"Sometimes there's so much beauty in the world, I feel like I can't take it, and my heart is just going to cave in"
terça-feira, 18 de março de 2014
A não-volta
Você não volta? Mas e seus gatos? E as ideias? Sua cidade é a única coisa que você tem de verdade. E o Mar? E as pessoas? E os amores? E as estrelas? E as supernovas? E o céu, o sol a lua? E as portas?Volta. Arte a gente inventa, transforma, desconstrói. E os índios? E o brilho nos olhos? E as ruas? E os orixás? E as criações? E os desenhos, os roteiros, as palavras que precisam de Brasil? E o universo? E o fim dos tempos? E os sons, os cheiros, os cabelos? E a pele, os risos, os carros e caminhões? E os buracos de rua, as pessoas lutando nas ruas e o buraco das pessoas? E o vazio? E a saudade? E eu?
segunda-feira, 17 de março de 2014
O brilho nos olhos
Eu sempre desconfiei que as pessoas mais bonitas que eu já conheci eram aquelas que tinham um brilho nos olhos por alguma coisa. Um cachorro,uma ideia, uma história, um projeto, um pedaço de papel ou o simples fato de que viver é uma aventura onde devemos estar sempre com os olhos brilhando, atentos, sonhando, querendo, ardendo. As pessoas com brilhos nos olhos são as que eu chamo para criar o mundo comigo. O mundo não está pronto. Ele está sendo criado por nós, dia após dia. São por essas pessoas que eu espero acordada até mais tarde, desmarco compromissos chatos, escrevo dedicatórias, paro para ouvir e me emocionar e quando chegam, sempre me pego com um sorriso estampado no rosto. São por essas pessoas que o sol espera para se pôr. São essas pessoas que veem o sol nascer primeiro. São por essas pessoas que eu percebo que viver vale a pena enquanto existir o brilho nos olhos. Tudo que eu faço, é só pelo brilho nos olhos.
quarta-feira, 12 de março de 2014
O tal João de Santo Cristo e uma estrela cadente
A gente se conheceu nos anos 80, numa tarde cinzenta e
quente. Eu vestia uma blusa do Iron Maiden, que eu roubei do meu irmão, e uma
calça jeans rasgada. Eu já tinha te visto umas duas vezes na vida e eu sabia
quem você era porque todas as meninas da cidade eram loucas por você. Mas você
me chamou atenção porque das duas vezes que eu te encontrei, você não conseguia
não olhar pra mim.
Nessa quarta-feira cinzenta, você me olhou de novo com
aquele olhar de quem não quer disfarçar. Você usava um Ray-Ban preto, mas eu
sabia exatamente a linha que os seus olhos faziam e chegavam até mim. Eu estava
sozinha, sentada na calçada de concreto, esperando quando nos chamariam para os
preparativos de maquiagem e figurino. Passamos a tarde nos arrumando e nos
esbarrando entre olhadas rápidas entre um café e outro. Te vestiram de punk,
pintaram seus olhos e rasgaram sua blusa. Eu usava um batom roxo e aumentaram o
volume do meu cabelo de um jeito que eu nem imaginava que era possível. Achei
que eu parecia um vampiro, mas gostei do que vi no espelho.
Depois de tanta espera, vi você sozinho tomando um café
naqueles copos de plástico, enquanto eu comia uma maçã e me aproximava de você,
fingindo estar louca por café também. Puxei o assunto mais óbvio e falei que o
seu cabelo de punk tinha ficado incrível e que eu queria ter sido fantasiada de
punk também. Você falou que eu não poderia ficar com cabelo de punk, porque meu
cabelo era igual o da Janis Joplin e eu jamais poderia cortá-lo. Agradeci e
falei que achei que fosse um elogio. Ele sorriu, tomou um gole de café e
confirmou. Com certeza é um elogio.
Estávamos esperando o suposto show do “Aborto Elétrico”
começar, em silencio, entre luzes, rebatedores, fios e câmeras. Várias pessoas
com figurinos dos anos 80, dançando sem música em uma boate de rock cheia de
posters de banda na parede e vozes gritando “Silêncio”, “Gravando”, enquanto todos
esperavam a fala da adorada Isis Valverde e ficavam curiosos para saber quem
era o tal do João de Santo Cristo. A gente dançou em silêncio, tentando não
fazer barulho com os pés e riu muito.
Quanto tudo acabou e a gente não aguentava mais ouvi “Moramos
na cidade”, devolvemos o figurino, agradecemos e fomos andando sozinhos
de volta até o ponto de ônibus mais próximo. O sol já começava a nascer e o céu
estava com aquela mistura de azul com rosa, que só Brasília pode nos
proporcionar. Ele me olhou, falou que sabia que a gente se conheceria em algum
momento e a gente se beijou. Eu fiquei na dúvida se aquele filme era nosso, se
falariam “Corta” no minuto seguinte, mas não aconteceu nada.
Ele me olhou de novo e disse que sabia que eu ainda ia
brilhar muito na vida. Ficou vidrado em mim, por alguns segundos, e disse que
eu era a pessoa mais bonita que ele já tinha conhecido, mas isso não queria dizer
nada. Então foi cada um pro seu lado e eu voltei pra casa com o sol nascendo em
mim. Pensei que ele deveria ser algum tipo de estrela cadente.
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
Geração Y, a geração que se esqueceu dos processos
Existe um texto que está circulando
pela internet há um tempo, afirmando que a geração y é uma geração frustrada.
Eu poderia concordar com o texto todo, inclusive com suas teorias de gerações e
o fato de que a geração Y se acha especial.Mas gostaria de ir mais fundo nessa
história.
Afinal, por que a maioria das pessoas de uma geração se acharia especial? O texto afirma que os jovens de hoje não vão à busca do que querem porque estão esperando o mundo descobrir como eles são geniais. Eu tenho uma teoria um pouquinho diferente sobre nossas expectativas e frustrações. Primeiro de tudo: sempre suspeito quando colocam características psicológicas em uma geração. Na verdade, a geração Y não nasceu espertinha, multifuncional e antenada com o mundo. A nossa geração foi obrigada a se transformar assim aos poucos, por causa de todos esses novos recursos tecnológicos e de comunicação que surgiram na última década e continuam aparecendo. Na realidade, o mercado foi quem mudou completamente de cenário e se você não seguir o que ele pede, não preciso nem dizer que você está fora dele. Pelo menos fora do mundo dos terninhos e ar condicionado. Afirmam que nós somos jovens que conseguem lidar com um monte de coisas ao mesmo tempo e que gostaríamos de trabalhar com o que gostamos o tempo inteiro. Óbvio, quem não? Eu adoraria ficar escrevendo e atuando pra sempre, mas as coisas não funcionam assim. Primeiro de tudo, a maioria de nós é medíocre. A única de diferença entre um bom e um mau profissional é que o bom profissional aquele que se dedica e corre atrás do que quer, ralando muito, fazendo 50 vezes de novo. Mas o mundo, a mídia, os bobos e nossos pais querem nos convencer de que somos todos especiais. Mas sinto informar que não somos. Continuamos inseguros e inquietos, como sempre.
Afinal, por que a maioria das pessoas de uma geração se acharia especial? O texto afirma que os jovens de hoje não vão à busca do que querem porque estão esperando o mundo descobrir como eles são geniais. Eu tenho uma teoria um pouquinho diferente sobre nossas expectativas e frustrações. Primeiro de tudo: sempre suspeito quando colocam características psicológicas em uma geração. Na verdade, a geração Y não nasceu espertinha, multifuncional e antenada com o mundo. A nossa geração foi obrigada a se transformar assim aos poucos, por causa de todos esses novos recursos tecnológicos e de comunicação que surgiram na última década e continuam aparecendo. Na realidade, o mercado foi quem mudou completamente de cenário e se você não seguir o que ele pede, não preciso nem dizer que você está fora dele. Pelo menos fora do mundo dos terninhos e ar condicionado. Afirmam que nós somos jovens que conseguem lidar com um monte de coisas ao mesmo tempo e que gostaríamos de trabalhar com o que gostamos o tempo inteiro. Óbvio, quem não? Eu adoraria ficar escrevendo e atuando pra sempre, mas as coisas não funcionam assim. Primeiro de tudo, a maioria de nós é medíocre. A única de diferença entre um bom e um mau profissional é que o bom profissional aquele que se dedica e corre atrás do que quer, ralando muito, fazendo 50 vezes de novo. Mas o mundo, a mídia, os bobos e nossos pais querem nos convencer de que somos todos especiais. Mas sinto informar que não somos. Continuamos inseguros e inquietos, como sempre.
A questão é que com toda essa bagunça
de categorizar gerações, nos fizeram acreditar que trabalho prazeroso é o mesmo
que estar de férias, mas isso não é verdade. O grande filósofo Confúcio que afirmou "Trabalhe com algo
que você goste e nunca mais precisará trabalhar na sua vida", não sabia
que estava falando uma das maiores bobagens do século, porque mesmo você
trabalhando com algo que ame, alguns dias você vai querer ficar dormindo um
pouco mais, ou ir à praia ou viajar pra uma cidade de interior pra ficar
quietinho, mas você não vai poder. Porque é trabalho e para você ser bem
sucedido no trabalho, é preciso, em primeiro lugar, trabalhar. É claro que
trabalhar com algo que nos dê prazer é uma experiência incrível, mas é muita
ingenuidade achar que isso não dependerá de esforço. Dá até muito mais
trabalho, mas a diferença é que o esforço é muito bem recompensado. E você se
sente vivo e sente que realmente faz parte de alguma coisa, que naquele momento
da recompensa você não precisa de mais nada.
O problema é que a gente,
principalmente o pessoal do meio artístico, muitas vezes trabalha muito mais e
por muito menos, por querer se inserir nesse meio e para conseguir trabalhar
com o que quer. Somos enganados o tempo inteiro e trabalhamos de graça, nos
esforçamos muito mais e sim, somos obrigados a lidar com multitarefas, porque
quem consegue fazer isso é mais legal. Só que se esqueceram de nos contar que
demitiram cinco pessoas, para contratar apenas uma, por um preço, muito, mas
muito menor, para fazer o trabalho que essas cinco pessoas faziam. E a gente
aceita, porque a gente quer chegar ao topo e a gente acha que não tem opção,
mas sempre existe outra opção.
Não é a geração Y que simplesmente é
uma geração descolada, que liga mais para ser feliz do que pra dinheiro e se
esforça pra caramba pra conseguir o que quer. Isso é o que o mundo quer que a
gente seja. Porque é mais barato e mais produtivo, é claro. A geração Y foi
transformada, assim como tem acontecido com todas as outras gerações, onde o
mundo impõe o tipo de profissional que você tem que ser.
Por isso talvez a geração Y seja mais
frustrada mesmo, mas não porque achamos que somos geniais ou porque sempre vemos que nosso amigo do Facebook tem uma vida mais sensacional que a nossa. Os
seres humanos são muito mais profundos do que tentam nos convencer de que
somos. Por isso eu afirmo que se nossa geração é mais infeliz, é porque estamos
todos perdidos e sem saber o que fazer com essa nova fase do mundo em que todas
as informações chegam para nós em um piscar de olhos. Não sabemos lidar com
todas essas opções e chances. Ninguém aprendeu a viver nesse mundo ainda. A
nossa geração está no meio de uma mudança radical da sociedade e isso é lindo,
mas ao mesmo tempo assustador. Os meios de comunicação pensam mais rápido que
nós, as distâncias encurtaram substancialmente e tudo é tão rápido, mas tão
rápido que não entendemos que TUDO tem um processo para acontecer e ser
concluído. A nossa geração nasceu em uma época onde os processos são todos invisíveis
e por isso nos esquecemos deles e aí sim, nos frustramos. Porque não entendemos
nada de processos.
Tudo chega para nós de uma maneira
muito fácil e rápida. Quero um produto, posso procurar na internet, compra-lo
online e em poucos dias ele aparece na minha casa, como em um passo de mágica.
Não pensamos que alguém vai receber aquele pedido, vai colocá-lo manualmente em
uma caixa, fará a nota, o recibo e uma porção de processos burocráticos. Ainda
não são as máquinas que fazem tudo. Sempre tem alguém mexendo nos processos
para as coisas funcionarem. E isso é só um exemplo. Talvez você já tenha
pensado sobre tudo isso, sobre o processo das coisas, mas ninguém, de fato,
saboreia esse processo. Não dá tempo de saboreá-lo. O mundo é muito
urgente. O mundo pede que a gente seja urgente e aproveite tudo ao máximo. Mas
como vamos aproveitar o máximo de tudo se um zilhão de opções são oferecidas o
tempo inteiro. Como vamos apreciar a conquista de alguma coisa se o processo
foi esquecido?
Grande parte das pessoas da nossa
geração pode ser realmente frustrada, mas nas gerações passadas também
existiram outros tipos de infelicidade. Não adianta atribuir essa
característica a uma geração e não observar que estamos no meio de uma ruptura
entre uma época sem internet para uma época com internet. Eu arrisco em dizer
que estamos passando por um processo de transformação de comportamento tão forte
quanto o que aconteceu na revolução industrial. Tivemos que repensar tudo,
inclusive o conceito de arte. A sociedade ficou completamente perdida, bolando
teorias e modos de viver, exatamente como estamos fazendo agora. Estamos em um
momento de transformação maravilhoso onde podemos triunfar ou afundamos o barco
de vez. Mas, peraí, não era exatamente isso que pensavam há 200 anos? É isso
mesmo, continuamos os mesmos. Mas dessa vez, esquecemos que as coisas têm um
tempo para serem amadurecidas. Como tudo precisa de um processo, quando nossa
vida não deslancha do modo como imaginávamos, nos frustramos por achar que o
meio do caminho, na verdade, é o final dele.
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Roteiro - Um Sopro - Parte 1
Escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. A minha própria vida, provavelmente. O ato de
escrever é sempre um desespero, um afogamento e ao mesmo tempo um respiro.
Preciso me agarrar nas palavras como se elas fossem correntes pesadas segurando
meus pés no chão. Preciso escrever para provar para mim mesma que eu existo.
Escrever é a única coisa que me dá certeza da minha existência banal.
Eu sou real. Eu sempre fui e de repente não era mais. É
sempre assim... Escrever é muito perigoso, a gente mexe com o oculto, com
aquilo que não é visto no mundo. É que o mundo não está à tona. Está oculto em
suas raízes submersas em profundidades do mar. É por isso que toda minha
palavra tem um coração que pulsa e circula sangue.
Dia 1
Fico aqui pensando enquanto tomo um chá de qualquer coisa na
janela... Será que não são todas as pessoas que piram, em claro, durante a
madrugada, porque a madrugada é um lugar silencioso, onde a maioria das pessoas
está vivendo em um mundo inventado pela própria cabeça delas? É que quando
estamos acordados justo na hora que deveríamos estar no mundo dos sonhos, tudo
fica meio desfocado. São nessas horas que eu penso que existir simplesmente é um fenômeno que transforma qualquer pessoa em doida.
Fico repetindo pra mim mesma, enquanto olho pra fora e escuto
pouquíssimos barulhos das pessoas que estão acordadas na mesma hora que eu:
Entre todos os caminhos, não posso me perder de vista. Não posso me perder de
vista. Não posso me perder de vista. Caio no sono.
Dia 2
Eu... eu fico imaginando se os personagens das histórias tem
ideia de que eles são apenas personagens. E será que eu mesma não sou um
personagem que não sabe que é personagem? Será que não deu tempo de me
concluírem? Vou ficar presa pra sempre nessas histórias onde os personagens não
se definem?
Talvez eu seja um personagem que eu mesma inventei, então.
Ele precisa ser lapidado por mim. Tenho que ter paciência comigo mesma, senão
me perco dentro de mim. Vivo me perdendo de vista. Preciso ter paciência porque
sou vários caminhos; inclusive o fatal beco sem saída.
Pode ser que eu também seja o vazio. O avesso. Talvez eu
seja o personagem de mim mesmo. Porque, quanto a mim, sinto que de vez em
quando que sou o personagem de alguém. É incomodo ser dois: eu para mim e eu
para os outros.
Eu tenho medo de ser só uma invenção de própria autoria.
Texto de Marcela Picanço e Clarice Lispector (sempre quis falar isso). Fiz uma parceria do além com a Clarice Lispector e me dei o direito de pegar alguns trechos do livro dela "Um Sopro de Vida" e misturar com uma história que eu criei. Coloquei as frases da Clarice no meio das minhas frases, perdidas no texto. Quem leu o livro (e conhece bem ela), provavelmente conseguirá identificar o que é meu e o que é dela, mas achei que a junção, no final, foi como um rio se encontrando com o mar, se misturando e fazendo aquele fenômeno bonito. ( Ela sendo o mar, é claro, e elevando a qualidade do texto).
É a primeira parte de um curta que será filmado na semana que vem, mas fiquei ansiosa demais para divulgar o trabalho.
"Mari, você chegou aqui dizendo que queria ir embora! Eu não quero ir embora! Eu quero ficar aqui, aqui! Eu cansei de sempre te seguir pra onde quer que você vá. Eu cansei de aturar essa porra de relacionamento aberto só porque eu não aguento a ideia de não te ter ao meu lado. Eu aceitei e me acostumei com essa ideia, mas nunca foi o que eu quis, sempre te falei isso. Eu não consigo e nunca vou entender a sua liberdade que quebra todos os muros e sai voando mundo a fora. Eu entendi que você era uma pessoa que precisava de muito espaço e por isso eu fui abrindo todas as minhas portas pra você se acomodar em mim e ir ficando pra sempre. Mas acontece é que hoje eu não quero ir pro mesmo lugar que você. Você me ensinou que nossas vontades geralmente são mais importantes do que nosso relacionamento, que se a gente não estivesse em dia com nossas vontades nenhum relacionamento funcionava. E agora é isso, eu aprendi a ser assim. Hoje eu acho que aprendi a olhar pra mim em primeiro lugar, apesar de ser completamente apaixonado por você e achar que nunca mais na minha vida eu vou encontrar uma mulher tão foda quanto você, que me entenda, que me sustente emocionalmente, que me faz enlouquecer toda vez que você atravessa a porta do corredor pra dentro do quarto. Eu nunca vou aceitar direito essa minha decisão porque eu te amo tanto, mas tanto que eu achava que esse amor não pudesse caber. Mas você foi entrando até esse amor tomar conta do meu corpo todo. Hoje eu entendi o que você sempre quis me dizer. Às vezes o amor não é o suficiente."
Pedro, o personagem que eu mesma inventei, escrevi e acabei de me apaixonar. Juro que depois eles criam vida própria.
Pedro, o personagem que eu mesma inventei, escrevi e acabei de me apaixonar. Juro que depois eles criam vida própria.
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Confissões por escrito
"Aprendi que conversas sinceras não existem – existem as confissões por escrito."
Não existe. Nada que saia da minha boca parece real. Parece que eu estou sempre interpretando um personagem que ainda não foi bem desenvolvido, porque ele ainda não teve tempo de se completar e talvez nunca se complete. Ainda bem. O ser humano foi feito para ser mutável o tempo inteiro, porque está inserido em um mundo que muda o tempo inteiro. Nunca vou ser capaz de me declarar pra alguém pessoalmente. Quando eu falo, parece que as palavras são fantasmas saindo da minha boca e me sufocam por completo. Sempre tenho vontade de chorar. Toda vez que penso em dizer que amo ou que fiquei triste ou que a pessoa estragou minha vida ou qualquer coisa desse tipo, eu choro. E odeio. Odeio que me vejam chorando porque percebem tudo que eu ando escondendo de todo mundo todos esses anos. Só quem me lê consegue entender a raiz de cada pensamento que se torna sentimento em mim. Enquanto escrevo, sou capaz de contar umas coisas que não conto nem pra mim debaixo do chuveiro ou enrolada num edredom.
Quando eu escrevo, elevo meu sentimento à quinta potência e não me importo de parecer exagerada. Quando eu ouço minha voz confessando meus segredos, tenho um medo absurdo. Tenho medo que elas se percam, talvez. O que está escrito pode ser lido, relido e interpretado. O que foi dito, não. O que foi dito é uma sentença de morte que não tem como voltar atrás.
Minhas confissões estão todas aqui, por mais que eu mesma não consiga interpretá-las. Por mais que eu sufoque um turbilhão de sentimentos que vagam por mim sem rumo e com um futuro predestinado. Penso que vai chegar um dia em que vai ter tanta coisa pra ser esclarecida comigo mesma que não vou conseguir colocar nem em palavras escritas. Vou ter que transformar tudo em cor.
Não existe. Nada que saia da minha boca parece real. Parece que eu estou sempre interpretando um personagem que ainda não foi bem desenvolvido, porque ele ainda não teve tempo de se completar e talvez nunca se complete. Ainda bem. O ser humano foi feito para ser mutável o tempo inteiro, porque está inserido em um mundo que muda o tempo inteiro. Nunca vou ser capaz de me declarar pra alguém pessoalmente. Quando eu falo, parece que as palavras são fantasmas saindo da minha boca e me sufocam por completo. Sempre tenho vontade de chorar. Toda vez que penso em dizer que amo ou que fiquei triste ou que a pessoa estragou minha vida ou qualquer coisa desse tipo, eu choro. E odeio. Odeio que me vejam chorando porque percebem tudo que eu ando escondendo de todo mundo todos esses anos. Só quem me lê consegue entender a raiz de cada pensamento que se torna sentimento em mim. Enquanto escrevo, sou capaz de contar umas coisas que não conto nem pra mim debaixo do chuveiro ou enrolada num edredom.
Quando eu escrevo, elevo meu sentimento à quinta potência e não me importo de parecer exagerada. Quando eu ouço minha voz confessando meus segredos, tenho um medo absurdo. Tenho medo que elas se percam, talvez. O que está escrito pode ser lido, relido e interpretado. O que foi dito, não. O que foi dito é uma sentença de morte que não tem como voltar atrás.
Minhas confissões estão todas aqui, por mais que eu mesma não consiga interpretá-las. Por mais que eu sufoque um turbilhão de sentimentos que vagam por mim sem rumo e com um futuro predestinado. Penso que vai chegar um dia em que vai ter tanta coisa pra ser esclarecida comigo mesma que não vou conseguir colocar nem em palavras escritas. Vou ter que transformar tudo em cor.
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