer o quanto ele me amava e que agora poderia afirmar isso com certeza.Nunca fiquei esperando me ele declarar seu amor. Fiquei feliz quando aconteceu e eu sabia que era verdadeiro. Mas o meu também era e eu só disse o que eu queria, quando eu queria e pronto. Sem mistério. Sem medo. Sem julgamento.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Arte de palavras

As palavras são uma das coisas mais lindas que já foram criadas. O engraçado é que às vezes as palavras não conseguem explicar a dimensão da beleza de certas coisas. Elas próprias são um exemplo disso.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Pra você que tentou sumir

Hoje eu tive um sonho estranho. Sonhei que você me amava e me escrevia uma carta pedindo desculpas por ter sido tão egoísta, por ter fingido que não se importava. Entrou em desespero quando eu falei que não queria mais, que pra mim bastava de sofrimento. Tinha uma cachoeira bonita no sonho e lá você me falava algumas coisas que por mais que eu tente lembrar não consigo. São aquelas frases de sonhos que ficam perdidas, aquelas imagens meio turvas, mas que parecem tão reais enquanto é sonho. Apenas sabia que você estava arrependido e que queria meu mundo de volta. O mais esquisito é que ontem eu nem pensei em você antes de dormir, mas mesmo assim você resolveu voltar. Acordei e você não estava lá, como eu já suspeitava. Como sempre foi. Ou não?

domingo, 13 de março de 2011

Carta de Roberto para mim

Um dia a areia branca
Teus pés irão tocar
E vai molhar seus cabelos
A água azul do mar

Janelas e portas vão se abrir
Pra ver você chegar
E ao se sentir em casa
Sorrindo vai chorar

Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma história pra contar
De um mundo tão distante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Um soluço e a vontade
De ficar mais um instante

As luzes e o colorido
Que você vê agora
Nas ruas por onde anda
Na casa onde mora

Você olha tudo e nada
Lhe faz ficar contente
Você só deseja agora
Voltar pra sua gente

Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma história pra contar
De um mundo tão distante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Um soluço e a vontade
De ficar mais um instante

Você anda pela tarde
E o seu olhar tristonho
Deixa sangrar no peito
Uma saudade, um sonho

Um dia vou ver você
Chegando num sorriso
Pisando a areia branca
Que é seu paraíso

Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma história pra contar
De um mundo tão distante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Um soluço e a vontade
De ficar mais um instante