domingo, 16 de outubro de 2011

Vermelho Frida

Um pensamento solto sobre as cores no acidente da Frida e as cores da vida dela.

Depois que eu li a cena do acidente da Frida, no bonde, eu fiquei com um pensamento zunindo na minha cabeça. Na descrição da cena fala que a Frida ficou coberta por duas cores: vermelho, do seu sangue, e dourado, que era tipo um pó, que deveria estar sendo carregado por algum pintor de casa e caiu sobre ela.
Para mim o curioso é que partir do acidente ela começa a pintar. Ela fica, por muito tempo, imobilizada por ter fraturado quase todas as partes do corpo. Fica presa na sua cama, tendo que criar um novo mundo dentro do seu próprio quarto. Sua mãe, então, entrega a ela pincéis e telas de pintura para que ela possa passar o tempo com alguma atividade que não a prejudique fisicamente. E seu pai tem a ideia de colocar um espelho no teto do quarto para que ela possa se ver. Então ela começa a pintar exatamente isso. Ela mesma. Pinta vários auto-retratos, que são uma das características mais marcates de suas obras. Ela falava que as palavras não conseguiriam nunca descrever sua dor e que ninguém nunca poderia entender, e é por isso que ela pinta. Pois foi a única forma que ela encontrou para expressar realmente o que sente. Isso é arte. É algo que nos completa.
Mas enfim, quero dizer que é engraçado porque justamente nesse acidente, as cores predominantes são o vermelho e o dourado. É como se a Frida fosse a tela dessa vez. Como se a vida escolhesse as cores e a pintasse naquele momento. Impostando de alguma forma a arte. Exatamente como eram seus quadros. Ela na tela e a vida dela sendo passada pela pintura. A vida como ela vê. E ela via tudo de uma forma muito diferente de todas as pessoas. Não só por tudo que passou, mas simplesmente por ser uma artista que via através de tudo. Olhava para um objeto, olhava a natureza e realmente os enxergava. Via o que ninguém mais vê.
E não que ela tenha realmente usado a cor dourada em suas pinturas, mas essa cor, pra mim, representa a luz e principalmente a força que a Frida tinha. O vermelho, como ela mesma descreve, é a cor da vida e da morte. E ela esteve entre esses dois mundos muitas vezes. O que me instiga é o fato de serem cores muito fortes e principalmente de serem cores. Elementos principais das suas obras. Não eram tintas propriamente ditas, mas eram como se fossem tintas ali. E logo depois desse episódio ela começa a pintar. Não que essas cores tenham tido um efeito mágico nem nada. Frida era uma artista muito antes de começar a pintar. Mas eu só acho esse fato curioso. O fato das cores estarem sempre presentes na vida dela. Como se fosse algo que estivesse impregnado. Ou como se fosse o começo de uma fase da vida, marcada sempre por cores fortes. Cores que a representam. Frida Kahlo Cores.

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