quinta-feira, 1 de julho de 2010

Foto Praia

Em uma das minhas aulas de teatro, a professora nos propôs um exercicio diferente. Acho que era para estimular a sensibilidade e testar nossa racionalidade. Ser racional é algo que no palco não é muito bom (nao entenda isso como ausencia de pensamento), pois ficamos travados pensando se está bom ou ruim, se está certo ou errado e o propósito é se entregar,dentro de certos "padrões",e se sentir livre. A Intensão é deixar fluir, pois é daí que surgem as coisas mais bonitas. A gente precisava se sentar em um canto da sala e escrever imediatamente tudo que viesse na nossa mente. Escrever sobre a primeira imagem, as primeiras frases, sem pensar em como ia ficar. A primeira imagem que veio em minha cabeça foi uma praia, parecida com um quatro que tem na casa da minha avó. O texto,sem muito nexo, é claro, ficou assim:


A praia nao me diz nada. Fico aqui esperando uma resposta de algo que nao sei como perguntar. Vou deixar levar. Só consigo pensar em voce mar, me leva,me leva, me leva. Como uma foto antiga, só me lembro de voce quando eu fecho os olhos. Tira daqui esse riacho que leva as folhas do vento. Se eu pudesse te ensinar a tecnica do ensaio do mar, quantas almas voce teria?
-Tem algum bicho aí, mar?
-Sei lá, um tipo de fada das águas. Tereza é o nome da rainha que vem de longe.
Sento no mar. Agua parada, turva, sem sentido.
- Quem vier terá o céu, o mar, a vida.
- Eu só quero me entregar pra onda que me leva sem medo.
- Vai pra rua do coqueiro. Lá tem vida, nao fica mais aí. Vem pra cá, vou te ensiar o bom de nadar.
- Nao some na veia dessa cidade de concreto. Seu lugar é aqui comigo.
Areia molhada, bate a onda no meu pé. nao sei sair, minha casa é aqui.
- Chora, lagrima é agua do mar também salgada.
- Livro da vida distante,nem chega aqui.
- Se vier, nao vai querer voltar pra lá.
- Pelo menos é ela quem vem andando de pé firme. decisao feita.
- Ta escuro. A foto vai envelhecer. Nao é o rio, é a praia sem fim.
- Toma conta de mim que eu resto eu ja deixei pra lá.
- Serena, sereia que vem sem asas, sem pés.
- Queria fazer parte da sua história.
- Que a dor que prende meu pé aqui, estancado, me leve pro resto do mundo.
Ouvi um dia, um cheiro de mel que saia e dizia com jeito de melodia que a vida canta quando a gente nao espera.
- Espero que voce dance pela rede de palha.
- Eu volto pra ficar, minha casa, parede vermelha. quero chao pra pisar.