sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Hoje quando eu acordei eu quis gritar da minha janela. Pra ver se o dia amanhecia em mim.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A palavra e o balão.

Ela queria escrever, que era tudo que ela fazia quando queria se esquecer de tudo e lembrar ao mesmo tempo. Mas ela não conseguia mais. As palavras fugiam da sua cabeça, escapuliam pelas mãos, como as palavras faladas. A vantagem das palavras escritas é que elas ficam presas em algum lugar, dificilmente se perdem. As faladas voam, que nem aqueles balões de gás hélio que ela tanto gostava quando era criança. E ao vê-lo partir, sentia uma dor, um aperto do coração, porque ela nunca tinha se despedido de nada. Quando via aquele balão subindo lá no alto do céu, se misturando com os tons de azul invisíveis aos olhos comuns, sentiu que aquela era a cena mais triste da sua vida. Por mais que ela pudesse buscar outro balão daqueles outro dia, não seria o mesmo. Ela se sentia inútil porque quanto mais pulava tentando agarra-lo, mais rápido ele voava, e depois que ele escapulia não restava mais nada senão olhar aquele pontinho sumir na imensidão. E ela não se lembra de nenhuma vez que não tenha visto um balão se perder até o final. Ela gostava de imaginar onde ele iria parar. Se alguma hora ele iria descer para perto de outra pessoa ou se ele era sugado pelo céu, para algum lugar mágico. E agora ela brincava com as palavras desse jeito, imaginando onde elas poderiam chegar, alcançando montanhas, mentes, criando ideias. Ela sabia desse poder das palavras, mas preferia ter o controle das palavras no papel, que por mais longe pudessem viajar, não se perdiam totalmente. E as palavras escritas lhe faltavam agora, apavoradamente. Faltava a costura que fazia com que as palavras se transformassem em arte. E ficaram assim, ela e as palavras, olhando pro nada, para o vazio de dentro, buscando algo, mas sem encontrar nada. O vazio que encontramos quando conseguimos algo que desejamos muito. As palavras somem, o equilíbrio vira ao contrário e agora é preciso prender as palavras como nunca se fez antes, com a força de um urso. Pela primeira vez será preciso manter as palavras dentro de si.
"Porque todo grande livro é mais inteligente que seu autor. Toda grande obra contém em si o seu próprio contradiscurso. Toda grande narrativa sempre se constrói em torno de uma fratura estrutural que ameaça lhe demolir."

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

terça-feira, 14 de agosto de 2012

"Tudo que eu posso te dar é solidão com vista pro mar "

Não me procure mais. Não por mim, mas por você. Eu não me incomodo com a sua presença, ao contrário, ela me faz bem. Mas eu não valho a pena porque o que voce quer eu não posso te oferecer agora. Eu não valho o som da sua risada alta quando voce ri de alguma coisa que eu falo, jogando a cabeça pra trás. Eu não valho o seu olhar penetrante, nem a sua compreensão e nem a sua falta de sentido. Não valho seu choro abafado e nem suas dúvidas durante noites em claro. Eu não sei dançar no seu ritmo.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

As cores

Talvez eu nunca entenda porque eu sempre volto pra casa pensando em você. Por mais que eu saiba de tudo, por mais que você tenha me falado tudo aquilo aquele dia, eu continuo acreditando que nossos caminhos se encontram no final. Eu nem sei que final é esse porque eu nem sei o que eu sinto direito, mas eu sei é que depois de tudo que passou eu estou te esperando. Justo na hora que eu não tinha que esperar mais nada de você, eu tive vontade de que voltar pra casa fosse voltar pra você. E eu te liguei aquele dia só porque eu queria fazer alguma loucura que fosse, mas eu queria que fosse junto com você. E alguma loucura pra mim é muito simples. Só queria tocar a sua companhia, te abraçar e te dizer quanto eu sinto a sua falta, por mais que você nunca tenha sido meu. A sua falta é uma ausência sem fim, preenchida por momentos de muita, muita cor.

Eu queria sair manchando sua casa inteira, suas roupas, seu sofá, sua imaginação e sua vida. Pra você nunca se esquecer de mim e saber que ela aquela é a minha cor. Exatamente como você fez comigo. Minha cor preferida era a sua, então ficou muito fácil me manchar. E desde então eu sinto um vazio colorido por você. Eu sei que eu inventei uma história inteira pra nós dois e agora eu não sei mais desfazer, porque você que começou a contar. E o pior é que você sabe de tudo isso por mais que eu tente disfarçar sempre, porque quando eu to perto de você eu fico desarmada, frágil e transparente. E talvez seja por isso que você conseguiu me colorir inteira. E mesmo quando eu vou embora eu consigo sentir toda essa tinta escorrendo pelo meu cabelo, fazendo meus olhos arderem. E se me perguntarem por que eu gosto de você, eu nunca vou saber responder. Só sei que volto pra casa pensando em você. Pensando que era você que poderia estar me esperando lá. Só isso.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Apertado

Hoje eu fui mexer nas suas coisas e meu coração quase parou. Eu quis ser você por um instante. Quis te levar paz e deixar pratos sujos no tapete da sala num domingo à tarde. Quis ser tudo que te prende a atenção. Só pra você ficar mais um poquinho. De pouquinho em pouquinho quis que você ficasse pra sempre. Pela primeira vez eu quis que alguém ficasse pra sempre.