quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Ainda pulsa

Abri o pacote que chegou do correio e chorei por três dias consecutivos. Chorei desde o momento que eu toquei no pacote e meu coração bateu mais forte porque tinha seu nome escrito em letras de forma. Chorei porque o que eu tinha em minhas mãos era mais do que todas as palavras de amor que eu já recebi na vida. Naquele momento eu entendi porque eu gostei de você desde o começo. Entendi por que eu fiz tudo que fiz por você. Era por isso que eu nunca tinha te esquecido.

Era meu livro preferido, aquele que eu demorei duas horas contando a história e explicando por que ele era tão sensacional, tomando cerveja quente e esperando que você entendesse do que eu estava falando. O livro era velho, dava para ver que ele tinha vindo de algum sebo. Você disse que preferia livros que vinham de outras pessoas porque eles carregavam além da própria história do livro, a história da pessoa que ele tinha pertencido. Os livros eram uma forma de passar a história do mundo de geração em geração. A gente vai embora, mas nossas ideias ficam. Por isso você pediu para eu nunca parar de escrever, para que assim eu continuasse existindo para sempre.

Abri o livro e o cheiro de papel velho me fez chorar mais e mais. Aquele cheiro que fazia a gente lembrar a infância, a biblioteca antiga. Aquele cheiro me fazia lembrar que as histórias passam, mas que os cheiros ficam guardados na nossa memória, para que a gente volte no tempo.

“Alguém distante continua pensando em você. Não foi amor, mas ainda pulsa. Escreva sobre a gente, então estaremos juntos em algum lugar”

Era o que estava escrito na primeira pagina direita do livro, escrito à mão, de caneta preta. Era sua letra e eu chorei mais e mais e mais. Chorei porque não entendi como duas pessoas se gostaram tanto por 46 dias, mas tiveram que se separar por motivos que até hoje não entendo. Algumas coisas só não foram feitas para durar, senão elas estragam. E você ficou guardado aqui dentro de mim. Tentei não mexer muito nas lembranças, sempre tentando me apaixonar mais por outras pessoas. Mas você desconstruiu todas as minhas definições sobre amor. Nunca encontrei o amor verdadeiro e espero nunca encontrar se ele for diferente do que eu senti. Você não foi amor, mas foi aquele que não morreu em mim. Foi aquele que ficou sem motivo aparente, que não deu tempo de ser modificado na minha cabeça. Você ficou porque não virou amor e ainda pulsa. Acho que vai pulsar pra sempre.

2 comentários :

Criscosta disse...

Cada dia escrevendo melhor, como posso dizer: Marcela, adoro te ler.
Beijos minha linda

Anônimo disse...

ADOREEEI!! ASS: DUDA