"Eu sou nostálgica demais, pareço ter perdido uma coisa não se sabe onde e quando."
Personagem Ângela da Clarice Lispector no livro "Um Sopro de Vida".
Às vezes enquanto eu estou lendo esse livro eu fico na dúvida se Ângela sou eu. Entro na paranóia de que eu escrevi todas aquelas palavras e que tudo que eu estou lendo na verdade é um espelho, escrito por mim. Tão eu, tão todo mundo que se perde todos os dias na loucura de ser um milhão dentro de um só. Logo depois eu percebo que o autor* de Ângela se perde assim como eu. Ele não sabe se ele é ela ou se ela é tudo aquilo que ele é e que gostaria de falar. Ângela sou eu, o autor, você e Clarice. Todos somos Ângela. Aquelas palavras vomitadas que queremos dizer e que saem hora ou outra, mas sempre ficamos na dúvida se somos nós mesmos que estamos dizendo tudo aquilo. Então criamos outro personagem, uma mascara e viramos outro. O outro que somos nós. O outro que não queremos ser, mas somos.
* Autor é um dos personagens do livro.
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