terça-feira, 15 de maio de 2012

O país da mulher pelada



O Brasil é conhecido como um dos países mais liberais do mundo, onde as mulheres andam sempre muito à vontade com suas pernas e peitos de fora. Seria excelente se fossemos um povo tão bem resolvido assim. Mas não. A verdade é que passamos essa imagem, mas nenhuma mulher sai à rua mostrando o corpo sem ser julgada.

Sinceramente, eu gostaria de entender qual é o problema em mostrar o corpo humano. Não era mais para existir essa ideia de que gente pelada é coisa feia. Principalmente no Brasil, em que no carnaval temos uma mulher linda sambando na TV e usando só tinta para se cobrir. Não acho que isso seja uma forma de vulgarizar a mulher, mas sim de mostrar como tratamos a nudez de forma natural. O justo é tratar gente pelada como uma coisa normal e não como algo ofensivo. Seria muito bonito se fosse verdade e se pudéssemos sair cobertas apenas de tinta em épocas fora do carnaval, mas se usamos uma saia um pouco mais curta, todos os olhares preconceituosos caem sobre nós. Essa é a questão de usarem mulheres peladas na mídia. É lindo na TV, mas na rua é vulgar. Não queremos que a Globeleza pare de dançar pelada, nós só queremos dançar peladas como ela sem sermos taxadas de vadias.

As mulheres têm a liberdade de se vestir como quiserem, mas não existe nada mais recriminatório quanto uma palavra ofensiva. A nudez nem sempre precisa representar algo sexual. Muitas vezes ela é uma forma de se expressar, como a arte. Outras vezes ela não quer dizer nada. As coisas nem sempre precisam ter uma explicação. Não acredito que no “país liberal”, em 2012, ainda temos esse tipo de discussão sobre a nudez ou mulheres que se vestem com “certos tipos de roupas”.

Em outros países já vi várias vezes pessoas andando de biquíni, fazendo top less, peladas e aproveitando o sol sem serem julgadas. Porque as pessoas deveriam andar como elas querem e o corpo é uma parte de nós. Fazer o que? O que é bonito é pra ser visto. Mas infelizmente aqui, no país tropical, onde temos as pessoas das cores mais variadas e bonitas do mundo, vivemos uma cultura em que as pessoas dizem que no inverno “ficamos mais elegantes”. Pra mim, a nossa elegância está na nossa pele. E não existe nada mais bonito do que assumir o corpo que tem e exibi-lo por aí sem ter vergonha dos olhares antiquados, carregados de preconceito.

Sinceramente, espero que a gente cresça mentalmente e não continue discutindo sobre assuntos que deveriam ter sido resolvidos no século passado, ou no mínimo na época da revolução sexual. Espero ainda viver em um país que seja menos machista e repreendedor.

2 comentários :

Unknown disse...

Bom dia, Marcela.

Não falarei de questões morais e éticas, pois essas mudam de geração em geração, somente de questões práticas.

Algumas coisas eu quero realmente entender:
Não sei se ainda você pensa dessa mesma forma ainda, pois o post foi a quase um ano.

Tá. “A imagem do Brasil vista por outros países”,”samba”,”globeleza”,”carnaval”,”o que é bonito é pra se mostrar”, quem é que vende esse produto? Rede global de televisão?

Por acaso essa questão de usar ou não usar roupa, usar roupa A e não roupa B, não seria de âmbito única e sensitivamente pessoal?

Gente pelada é coisa feia? Bom pode acontecer como aquela propaganda: “Tira, Tira, Tira”. E depois “Põem, Põem, Põem”. Seria trágico, mas já inventaram padrões de beleza para aqueles “não tão belos” não passarem por essa situação um tanto incomoda.

Como da mesma forma que a sociedade me diz: Usa-se fraque ou meio-fraque, para eventos de casamentos e não calção de banho, sendo assim não é lógico que devo ir ao casamento com roupa apropriada, salvo casamento não sendo convencional?

Porque devo usar saia justa para provar que sou sexualmente resolvida ou liberta de questões sociais? Não seria porque me sinto (eu iria falar “me sinto bonita”, mas vaidade...) bem e confortável vestida assim?

Sendo eu sexualmente resolvida, porque devo relatar que sou usando ou não usando um tipo roupa para transpor esse minha conquista? Faço isso para abrir os olhos do pessoal tupiniquim, o como estão “atrasados” nessa questão, por isso minha atitude magnânima de informá-los e mostrar-los o certo do errado?

Se eu passeio na Beira mar, vestida com uma roupa, saia curta, e os homens mexem comigo, eu não sabia, eu não queria ou não era essa a intenção? Mesmo sabendo que isso causa efeito para a maioria dos homens?

Eu estando em um grupo, onde as pessoas não se sentem a vontade comigo por estar vestindo uma peça de roupa inapropriada para a ocasião, segundo o grupo, devo permanecer e impor minhas razoes pessoais ou sair?

Maturidade sexual é definir-se heterossexual, homo ou bi?

Quando nudez nunca quis dizer nada? Acaso homens, saindo pelados de suas casas para trabalho, seriam ou não um atentado ao pudor? Porque foi criado lei para esta questão?

Que país que você foi onde tinha uma mulher fazendo topless andando pelada não foi julgada? Uzgozobróvia na Gozolândia? As pessoas não viram, ou não quiseram ver? Acaso você sendo onisciente não julgou o momento e as pessoas no instante do presente ocorrido, a mesma, uma atitude correta?

E a história da moda? E a estória da carochinha? Por acaso, esquecesse das questões históricas e contemporâneas, e sua importância pessoal e social sobre tipos roupas e o uso delas?

Eu, estando com muito calor, devo ligar o meu ar ao máximo, ir a praia ou sair nas ruas pelado sabendo que no Brasil é crime? E mesmo não sendo crime, minha intenção pura e exclusivamente refrescar-me sabendo das questões instintivas do ser humano?

Vamos então levantar a bandeira da liberdade sexual, por que estamos perdendo muitas ações na bolsa de valores. Marchas, este é o caminho.

Nem sempre o que é belo e bonito é bom e faz bem a todos.

O que é bonito não é pra se mostrar. É pra se preservar.


Itanaí

Marcela Picanço disse...

Oi Itanaí, acho que você não entendeu muito bem o que eu quis dizer. Não estou falando pra gente sair pelado. Só disse para gente sair com o que nos deixa confortável e que isso não deveria incomodar uma pessoa na rua que nada tem a ver com você. Corpo é corpo, não é crime.