Pessoal, esse blog agora migrou para o derepentedacerto.wordpress.com
Não vou apagar esse por enquanto, mas depois ele deve sumir. Então, continuem acompanhando por lá :)
"Sometimes there's so much beauty in the world, I feel like I can't take it, and my heart is just going to cave in"
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
segunda-feira, 30 de junho de 2014
A incrível geração que generaliza as relações (mentira, isso sempre existiu)
Há dois textos controversos circulando pela internet. Ótimos,
por sinal! Acho que existem pontos verdadeiros e interessantíssimos nos dois.
Um deles é da colunista Ruth Manus e outro da minha amada Mariliz Pereira Jorge,
que tem uma coluna ótima na Folha de São Paulo. O texto da Ruth diz que existe
uma geração de mulheres independentes que são tudo que um homem não quer e o
outro texto rebate, falando que existe sim homem que goste de mulher
independente, que isso não é motivo para estar sozinha. Resumindo friamente, os
dois tentam apontar explicações para uma das maiores crises da humanidade hoje:
o medo de ficar sozinho. Um deles fala que muitas mulheres estão sozinhas
porque são independentes e os homens não estão preparados para essas mulheres,
o outro fala que na verdade quem está sozinho é porque é chato, afinal tem um
monte de homem bacana, procurando mulheres independentes, dando sopa.
Acho que essa é uma discussão válida em alguns aspectos, mas,
no fundo, não passa de um debate vazio e generalizador. É errado e muito
perigoso querer apontar um problema geral explicando por que as pessoas estão
sozinhas. As mulheres que estão sozinhas não estão porque simplesmente são
independentes ou chatas, mas provavelmente porque essa pessoa não está
realmente aberta para encontrar o tal amor da vida, se é que isso deveria
existir... Talvez ela só não esteja preparada para conhecer alguém que mexa
tanto com a sua cabeça, ou que a faça ter vontade de desmarcar compromissos pra
ficar com um cara, ou porque ela não se acha boa o suficiente, ou porque não
tem tempo, ou porque não esqueceu um amor antigo, ou porque simplesmente não
quer. São inúmeros motivos e eu poderia ficar citando-os por horas. Vale ressaltar
aqui que esse problema com a solidão assola também a vida dos homens. A gente
que tem essa mania boba de achar que toda mulher quer casar, encontrar o amor
da vida. Mas a verdade é que todos nós, homens e mulheres, buscamos um ombro
pra encostar quando chegamos em casa.
As pessoas que estão sozinhas, no fundo, sabem por que estão
assim. E essas tentativas de resposta são para nós mesmos nos enganarmos e
acharmos que tudo bem, estamos sozinhos por um mal generalizado. Mas não. Às
vezes, você está sozinho simplesmente porque não teve tempo de descobrir no
outro, algo que te faça esquecer dos problemas. E não é fácil não. Não é
questão de beleza, riqueza ou inteligência. A gente se apaixona por coisinhas
inexplicáveis e por isso o amor é tão mágico. Mas como a gente vai ver beleza
nas simplicidades do outro, se a gente não vê nem nas nossas?
Agora desliga
esse seriado que você tá vendo, põe sua música preferida pra tocar e saia por
aí sem a intenção de procurar alguém. Ou quem sabe, pra procurar por você
mesmo. Encontrar aquele eu que te faria se apaixonar, aquele seu eu que você
morre de saudade. Sai por aí pra ouvir um pouco o outro, pra entender mais
sobre o que você não sabe. Sai por aí tentando entender você. Sem essa de
generalizar. Você não está sozinho por ser chato, gordo, independente, egoísta.
Você não está sozinho por nenhum motivo simples e específico. É que as pessoas
são bem complexas mesmo. Como você achou que as relações poderiam ser simples?
A gente tem que saber se doar e receber em troca. Descubra o que você realmente quer e corra
atrás disso. Garanto que a solidão vai te dar uma trégua, pelo menos por
enquanto. Afinal, não existe amor maior do que o amor próprio.
quinta-feira, 12 de junho de 2014
Dia dos namorados, a data mais cretina do ano
Entre as datas comemorativas, o dia dos namorados é uma das
mais cretinas. Claro que datas comemorativas são todas meio cretinas (tirando
aniversário, porque pelo menos uma vez no ano eu amo ser paparicada), mas o dia
dos namorados quase beira ao fracasso. Poderiam ter inventado um dia que se
comemora o amor de todas as formas possíveis, quase uma pegada Valentine’s day,
só que ainda mais focada no amor em geral. Enfim, antes que alguns comecem a me
perguntar que tipo de trauma eu sofri para não gostar de “namorar” ou falar que
eu não quero assumir meus sentimentos, eu não vim aqui criticar o
relacionamento de ninguém. Na verdade, eu estou achando bem fofinhas todas
essas fotos cheias de amor aparecendo na minha timeline. Eu amo o amor!
Mas pra mim, o dia dos namorados é completamente cretino
porque grande parte das pessoas que não está namorando, está se sentindo
completamente na merda nesse momento (mentira, hoje não porque tem jogo do
Brasil). E a grande questão é: Por quê? Claro, é super legal ter alguém, super
legal estar apaixonado e tal. Juro, eu amo me apaixonar! Mas por que a gente não
assume e tenta perceber que não estar apaixonado também é igualmente legal? E a
resposta não é “ah, melhor ficar solteiro. Posso fazer o que eu quiser”- Você
pode muito bem estar namorando e ser completamente livre pra fazer o que
quiser, contanto que você namore uma pessoa que lide bem com isso (sim, existem
várias que aceitariam suas propostas). “ah, namorar é muito complicado” – então
arrume um namoro que não seja. Você acha complicado a sua relação com seu
melhor amigo? Provavelmente não... mas isso é assunto pra outro texto.
Por que a gente acha que estar solteiro é estar sempre à
procura de alguém? É muito clichê falar que quando você não está procurando,
alguém aparece, mas a questão é que quando você está focado em você, o resto do
mundo também foca em você. Se ao em vez de gastar seu tempo procurando alguém
pra pegar na balada, você simplesmente se divertisse e bebesse com seus amigos,
alguém em um cantinho da festa iria reparar e achar você a pessoa mais incrível
do planeta. (aquele cara que você é a fim também ia achar).
E o dia dos namorados e nossa sociedade idiota é mais
cretina ainda por alimentar essa cultura onde apenas o outro te completa, o
outro é sua vida, o outro, sempre o outro. E a gente fica nesse ciclo vicioso
de querer estar namorando, mas quando namora, sofre e acha complicado demais. Como
se ficar sozinho fosse um fardo que foi dado a você. Já fiquei sozinha por
muito tempo da minha vida, levei pé na bunda e dei pé na bunda de centenas de
caras que eu achava que eram os mais incríveis da vida, mas e aí? Não me
arrependo de nenhum desses “fracassos” amorosos, porque se não fossem eles eu
não seria quem eu sou hoje e provavelmente os meus relacionamentos que deram
certo não teriam sido tão bons. Também é muito provável que eu não estivesse
vivendo o melhor relacionamento que eu já vivi até hoje, porque eu não ia ter
aprendido nada!
E o que quer dizer um relacionamento dar certo? Casar? Pra
mim, não importa se você não namorou, não noivou, não casou. O que importa é o
que foi vivido. Se foi um mês incrível, que vai deixar muita saudade, então
quer dizer que deu certo. As relações duram o tempo que elas têm que durar e a
gente não precisa ficar insistindo em algo que acabou só porque tem medo de
ficar sozinho ou porque tem medo de não encontrar outra pessoa. Sei lá, foge,
vai fazer uma viagem, vai pra lugares que você nunca foi! Não precisa sair procurando,
mas precisa estar aberto. Aberto pra conhecer pessoas de todos os tipos, para
dançar músicas que você só dançaria bêbado e para praticar um esporte que você
morre de medo. É preciso estar aberto pra você e curtir sua própria companhia.
Curtir todo o resto da vida que não é necessariamente namorar. Pode ser difícil
perceber, mas o mundo está cheio de possibilidades e de coisas para serem
feitas. É só ir atrás daquilo que você gosta de fazer!
A vida continua e vai ser incrível você casando ou não. “A
solidão é pretensão de quem fica escondido fazendo fita”. É legal ter uns
casos, escrever cartas de amor, dar uma de maluco, se desapaixonar e se
apaixonar de novo. Não é todo mundo que
casa, não é todo mundo que vai envelhecer junto, mas todo mundo alguma hora na
vida vai se apaixonar e será correspondido. Quando isso acontecer, é bom que
você esteja preparado, porque é uma felicidade das mais bonitas que eu já vivi.
Bem diferente da felicidade de ser solteiro, mas as duas são igualmente
valiosas. E sinceramente, acho que a gente só consegue ter um relacionamento
pleno, depois de entender que não há problema nenhum em ficar sozinho. Ter um
namorado pode até ser, em vários momentos, melhor do que estar solteiro. Mas
pra que isso aconteça, é preciso ter a noção completa de que vocês são livres e
que estão juntos porque querem, porque um adora o jeito do outro, ama as piadas
sem graças do outro, não entende nada do outro, mas ama mesmo assim. Se for pra
namorar, que seja de verdade, de coração, sem joguinhos, sem medo. E se for pra
ser solteiro, também.
Feliz dia do amor em todas as formas!
terça-feira, 3 de junho de 2014
Obrigada, mundo, por eu ter nascido nessa época em que eu posso desfrutar o século 21 e viver nesse ponto da Era tecnológica e da informação. É neste ponto (o agora!) que a ciência e a arte se encontraram e mudam toda a estrutura da nossa sociedade. Mudam os conceitos, mudam as opiniões e muda a cultura. Estamos vivendo uma nova "revolução industrial", mas dessa vez é 1 trilhão de vezes mais impactante do que já foi. meu tempo.
sexta-feira, 30 de maio de 2014
As portas estão abertas, só falta atravessar.
É realmente muito difícil a gente abrir os olhos e perceber
que as portas estão todas abertas, escancaradas na nossa frente. A gente pode
escolher qualquer uma, mas é muito difícil aceitar uma mudança brusca na vida. Eu
não sei se percebi isso depois que mudei de cidade e vim parar sozinha na
cidade maravilhosa, que parecia mais caótica do que bonita nas primeiras
semanas. Mas hoje consigo entender de uma forma que eu não entendia antes que,
realmente podemos escolher a vida que queremos. Não, não é fácil. Não é como
optar por comprar um picolé de limão ou chocolate, não é como optar por ir a
uma festa ou ficar em casa.
Mudar significa chacoalhar com as nossas certezas, com
nossas ideias e olhar tudo como se fosse novo. Já tive épocas em que eu amava
rotina, outras em que eu queria deixar tudo de lado e me jogar no mundo. Me
joguei. Sem a certeza de nada e com a expectativa de ser uma escritora e atriz
foda num lugar onde todo mundo quer a mesma coisa. Não vou dizer que foi
tranquilo e que não passei por noites em claro pensando o que eu fiz da minha
vida, mas na manhã seguinte eu sentia o cheiro do mar e achava que eu não
poderia estar em outro lugar. Meu lugar preferido é onde eu quero estar e agora
me sinto muito mais aberta para as mudanças da vida.
Acho que eu tivesse que me mudar pra Bogotá, São Paulo ou
Japão eu não teria problema. (Tá, Bogotá talvez não). Já me mudei antes, já sei
que final dá certo, já morei sozinha, já passei aperto, conheci gente chata e
pessoas que atravessaram minha vida e me causaram um tsunami mental. Eu sempre
gostei muito gente. Dos gostos, das opiniões, das histórias. Confesso que
também tenho muita preguiça de gente com discurso raso, mas já parei para
ouvi-las e eram pessoas com um coração enorme, apesar da cabeça pequena. É muito
difícil não julgar e mais difícil ainda quando a gente julga e quebra a cara. Mas
acho que viver é se surpreender e pra se surpreender é preciso dar chances. Para
os outros e para você mesmo. Eu tento sempre me dar uma segunda chance.
Muitas vezes, para que haja mudança é preciso que aconteça
alguma coisa que te tire da zona de conforto. Uma morte, término de
relacionamento, uma briga ou uma demissão. E quando isso acontece é muito mais
difícil perceber que as outras portas ainda estão abertas. Parece que o mundo
inteiro se fechou pra você. Só existe a sua janela aberta, olhando para as
pessoas do prédio da frente, cheias de vidas, de expectativas com o futuro. Parece
que o mundo acabou ali.
A gente vai voltando aos poucos ou às vezes dá um estalo e a
gente muda o rumo das coisas. Eu sempre gostei de mudar o rumo das coisas. Quantas
coisas falei que nunca faria e fiz. Subir num palco e interpretar um
personagem? Nossa, pensei que jamais faria isso. Eu tinha medo até de ler um
parágrafo na sala de aula da escola. Tinha muito medo de mim. Até que eu
resolvi ir testando essas portas que estão sempre abertas para a gente. Algumas
deram certo, outras eu preferia não ter aberto. Mas eu nunca saberia se eu não
tivesse tentando.
Acho que dar errado é
tão bom quanto dar certo, porque no final a gente sempre leva alguma coisa de
bom. E quanto mais portas abrimos, mais percebemos que existem outras portas
abertas e outras se abrem como uma dimensão infinita. E como eu gosto desse
frio na barriga, do medo da mudança, de saber que eu sou livre, completamente
livre pra ser o que e quem eu quiser. Sim, sim, eu sei que isso terá consequências.
Mas depois de abrir algumas portas por escolha sua, você passa a aceitar as consequências
de forma mais branda. Os resultados serão um problema seu (e de quem gosta
muito de você, que vai encarar essas consequências também, sempre! Ainda bem
que essas pessoas existem). Sei que vão falar um milhão de vezes “Não! O que
você tá fazendo com a sua vida?” A única coisa que eu sei é que eu sei
exatamente o que eu estou fazendo da minha vida. Eu estou vivendo. Porque eu
não quero nunca achar que é tarde demais pra abrir e atravessar outra porta.
terça-feira, 27 de maio de 2014
A importância da fotografia analógica, apesar do meu amor pela tecnologia
Fotografia sempre foi uma das artes que admirei. Talvez porque eu seja meio nostálgica. A foto captura um momento e parece que o sentimento todo que pairava ali, fica preso em um rolo de filme.
A fotografia analógica captura a essência do momento em que a foto
foi feita e por isso que me encantei tanto com a lomografia. Eu já tinha
brincado com a ActionSampler, mas não tinha ousado experimentar muito. Gostava
mais da ideia de ter uma foto tipo histórias em quadrinhos porque o efeito é
simplesmente sensacional, mas depois me falaram que pra começar seria melhor
usar a La Sardina.
Eu já conhecia o efeito e achava
que as fotos ficariam nada demais, mas me surpreendi completamente. Esperava o
momento exato, para tirar aquela foto especial, afinal eu só teria 36 fotos
para gastar. Depois percebi que além de esperar um momento interessante para
fotografar, o importante era não pensar na hora de apertar o clique e se jogar! O mais
legal é conseguir captar a espontaneidade do momento e se divertir com os
resultados depois.
Quando aprendi a fazer dupla exposição, não parei mais. Queria
fazer o filme inteiro juntando uma foto na outra, mas aos poucos fui aprendendo
a valorizar a foto normal e descobri que eu simplesmente amo o efeito
nostálgico da La Sardina! Por ser uma câmera grande angular e não deixar as
cores tão nítidas tive grandes surpresas ao digitalizar minhas fotos.
Depois de toda essa tecnologia
que foi invadindo as nossas vidas (amém!), mexer com uma câmera que nos faça
pensar duas vezes antes de tirar uma foto é um processo importante. É
necessário aceitar que nossas escolhas têm consequências e principalmente um
tempo para serem absorvidas. O processo de tomar cuidado ao fotografar e ficar
ansiosamente esperando as fotos serem reveladas é algo que não é nada comum
hoje em dia e infelizmente todos nós temos perdido essa essência da espera das coisas.
Queremos tudo com facilidade, rapidez, mas nos esquecemos de que a vida pede
mais do que agilidade. A vida, na maioria das vezes, pede calma e paciência pra
entender seus próprios ciclos. Quando nos deparamos com situações em que
precisamos ser cautelosos, nos perdermos. Não estamos acostumados com aquilo
que nos exige pensar e sentir ao mesmo tempo.
A fotografia
analógica me ensinou que na vida a gente só tem um momento pra aproveitar
aquele instante e pra conseguir a foto perfeita. Não adianta nada desperdiçar o
filme. Tenho aplicado isso nos meus dias e tenho tomado muito cuidado ao fazer
minhas escolhas, mas depois de fazê-las, apenas aperto o click e recebo as
consequências da melhor forma possível.
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Eu gosto do incerto
A verdade é que eu não presto. Nunca prestei pra me enquadrar naquilo que falavam que era certo. Sempre amei muito e todo mundo ao mesmo tempo. Tudo no mesmo instante, tudo misturado. Sou constantemente decifrada, mas continuam querendo descobrir meu enigma. Meu segredo é simples.
Eu gosto de gente, do segundo entre uma palavra e outra, do momento entre uma respiração e outra. Gosto do olhar nervoso que olha pro lado fingindo buscar alguma coisa na memória. Eu gosto dos dentes trincando e a mandíbula travada durante os silêncios da noite.
Eu gosto dol sol iluminando os fios de cabelo rebeldes. Sempre olhei as pessoas pelos cantos onde elas não controlam, não conseguem notar. E é aí que eu sempre me apaixono. Me encanto pelos espaços interferíveis das pessoas.
Eu gosto de gente, do segundo entre uma palavra e outra, do momento entre uma respiração e outra. Gosto do olhar nervoso que olha pro lado fingindo buscar alguma coisa na memória. Eu gosto dos dentes trincando e a mandíbula travada durante os silêncios da noite.
Eu gosto dol sol iluminando os fios de cabelo rebeldes. Sempre olhei as pessoas pelos cantos onde elas não controlam, não conseguem notar. E é aí que eu sempre me apaixono. Me encanto pelos espaços interferíveis das pessoas.
quinta-feira, 8 de maio de 2014
Meu herói no meu reino encantado
No meu reino, você seria um príncipe. Não, príncipe não. Você seria o rei. E eu faria questão de colocar você num altar bem alto e numa poltrona confortável pra você governar. Na verdade, no meu reino, você pode ser o que quiser. Você poderia ser um leão branco, que me salva das minhas encrencas. Talvez você fosse o herói. É, eu seria rainha, você rei. Nós dois seríamos heróis. Nós iríamos desbravar o mundo e salvar as pessoas delas mesmas. Você nem sabe, mas sempre me salva. Mesmo distante, consigo ouvir você cantando, quando eu vou dormir. Você vai ser pra sempre meu ídolo. Não importa se dentro de um estúdio ou num show com 1 milhão de pessoas. Vamos voar daqui e fazer arte. Você vai ser sempre minha inspiração.
terça-feira, 6 de maio de 2014
Como não cair em um discurso raso e coxinha?
Foto por Theo Gosselin |
Todo mundo opinando, todo mundo querendo ter uma opinião. Pra opinar de verdade, é preciso ter, pelo menos, mais de uma (várias) referência. É preciso questionar o que foi passado e SE questionar, que é a parte mais difícil.
Em primeiro lugar, não acredite em nada que você lê, ouve ou até vê. Pra ter certeza de alguma coisa, é melhor pesquisar antes de sair julgando e espalhando bobagens. Quantas vezes achamos que era uma coisa e era outra?
Segundo, pare de acreditar em discursos bestas. Estão falando mal da tecnologia, das redes sociais, do mundo. Pense com você mesmo: eu realmente penso assim? Se sim, por que não estou fazendo diferente?
Terceiro, não acredite em nenhum texto (ou comunicação) com verbos no imperativo. Você sabe o que é bom pra você. O autor do texto, o publicitário e seu "amigo" não sabem. Verbos imperativos querem sempre vender alguma coisa, seja um produto, um conselho ou uma informação. Escolha de quem você quer receber os conselhos, filtre tudo e escolha o que é realmente válido, porque a conta chega. No final, você vai perceber que deveria ter perguntando a SUA opinião, em primeiro lugar.
Quarto, não aceite dicas de relacionamento e nem opiniões que generalizem alguma coisa.
Quinto, os seres humanos não podem ser moldados em um texto com tópicos. As relações humanas não são simples de resolver, como uma receita de bolo. Os seres humanos são complexos e nossa época mais complexa ainda, então para, só para de querer enquadrar as coisas. É tudo tão mutável. Tenha paciência para entender o outro, para olhar, ouvir e perceber que, às vezes, não existe explicação ou funcionalidade naquilo. "A mensagem da flor, é a flor em si".
Sexto, não acredite em nada que eu falei nesse texto escrito em tópicos e no imperativo. Só quero vender minha rasa opinião e você é melhor que isso. Você consegue passar por esse texto e se questionar sobre tudo que está escrito aqui. Repense, me ache uma idiota, concorde, repense de novo e você vai saber o que será útil ou não pra você.
Sétimo, desconsidere tudo que eu falei.
terça-feira, 18 de março de 2014
A não-volta
Você não volta? Mas e seus gatos? E as ideias? Sua cidade é a única coisa que você tem de verdade. E o Mar? E as pessoas? E os amores? E as estrelas? E as supernovas? E o céu, o sol a lua? E as portas?Volta. Arte a gente inventa, transforma, desconstrói. E os índios? E o brilho nos olhos? E as ruas? E os orixás? E as criações? E os desenhos, os roteiros, as palavras que precisam de Brasil? E o universo? E o fim dos tempos? E os sons, os cheiros, os cabelos? E a pele, os risos, os carros e caminhões? E os buracos de rua, as pessoas lutando nas ruas e o buraco das pessoas? E o vazio? E a saudade? E eu?
segunda-feira, 17 de março de 2014
O brilho nos olhos
Eu sempre desconfiei que as pessoas mais bonitas que eu já conheci eram aquelas que tinham um brilho nos olhos por alguma coisa. Um cachorro,uma ideia, uma história, um projeto, um pedaço de papel ou o simples fato de que viver é uma aventura onde devemos estar sempre com os olhos brilhando, atentos, sonhando, querendo, ardendo. As pessoas com brilhos nos olhos são as que eu chamo para criar o mundo comigo. O mundo não está pronto. Ele está sendo criado por nós, dia após dia. São por essas pessoas que eu espero acordada até mais tarde, desmarco compromissos chatos, escrevo dedicatórias, paro para ouvir e me emocionar e quando chegam, sempre me pego com um sorriso estampado no rosto. São por essas pessoas que o sol espera para se pôr. São essas pessoas que veem o sol nascer primeiro. São por essas pessoas que eu percebo que viver vale a pena enquanto existir o brilho nos olhos. Tudo que eu faço, é só pelo brilho nos olhos.
quarta-feira, 12 de março de 2014
O tal João de Santo Cristo e uma estrela cadente
A gente se conheceu nos anos 80, numa tarde cinzenta e
quente. Eu vestia uma blusa do Iron Maiden, que eu roubei do meu irmão, e uma
calça jeans rasgada. Eu já tinha te visto umas duas vezes na vida e eu sabia
quem você era porque todas as meninas da cidade eram loucas por você. Mas você
me chamou atenção porque das duas vezes que eu te encontrei, você não conseguia
não olhar pra mim.
Nessa quarta-feira cinzenta, você me olhou de novo com
aquele olhar de quem não quer disfarçar. Você usava um Ray-Ban preto, mas eu
sabia exatamente a linha que os seus olhos faziam e chegavam até mim. Eu estava
sozinha, sentada na calçada de concreto, esperando quando nos chamariam para os
preparativos de maquiagem e figurino. Passamos a tarde nos arrumando e nos
esbarrando entre olhadas rápidas entre um café e outro. Te vestiram de punk,
pintaram seus olhos e rasgaram sua blusa. Eu usava um batom roxo e aumentaram o
volume do meu cabelo de um jeito que eu nem imaginava que era possível. Achei
que eu parecia um vampiro, mas gostei do que vi no espelho.
Depois de tanta espera, vi você sozinho tomando um café
naqueles copos de plástico, enquanto eu comia uma maçã e me aproximava de você,
fingindo estar louca por café também. Puxei o assunto mais óbvio e falei que o
seu cabelo de punk tinha ficado incrível e que eu queria ter sido fantasiada de
punk também. Você falou que eu não poderia ficar com cabelo de punk, porque meu
cabelo era igual o da Janis Joplin e eu jamais poderia cortá-lo. Agradeci e
falei que achei que fosse um elogio. Ele sorriu, tomou um gole de café e
confirmou. Com certeza é um elogio.
Estávamos esperando o suposto show do “Aborto Elétrico”
começar, em silencio, entre luzes, rebatedores, fios e câmeras. Várias pessoas
com figurinos dos anos 80, dançando sem música em uma boate de rock cheia de
posters de banda na parede e vozes gritando “Silêncio”, “Gravando”, enquanto todos
esperavam a fala da adorada Isis Valverde e ficavam curiosos para saber quem
era o tal do João de Santo Cristo. A gente dançou em silêncio, tentando não
fazer barulho com os pés e riu muito.
Quanto tudo acabou e a gente não aguentava mais ouvi “Moramos
na cidade”, devolvemos o figurino, agradecemos e fomos andando sozinhos
de volta até o ponto de ônibus mais próximo. O sol já começava a nascer e o céu
estava com aquela mistura de azul com rosa, que só Brasília pode nos
proporcionar. Ele me olhou, falou que sabia que a gente se conheceria em algum
momento e a gente se beijou. Eu fiquei na dúvida se aquele filme era nosso, se
falariam “Corta” no minuto seguinte, mas não aconteceu nada.
Ele me olhou de novo e disse que sabia que eu ainda ia
brilhar muito na vida. Ficou vidrado em mim, por alguns segundos, e disse que
eu era a pessoa mais bonita que ele já tinha conhecido, mas isso não queria dizer
nada. Então foi cada um pro seu lado e eu voltei pra casa com o sol nascendo em
mim. Pensei que ele deveria ser algum tipo de estrela cadente.
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
Geração Y, a geração que se esqueceu dos processos
Existe um texto que está circulando
pela internet há um tempo, afirmando que a geração y é uma geração frustrada.
Eu poderia concordar com o texto todo, inclusive com suas teorias de gerações e
o fato de que a geração Y se acha especial.Mas gostaria de ir mais fundo nessa
história.
Afinal, por que a maioria das pessoas de uma geração se acharia especial? O texto afirma que os jovens de hoje não vão à busca do que querem porque estão esperando o mundo descobrir como eles são geniais. Eu tenho uma teoria um pouquinho diferente sobre nossas expectativas e frustrações. Primeiro de tudo: sempre suspeito quando colocam características psicológicas em uma geração. Na verdade, a geração Y não nasceu espertinha, multifuncional e antenada com o mundo. A nossa geração foi obrigada a se transformar assim aos poucos, por causa de todos esses novos recursos tecnológicos e de comunicação que surgiram na última década e continuam aparecendo. Na realidade, o mercado foi quem mudou completamente de cenário e se você não seguir o que ele pede, não preciso nem dizer que você está fora dele. Pelo menos fora do mundo dos terninhos e ar condicionado. Afirmam que nós somos jovens que conseguem lidar com um monte de coisas ao mesmo tempo e que gostaríamos de trabalhar com o que gostamos o tempo inteiro. Óbvio, quem não? Eu adoraria ficar escrevendo e atuando pra sempre, mas as coisas não funcionam assim. Primeiro de tudo, a maioria de nós é medíocre. A única de diferença entre um bom e um mau profissional é que o bom profissional aquele que se dedica e corre atrás do que quer, ralando muito, fazendo 50 vezes de novo. Mas o mundo, a mídia, os bobos e nossos pais querem nos convencer de que somos todos especiais. Mas sinto informar que não somos. Continuamos inseguros e inquietos, como sempre.
Afinal, por que a maioria das pessoas de uma geração se acharia especial? O texto afirma que os jovens de hoje não vão à busca do que querem porque estão esperando o mundo descobrir como eles são geniais. Eu tenho uma teoria um pouquinho diferente sobre nossas expectativas e frustrações. Primeiro de tudo: sempre suspeito quando colocam características psicológicas em uma geração. Na verdade, a geração Y não nasceu espertinha, multifuncional e antenada com o mundo. A nossa geração foi obrigada a se transformar assim aos poucos, por causa de todos esses novos recursos tecnológicos e de comunicação que surgiram na última década e continuam aparecendo. Na realidade, o mercado foi quem mudou completamente de cenário e se você não seguir o que ele pede, não preciso nem dizer que você está fora dele. Pelo menos fora do mundo dos terninhos e ar condicionado. Afirmam que nós somos jovens que conseguem lidar com um monte de coisas ao mesmo tempo e que gostaríamos de trabalhar com o que gostamos o tempo inteiro. Óbvio, quem não? Eu adoraria ficar escrevendo e atuando pra sempre, mas as coisas não funcionam assim. Primeiro de tudo, a maioria de nós é medíocre. A única de diferença entre um bom e um mau profissional é que o bom profissional aquele que se dedica e corre atrás do que quer, ralando muito, fazendo 50 vezes de novo. Mas o mundo, a mídia, os bobos e nossos pais querem nos convencer de que somos todos especiais. Mas sinto informar que não somos. Continuamos inseguros e inquietos, como sempre.
A questão é que com toda essa bagunça
de categorizar gerações, nos fizeram acreditar que trabalho prazeroso é o mesmo
que estar de férias, mas isso não é verdade. O grande filósofo Confúcio que afirmou "Trabalhe com algo
que você goste e nunca mais precisará trabalhar na sua vida", não sabia
que estava falando uma das maiores bobagens do século, porque mesmo você
trabalhando com algo que ame, alguns dias você vai querer ficar dormindo um
pouco mais, ou ir à praia ou viajar pra uma cidade de interior pra ficar
quietinho, mas você não vai poder. Porque é trabalho e para você ser bem
sucedido no trabalho, é preciso, em primeiro lugar, trabalhar. É claro que
trabalhar com algo que nos dê prazer é uma experiência incrível, mas é muita
ingenuidade achar que isso não dependerá de esforço. Dá até muito mais
trabalho, mas a diferença é que o esforço é muito bem recompensado. E você se
sente vivo e sente que realmente faz parte de alguma coisa, que naquele momento
da recompensa você não precisa de mais nada.
O problema é que a gente,
principalmente o pessoal do meio artístico, muitas vezes trabalha muito mais e
por muito menos, por querer se inserir nesse meio e para conseguir trabalhar
com o que quer. Somos enganados o tempo inteiro e trabalhamos de graça, nos
esforçamos muito mais e sim, somos obrigados a lidar com multitarefas, porque
quem consegue fazer isso é mais legal. Só que se esqueceram de nos contar que
demitiram cinco pessoas, para contratar apenas uma, por um preço, muito, mas
muito menor, para fazer o trabalho que essas cinco pessoas faziam. E a gente
aceita, porque a gente quer chegar ao topo e a gente acha que não tem opção,
mas sempre existe outra opção.
Não é a geração Y que simplesmente é
uma geração descolada, que liga mais para ser feliz do que pra dinheiro e se
esforça pra caramba pra conseguir o que quer. Isso é o que o mundo quer que a
gente seja. Porque é mais barato e mais produtivo, é claro. A geração Y foi
transformada, assim como tem acontecido com todas as outras gerações, onde o
mundo impõe o tipo de profissional que você tem que ser.
Por isso talvez a geração Y seja mais
frustrada mesmo, mas não porque achamos que somos geniais ou porque sempre vemos que nosso amigo do Facebook tem uma vida mais sensacional que a nossa. Os
seres humanos são muito mais profundos do que tentam nos convencer de que
somos. Por isso eu afirmo que se nossa geração é mais infeliz, é porque estamos
todos perdidos e sem saber o que fazer com essa nova fase do mundo em que todas
as informações chegam para nós em um piscar de olhos. Não sabemos lidar com
todas essas opções e chances. Ninguém aprendeu a viver nesse mundo ainda. A
nossa geração está no meio de uma mudança radical da sociedade e isso é lindo,
mas ao mesmo tempo assustador. Os meios de comunicação pensam mais rápido que
nós, as distâncias encurtaram substancialmente e tudo é tão rápido, mas tão
rápido que não entendemos que TUDO tem um processo para acontecer e ser
concluído. A nossa geração nasceu em uma época onde os processos são todos invisíveis
e por isso nos esquecemos deles e aí sim, nos frustramos. Porque não entendemos
nada de processos.
Tudo chega para nós de uma maneira
muito fácil e rápida. Quero um produto, posso procurar na internet, compra-lo
online e em poucos dias ele aparece na minha casa, como em um passo de mágica.
Não pensamos que alguém vai receber aquele pedido, vai colocá-lo manualmente em
uma caixa, fará a nota, o recibo e uma porção de processos burocráticos. Ainda
não são as máquinas que fazem tudo. Sempre tem alguém mexendo nos processos
para as coisas funcionarem. E isso é só um exemplo. Talvez você já tenha
pensado sobre tudo isso, sobre o processo das coisas, mas ninguém, de fato,
saboreia esse processo. Não dá tempo de saboreá-lo. O mundo é muito
urgente. O mundo pede que a gente seja urgente e aproveite tudo ao máximo. Mas
como vamos aproveitar o máximo de tudo se um zilhão de opções são oferecidas o
tempo inteiro. Como vamos apreciar a conquista de alguma coisa se o processo
foi esquecido?
Grande parte das pessoas da nossa
geração pode ser realmente frustrada, mas nas gerações passadas também
existiram outros tipos de infelicidade. Não adianta atribuir essa
característica a uma geração e não observar que estamos no meio de uma ruptura
entre uma época sem internet para uma época com internet. Eu arrisco em dizer
que estamos passando por um processo de transformação de comportamento tão forte
quanto o que aconteceu na revolução industrial. Tivemos que repensar tudo,
inclusive o conceito de arte. A sociedade ficou completamente perdida, bolando
teorias e modos de viver, exatamente como estamos fazendo agora. Estamos em um
momento de transformação maravilhoso onde podemos triunfar ou afundamos o barco
de vez. Mas, peraí, não era exatamente isso que pensavam há 200 anos? É isso
mesmo, continuamos os mesmos. Mas dessa vez, esquecemos que as coisas têm um
tempo para serem amadurecidas. Como tudo precisa de um processo, quando nossa
vida não deslancha do modo como imaginávamos, nos frustramos por achar que o
meio do caminho, na verdade, é o final dele.
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Roteiro - Um Sopro - Parte 1
Escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. A minha própria vida, provavelmente. O ato de
escrever é sempre um desespero, um afogamento e ao mesmo tempo um respiro.
Preciso me agarrar nas palavras como se elas fossem correntes pesadas segurando
meus pés no chão. Preciso escrever para provar para mim mesma que eu existo.
Escrever é a única coisa que me dá certeza da minha existência banal.
Eu sou real. Eu sempre fui e de repente não era mais. É
sempre assim... Escrever é muito perigoso, a gente mexe com o oculto, com
aquilo que não é visto no mundo. É que o mundo não está à tona. Está oculto em
suas raízes submersas em profundidades do mar. É por isso que toda minha
palavra tem um coração que pulsa e circula sangue.
Dia 1
Fico aqui pensando enquanto tomo um chá de qualquer coisa na
janela... Será que não são todas as pessoas que piram, em claro, durante a
madrugada, porque a madrugada é um lugar silencioso, onde a maioria das pessoas
está vivendo em um mundo inventado pela própria cabeça delas? É que quando
estamos acordados justo na hora que deveríamos estar no mundo dos sonhos, tudo
fica meio desfocado. São nessas horas que eu penso que existir simplesmente é um fenômeno que transforma qualquer pessoa em doida.
Fico repetindo pra mim mesma, enquanto olho pra fora e escuto
pouquíssimos barulhos das pessoas que estão acordadas na mesma hora que eu:
Entre todos os caminhos, não posso me perder de vista. Não posso me perder de
vista. Não posso me perder de vista. Caio no sono.
Dia 2
Eu... eu fico imaginando se os personagens das histórias tem
ideia de que eles são apenas personagens. E será que eu mesma não sou um
personagem que não sabe que é personagem? Será que não deu tempo de me
concluírem? Vou ficar presa pra sempre nessas histórias onde os personagens não
se definem?
Talvez eu seja um personagem que eu mesma inventei, então.
Ele precisa ser lapidado por mim. Tenho que ter paciência comigo mesma, senão
me perco dentro de mim. Vivo me perdendo de vista. Preciso ter paciência porque
sou vários caminhos; inclusive o fatal beco sem saída.
Pode ser que eu também seja o vazio. O avesso. Talvez eu
seja o personagem de mim mesmo. Porque, quanto a mim, sinto que de vez em
quando que sou o personagem de alguém. É incomodo ser dois: eu para mim e eu
para os outros.
Eu tenho medo de ser só uma invenção de própria autoria.
Texto de Marcela Picanço e Clarice Lispector (sempre quis falar isso). Fiz uma parceria do além com a Clarice Lispector e me dei o direito de pegar alguns trechos do livro dela "Um Sopro de Vida" e misturar com uma história que eu criei. Coloquei as frases da Clarice no meio das minhas frases, perdidas no texto. Quem leu o livro (e conhece bem ela), provavelmente conseguirá identificar o que é meu e o que é dela, mas achei que a junção, no final, foi como um rio se encontrando com o mar, se misturando e fazendo aquele fenômeno bonito. ( Ela sendo o mar, é claro, e elevando a qualidade do texto).
É a primeira parte de um curta que será filmado na semana que vem, mas fiquei ansiosa demais para divulgar o trabalho.
"Mari, você chegou aqui dizendo que queria ir embora! Eu não quero ir embora! Eu quero ficar aqui, aqui! Eu cansei de sempre te seguir pra onde quer que você vá. Eu cansei de aturar essa porra de relacionamento aberto só porque eu não aguento a ideia de não te ter ao meu lado. Eu aceitei e me acostumei com essa ideia, mas nunca foi o que eu quis, sempre te falei isso. Eu não consigo e nunca vou entender a sua liberdade que quebra todos os muros e sai voando mundo a fora. Eu entendi que você era uma pessoa que precisava de muito espaço e por isso eu fui abrindo todas as minhas portas pra você se acomodar em mim e ir ficando pra sempre. Mas acontece é que hoje eu não quero ir pro mesmo lugar que você. Você me ensinou que nossas vontades geralmente são mais importantes do que nosso relacionamento, que se a gente não estivesse em dia com nossas vontades nenhum relacionamento funcionava. E agora é isso, eu aprendi a ser assim. Hoje eu acho que aprendi a olhar pra mim em primeiro lugar, apesar de ser completamente apaixonado por você e achar que nunca mais na minha vida eu vou encontrar uma mulher tão foda quanto você, que me entenda, que me sustente emocionalmente, que me faz enlouquecer toda vez que você atravessa a porta do corredor pra dentro do quarto. Eu nunca vou aceitar direito essa minha decisão porque eu te amo tanto, mas tanto que eu achava que esse amor não pudesse caber. Mas você foi entrando até esse amor tomar conta do meu corpo todo. Hoje eu entendi o que você sempre quis me dizer. Às vezes o amor não é o suficiente."
Pedro, o personagem que eu mesma inventei, escrevi e acabei de me apaixonar. Juro que depois eles criam vida própria.
Pedro, o personagem que eu mesma inventei, escrevi e acabei de me apaixonar. Juro que depois eles criam vida própria.
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