Existe um texto que está circulando
pela internet há um tempo, afirmando que a geração y é uma geração frustrada.
Eu poderia concordar com o texto todo, inclusive com suas teorias de gerações e
o fato de que a geração Y se acha especial.Mas gostaria de ir mais fundo nessa
história.
Afinal, por que a maioria das pessoas de uma geração se acharia especial? O texto afirma que os jovens de hoje não vão à busca do que querem porque estão esperando o mundo descobrir como eles são geniais. Eu tenho uma teoria um pouquinho diferente sobre nossas expectativas e frustrações. Primeiro de tudo: sempre suspeito quando colocam características psicológicas em uma geração. Na verdade, a geração Y não nasceu espertinha, multifuncional e antenada com o mundo. A nossa geração foi obrigada a se transformar assim aos poucos, por causa de todos esses novos recursos tecnológicos e de comunicação que surgiram na última década e continuam aparecendo. Na realidade, o mercado foi quem mudou completamente de cenário e se você não seguir o que ele pede, não preciso nem dizer que você está fora dele. Pelo menos fora do mundo dos terninhos e ar condicionado. Afirmam que nós somos jovens que conseguem lidar com um monte de coisas ao mesmo tempo e que gostaríamos de trabalhar com o que gostamos o tempo inteiro. Óbvio, quem não? Eu adoraria ficar escrevendo e atuando pra sempre, mas as coisas não funcionam assim. Primeiro de tudo, a maioria de nós é medíocre. A única de diferença entre um bom e um mau profissional é que o bom profissional aquele que se dedica e corre atrás do que quer, ralando muito, fazendo 50 vezes de novo. Mas o mundo, a mídia, os bobos e nossos pais querem nos convencer de que somos todos especiais. Mas sinto informar que não somos. Continuamos inseguros e inquietos, como sempre.
Afinal, por que a maioria das pessoas de uma geração se acharia especial? O texto afirma que os jovens de hoje não vão à busca do que querem porque estão esperando o mundo descobrir como eles são geniais. Eu tenho uma teoria um pouquinho diferente sobre nossas expectativas e frustrações. Primeiro de tudo: sempre suspeito quando colocam características psicológicas em uma geração. Na verdade, a geração Y não nasceu espertinha, multifuncional e antenada com o mundo. A nossa geração foi obrigada a se transformar assim aos poucos, por causa de todos esses novos recursos tecnológicos e de comunicação que surgiram na última década e continuam aparecendo. Na realidade, o mercado foi quem mudou completamente de cenário e se você não seguir o que ele pede, não preciso nem dizer que você está fora dele. Pelo menos fora do mundo dos terninhos e ar condicionado. Afirmam que nós somos jovens que conseguem lidar com um monte de coisas ao mesmo tempo e que gostaríamos de trabalhar com o que gostamos o tempo inteiro. Óbvio, quem não? Eu adoraria ficar escrevendo e atuando pra sempre, mas as coisas não funcionam assim. Primeiro de tudo, a maioria de nós é medíocre. A única de diferença entre um bom e um mau profissional é que o bom profissional aquele que se dedica e corre atrás do que quer, ralando muito, fazendo 50 vezes de novo. Mas o mundo, a mídia, os bobos e nossos pais querem nos convencer de que somos todos especiais. Mas sinto informar que não somos. Continuamos inseguros e inquietos, como sempre.
A questão é que com toda essa bagunça
de categorizar gerações, nos fizeram acreditar que trabalho prazeroso é o mesmo
que estar de férias, mas isso não é verdade. O grande filósofo Confúcio que afirmou "Trabalhe com algo
que você goste e nunca mais precisará trabalhar na sua vida", não sabia
que estava falando uma das maiores bobagens do século, porque mesmo você
trabalhando com algo que ame, alguns dias você vai querer ficar dormindo um
pouco mais, ou ir à praia ou viajar pra uma cidade de interior pra ficar
quietinho, mas você não vai poder. Porque é trabalho e para você ser bem
sucedido no trabalho, é preciso, em primeiro lugar, trabalhar. É claro que
trabalhar com algo que nos dê prazer é uma experiência incrível, mas é muita
ingenuidade achar que isso não dependerá de esforço. Dá até muito mais
trabalho, mas a diferença é que o esforço é muito bem recompensado. E você se
sente vivo e sente que realmente faz parte de alguma coisa, que naquele momento
da recompensa você não precisa de mais nada.
O problema é que a gente,
principalmente o pessoal do meio artístico, muitas vezes trabalha muito mais e
por muito menos, por querer se inserir nesse meio e para conseguir trabalhar
com o que quer. Somos enganados o tempo inteiro e trabalhamos de graça, nos
esforçamos muito mais e sim, somos obrigados a lidar com multitarefas, porque
quem consegue fazer isso é mais legal. Só que se esqueceram de nos contar que
demitiram cinco pessoas, para contratar apenas uma, por um preço, muito, mas
muito menor, para fazer o trabalho que essas cinco pessoas faziam. E a gente
aceita, porque a gente quer chegar ao topo e a gente acha que não tem opção,
mas sempre existe outra opção.
Não é a geração Y que simplesmente é
uma geração descolada, que liga mais para ser feliz do que pra dinheiro e se
esforça pra caramba pra conseguir o que quer. Isso é o que o mundo quer que a
gente seja. Porque é mais barato e mais produtivo, é claro. A geração Y foi
transformada, assim como tem acontecido com todas as outras gerações, onde o
mundo impõe o tipo de profissional que você tem que ser.
Por isso talvez a geração Y seja mais
frustrada mesmo, mas não porque achamos que somos geniais ou porque sempre vemos que nosso amigo do Facebook tem uma vida mais sensacional que a nossa. Os
seres humanos são muito mais profundos do que tentam nos convencer de que
somos. Por isso eu afirmo que se nossa geração é mais infeliz, é porque estamos
todos perdidos e sem saber o que fazer com essa nova fase do mundo em que todas
as informações chegam para nós em um piscar de olhos. Não sabemos lidar com
todas essas opções e chances. Ninguém aprendeu a viver nesse mundo ainda. A
nossa geração está no meio de uma mudança radical da sociedade e isso é lindo,
mas ao mesmo tempo assustador. Os meios de comunicação pensam mais rápido que
nós, as distâncias encurtaram substancialmente e tudo é tão rápido, mas tão
rápido que não entendemos que TUDO tem um processo para acontecer e ser
concluído. A nossa geração nasceu em uma época onde os processos são todos invisíveis
e por isso nos esquecemos deles e aí sim, nos frustramos. Porque não entendemos
nada de processos.
Tudo chega para nós de uma maneira
muito fácil e rápida. Quero um produto, posso procurar na internet, compra-lo
online e em poucos dias ele aparece na minha casa, como em um passo de mágica.
Não pensamos que alguém vai receber aquele pedido, vai colocá-lo manualmente em
uma caixa, fará a nota, o recibo e uma porção de processos burocráticos. Ainda
não são as máquinas que fazem tudo. Sempre tem alguém mexendo nos processos
para as coisas funcionarem. E isso é só um exemplo. Talvez você já tenha
pensado sobre tudo isso, sobre o processo das coisas, mas ninguém, de fato,
saboreia esse processo. Não dá tempo de saboreá-lo. O mundo é muito
urgente. O mundo pede que a gente seja urgente e aproveite tudo ao máximo. Mas
como vamos aproveitar o máximo de tudo se um zilhão de opções são oferecidas o
tempo inteiro. Como vamos apreciar a conquista de alguma coisa se o processo
foi esquecido?
Grande parte das pessoas da nossa
geração pode ser realmente frustrada, mas nas gerações passadas também
existiram outros tipos de infelicidade. Não adianta atribuir essa
característica a uma geração e não observar que estamos no meio de uma ruptura
entre uma época sem internet para uma época com internet. Eu arrisco em dizer
que estamos passando por um processo de transformação de comportamento tão forte
quanto o que aconteceu na revolução industrial. Tivemos que repensar tudo,
inclusive o conceito de arte. A sociedade ficou completamente perdida, bolando
teorias e modos de viver, exatamente como estamos fazendo agora. Estamos em um
momento de transformação maravilhoso onde podemos triunfar ou afundamos o barco
de vez. Mas, peraí, não era exatamente isso que pensavam há 200 anos? É isso
mesmo, continuamos os mesmos. Mas dessa vez, esquecemos que as coisas têm um
tempo para serem amadurecidas. Como tudo precisa de um processo, quando nossa
vida não deslancha do modo como imaginávamos, nos frustramos por achar que o
meio do caminho, na verdade, é o final dele.
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