"Sometimes there's so much beauty in the world, I feel like I can't take it, and my heart is just going to cave in"
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Amor maior do mundo
Não é dia das mães, nem natal e seu aniversário já passou. Mas como de costume, escrevo cartas. E agora estou aqui, quase pronta pra sair de casa, mas precisei parar um instante e escrever sobre o meu amor por você. Não que eu consiga defini-lo. Ele é algo tão infinito e tão intenso que toda vez que começo a falar sobre isso eu tenho vontade de chorar. Porque ter uma mãe como você é ter o mundo. E eu não preciso falar nada pra você saber o que eu estou sentindo. Você simplesmente me abraça nas horas que eu preciso de conforto e fala as coisas que eu preciso ouvir. Não que eu ouça todas elas, claro. Também preciso fazer o meu papel de filha. Mas como todos já sabem, sempre que eu não te escuto, alguma coisa sai do trilho. E agora eu estou relutando pra não chorar e não borrar a maquiagem que eu acabei de fazer, mas é muito difícil. Sinto que você me entende do começo ao fim e eu não preciso ficar dando explicações de quem eu sou. Só sei que quando eu te abraço parece que nada pode me alcançar e eu tenho certeza de que tudo vai dar certo. Você sabe do que eu preciso. Como todas as mães que eu conheço, você acha que errou e continua com medo de errar na educação dos seus filhos. Mas eu fui educada por você e agora que já cresci, posso afirmar que eu não poderia ter tido formação melhor. Sou parte de você e tudo que você acha que errou em você, você tentou acertar comigo. E conseguiu. Sou uma pessoa realizada. Corro atrás dos meus sonhos e não deixo ninguém fazer com que eu desista. Coisa que você me ensinou muito bem. E como você sabe, sou teimosa. Tanto nas coisas bobas, que fazem a gente brigar, mas também nas grandes, que me fazem crescer como pessoa. Sou meio louca, confesso. Mas acho que faz parte da minha personalidade. Às vezes sinto que eu nem sou desse mundo onde está tudo errado. Meus pensamentos, que geralmente fogem do padrão das pessoas, faz com que eu me assuste e fique cheia de questionamentos. Tenho medo da minha vida não dar certo por causa das minhas escolhas e choro desesperadamente no meu quarto, pensando no meu futuro incerto. Mas é só eu ter uma conversa com você que parece que tudo vai se encaixando e eu não me sinto mais tão diferente. Voce tem as respostas das minhas duvidas e me mostra que sou diferente, mas sou normal, sou humana. E você me mostra que ser diferente é ser especial. E daí parece que o mundo se abre de novo. Todo mundo erra, mas todo mundo acerta também. E você acertou em cheio comigo e acertou em cheio com o meu irmão também, que agora, se mostra uma pessoa que sabe o que quer e tem uma personalidade imperfurável. Você criou duas pessoas que pensam em mudar o mundo. Acredito que você seja uma espécie de milagre. Tudo que você já fez por mim e continua fazendo, só tenho que agradecer. E espero que eu te encha de orgulho. Porque você me enche de orgulho. E falar que sou sua filha é uma das maiores bênçãos que eu já tive. Queria poder gritar pro mundo a mulher maravilhosa que você é e poder falar que sou uma parte disso. A melhor coisa do mundo é ter você como mãe e talvez eu enlouqueceria se eu não tivesse você por perto. Na verdade eu não sei o que seria de mim se não fosse você. Nada, provavelmente.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
A história que ainda não foi contada
Todas as musicas me lembram você. Todas as musicas que parecem um pouco com a nossa história que nem sequer existiu me lembram você. Aquela música que te fez me puxar pelo braço, correndo escadas abaixo para dançar aquele dia, me lembra você. E toda vez que eu a escuto não fico triste. Fico bem. Não penso nela como nossa música nem nada. Já cheguei a pensar, mas cheguei à conclusão de que aquela música é minha. Do meu momento de felicidade. Ela me lembra aquela sensação. É como se toda vez que ela tocasse você estivesse ali do meu lado. Como se você me puxasse pra dançar de novo e a gente cantasse ela bem alto. Toda vez que eu a escuto eu fecho os olhos e canto ela bem alto, quase ouvindo a sua voz também. Sinto um pouco de você no meu dia a dia. Às vezes eu penso que você está me observando de algum lugar. Escondido atrás de uma cortina ou embaixo da cama. Daí eu fico fazendo aquelas coisas que eu faço pra chamar sua atenção, mas você nem tá lá... Fico pensando o que você ia pensar das coisas que eu faço ou se você ia rir das besteiras que eu falo. Lembro que você achava engraçado algumas coisas que eu fazia. Igual aquele dia que você riu quando eu falei que o homem ideal seria um surfista do rock. E eu fui falar com você pela primeira vez aquele dia porque você tinha cara de quem era tudo isso. Brincadeira, não foi por isso não. Na verdade nem sei por que eu fui falar com você. Talvez porque você fosse um dos caras mais bonitos que eu já tinha visto. Talvez tenha sido só por isso. E o seu chinelo, e sua camisa branca, e sua barba, seu gosto musical muito parecido com o meu e o jeito que você ria e depois ficava sério, concentrado. No final eu nem sei mais o que me atraiu em você. Foi tudo. E eu que tenho essa mania louca de achar que nunca tenho nada a perder quando não se tem nada, fui lá tentar conseguir um pouco de atenção sua. Talvez tenha sido uma das coisas mais espertas que eu já tenha feito. Talvez eu esteja inventando tudo isso. Mas a questão é que se eu nunca tivesse tomado iniciativa, eu nunca teria conhecido umas das pessoas mais interessantes e divertidas que eu já conheci. Combinação difícil de encontrar. Mas você consegue ser assim e é por isso que eu tenho tanta vontade de te conhecer mais a fundo. Queria sentar na areia e ficar falando sobre mil assuntos com você até ficar escuro. Porque a gente gosta das mesmas coisas, mas também somos diferentes. Mas o que importa é que, agora, pensamos de um jeito parecido. Não importa depois. Eu vivo agora e o que eu sinto por você é agora, quase urgente. E você é a música que não sai da minha cabeça agora. Você é a foto que está pendurada na parede do meu quarto. Todos os dias que eu olho pra ela, lembro de você. Sei lá, mas isso faz com que eu me sinta bem. Pensar que você existe me faz bem, por mais que não estejamos perto um do outro. Às vezes fico pensando que a vida está nos esperando, para que nos encontremos de novo no momento certo. Às vezes também penso que todo esse sentimento que tenho só existe porque você está longe. Talvez não fosse assim se as coisas fossem mais fáceis. Mas tudo na nossa história quase inexistente é movida pelo “se” e pelo talvez, pelo às vezes. Tudo é meio incerto e é por isso que eu gosto tanto dela. Por isso que ela ainda me instiga e me deixa esperando. E o melhor dessa história é que ela não faz com que eu esqueça da minha vida, e não me cega de um modo em que eu não enxergue oportunidades . Ela só está ali, no meio de algo que aconteceu e algo que espero que aconteça. Nem sei quando vou te ver de novo. Tudo parece tão distante de acontecer. Sendo assim, o que me resta é esperar. Sem pressa. E isso é muito difícil pra uma pessoa que quer tudo pra ontem. Mas nessa situação, aceitei esperar. E o pior é que não estou ansiosa para nada. Porque nessa nossa história nada tem data. Nada tem hora marcada. Tudo é uma surpresa. Deve ser esse o motivo desse meu envolvimento por esta história que ainda não teve tempo de ser contada. Adoro contar histórias. Adoro surpresas.
"E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi."
"E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi."
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
O mito da mulher misteriosa*
"(...)Todos os homens desejam loucamente a mulher misteriosa. Todas as mulheres desejam loucamente a mulher misteriosa. Sua personalidade incerta acaba se tornando uma personalidade fortíssima e seu jeito anulado acaba se tornando um espaço gigantesco para todos imaginarem o que bem quiserem.
E eu, como estava dizendo, sempre quis ser dessas mulheres imperfuráveis, inatingíveis, inaudíveis e incompreensíveis. Mas nunca consegui. Quando vou ver, já contei minha vida pra primeira pessoa que me deu um pouco de atenção. Já to rindo alto no restaurante porque não me controlei e fiquei feliz demais. Já escrevi um texto sobre o fulaninho da terça passada e publiquei numa revista. E o fulaninho ta morrendo de medo porque escrevi que gosto dele. E se alguém perguntar, vou dizer mesmo que gosto dele. E se ele não gostar de mim, minha tristeza não será segredo para ninguém. E minha pasta de dente é para deixar os dentes branquinhos. E quando vou ver, lá se foi a mulher misteriosa que eu gostaria tanto de ser. Porque eu jamais poderia ser uma.
E sofri anos com isso. Até que resolvi conviver de perto com algumas mulheres misteriosas para tentar descobrir o que se passa na cabeça e na alma desses seres incríveis que nunca têm nada a dizer, a doer, a aconselhar, a cantar, a dançar, a morrer de rir, a fofocar, a detalhar, a exagerar, a sonhar, a dividir, a acrescentar. E descobri que a coisa era muito mais simples do que eu imaginava: nada. Não se passa nada de relevante nem na cabeça e nem na alma dessas mulheres.
As mulheres misteriosas, tão admiradas e desejadas, não passam de mulheres sem a menor graça. Elas não calam por mistério, charme ou discrição. Calam porque simplesmente não há nada mais sábio que elas possam fazer."
Tati Bernardi
Engraçado, parece que esse trecho foi escrito por mim! Mudando a parte da revista para "meu blog" e o fato de ela ter convivido de perto com mulheres misteriosas. Nunca consegui fazer isso porque depois de dois minutos de convivencia, eu já começava a achar elas muito chatas. Passei por um periodo em que eu também tinha DECIDIDO ser esse tipo de mulher, mas claro que falhei. Foi então que eu percebi que ser eu, mesmo com os meus excessos, é bem mais divertido do que ser qualquer mulher misteriosa.
E eu, como estava dizendo, sempre quis ser dessas mulheres imperfuráveis, inatingíveis, inaudíveis e incompreensíveis. Mas nunca consegui. Quando vou ver, já contei minha vida pra primeira pessoa que me deu um pouco de atenção. Já to rindo alto no restaurante porque não me controlei e fiquei feliz demais. Já escrevi um texto sobre o fulaninho da terça passada e publiquei numa revista. E o fulaninho ta morrendo de medo porque escrevi que gosto dele. E se alguém perguntar, vou dizer mesmo que gosto dele. E se ele não gostar de mim, minha tristeza não será segredo para ninguém. E minha pasta de dente é para deixar os dentes branquinhos. E quando vou ver, lá se foi a mulher misteriosa que eu gostaria tanto de ser. Porque eu jamais poderia ser uma.
E sofri anos com isso. Até que resolvi conviver de perto com algumas mulheres misteriosas para tentar descobrir o que se passa na cabeça e na alma desses seres incríveis que nunca têm nada a dizer, a doer, a aconselhar, a cantar, a dançar, a morrer de rir, a fofocar, a detalhar, a exagerar, a sonhar, a dividir, a acrescentar. E descobri que a coisa era muito mais simples do que eu imaginava: nada. Não se passa nada de relevante nem na cabeça e nem na alma dessas mulheres.
As mulheres misteriosas, tão admiradas e desejadas, não passam de mulheres sem a menor graça. Elas não calam por mistério, charme ou discrição. Calam porque simplesmente não há nada mais sábio que elas possam fazer."
Tati Bernardi
Engraçado, parece que esse trecho foi escrito por mim! Mudando a parte da revista para "meu blog" e o fato de ela ter convivido de perto com mulheres misteriosas. Nunca consegui fazer isso porque depois de dois minutos de convivencia, eu já começava a achar elas muito chatas. Passei por um periodo em que eu também tinha DECIDIDO ser esse tipo de mulher, mas claro que falhei. Foi então que eu percebi que ser eu, mesmo com os meus excessos, é bem mais divertido do que ser qualquer mulher misteriosa.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
kahlo cores, amor e arte
O que eu quero
"(...)Quero não ter condescendência com o tédio, não ser forçada a aceitá-lo na minha rotina como um inquilino inevitável. A cada manhã exijo ao menos a expectativa de uma surpresa, quer ela aconteça ou não. Expectativa, por si só, já é um entusiasmo.
Quero uma primeira vez outra vez. Um primeiro beijo em alguém que ainda não conheço, uma primeira caminhada por uma nova cidade, uma primeira estréia em algo que nunca fiz, quero seguir desfazendo as virgindades que ainda carrego, quero ter sensações inéditas até o fim dos meus dias.
Quero ventilação, não morrer um pouquinho a cada dia sufocada em obrigações e exigências de ser a melhor mãe do mundo, a melhor esposa do mundo, a melhor qualquer coisa.
Gostaria de me reconciliar com meus defeitos e fraquezas, arejar minha biografia, deixar que vazem algumas idéias minhas que não são muito abençoáveis.
Queria não me sentir tão responsável sobre o que acontece ao meu redor. Compreender e aceitar que não tenho controle nenhum sobre as emoções dos outros, sobre suas escolhas, sobre as coisas que dão errado e também sobre as coisas que dão certo. Me permitir ser um pouco insignificante.
E na minha insignificância, poder acordar um dia mais tarde sem dar explicação, conversar com estranhos, me divertir fazendo coisas que nunca imaginei, deixar de ser tão misteriosa para mim mesma, me conectar com as minhas outras possibilidades de existir.
O que eu quero mais? Me escutar e obedecer meu lado mais transgressor, menos comportadinho, menos refém de reuniões familiares, maridos, filhos e bolos de aniversário e despertadores na segunda-feira de manhã.
E quero mais tempo livre. E mais abraços. E receber mais flores.
Pois é, ninguém está satisfeito. Ainda bem."
Martha Medeiros
Esse texto falou por mim.
Quero uma primeira vez outra vez. Um primeiro beijo em alguém que ainda não conheço, uma primeira caminhada por uma nova cidade, uma primeira estréia em algo que nunca fiz, quero seguir desfazendo as virgindades que ainda carrego, quero ter sensações inéditas até o fim dos meus dias.
Quero ventilação, não morrer um pouquinho a cada dia sufocada em obrigações e exigências de ser a melhor mãe do mundo, a melhor esposa do mundo, a melhor qualquer coisa.
Gostaria de me reconciliar com meus defeitos e fraquezas, arejar minha biografia, deixar que vazem algumas idéias minhas que não são muito abençoáveis.
Queria não me sentir tão responsável sobre o que acontece ao meu redor. Compreender e aceitar que não tenho controle nenhum sobre as emoções dos outros, sobre suas escolhas, sobre as coisas que dão errado e também sobre as coisas que dão certo. Me permitir ser um pouco insignificante.
E na minha insignificância, poder acordar um dia mais tarde sem dar explicação, conversar com estranhos, me divertir fazendo coisas que nunca imaginei, deixar de ser tão misteriosa para mim mesma, me conectar com as minhas outras possibilidades de existir.
O que eu quero mais? Me escutar e obedecer meu lado mais transgressor, menos comportadinho, menos refém de reuniões familiares, maridos, filhos e bolos de aniversário e despertadores na segunda-feira de manhã.
E quero mais tempo livre. E mais abraços. E receber mais flores.
Pois é, ninguém está satisfeito. Ainda bem."
Martha Medeiros
Esse texto falou por mim.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Um copo de água*
"Porque "seus olhos estão sempre me perguntando algo", você diz. E você começa sua loucura que me faz gostar ainda mais de você. Empurra a palma contra o peito e diz "eu gosto assim, Tati, fechado, protegido, eu gosto". Então você olha para o meu copo d'água e diz: "eu sou só um copo d'água, mas você ficava me olhando e pensando nas bolhas e nos gelos e nos canudinhos e na transparência e se a água era isso ou aquilo. Água é só água, por que você complica a água, Tati?". Então apagaram a luz e eu quis me esconder dentro do seu paletozinho de publicitário descolado e ouvir suas batidas descompassadas e embaladas pelo seu cheiro de alma boa. Mas você pegou na minha mão e continuou dizendo que uma mão, muitas vezes, é apenas uma mão. Mas que eu insistia em enxergar os buracos entre os dedos, os anéis que separavam os dedos, a dor da separação dos dedos, a gota da bebida gelada entre os dedos. E que você não poderia suportar isso. A maneira como eu te olhava. Vendo mais, inventando mais, complicando mais. E eu quis te dizer que tudo bem, eu seria uma menina simples. Eu mataria meu narrador, minhas possibilidades, meus mundos, minhas invenções. Só de ver seus cachos mais grisalhos e rococós ornando seus medos e superficialidades eu desejei não ser mais eu pra ser qualquer coisa que pudesse ser sua. Mas enchi meu peito surrado e murcho de coragem e te disse que, infelizmente, onde você era apenas um copo d' água eu era a tempestade."
* pedacinho do texto "Um copo de água" da Tati Bernardi.
Pra quem sempre vê as coisas além do que elas são,mas sabe que a vida é melhor por causa disso.
* pedacinho do texto "Um copo de água" da Tati Bernardi.
Pra quem sempre vê as coisas além do que elas são,mas sabe que a vida é melhor por causa disso.
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