Todo mundo quer ser alguém. Talvez não alguém em carne e osso, mas alguém que seja um personagem nosso, como se fosse uma imagem de pessoa ideal. A partir daí fazemos tudo em busca dessa "pessoa". Talvez a felicidade que tanto esperamos seja o encontro entre alguém que você quer ser com alguém que você realmente é. E eu não acho que tenha problema nenhum nisso se não te prejudicar e não reprimir suas verdadeiras vontades.
O problema é que hoje em dia parece que a maioria das pessoas se padronizaram. Agora a pessoa ideal é praticamente a mesma para todo mundo. Não existem mais vários grupos diferentes, mas poucos, onde as pessoas gostam de ser rotuladas apesar de falarem constantemente "Eu não gosto de rótulos". Todas as pessoas se vestem igual, escutam as mesmas músicas 'cools' e tiram as mesmas fotos. Todo mundo quer que a vida seja igual a uma foto espontânea com efeito vintage. Tudo que é antigo é muito cult. E a questão é que todo mundo sabe que ninguém é assim naturalmente. Essas fotos antigas dos nossos avós, que são super legais, só são super legais porque eles não estavam pensando no status que aquela foto ia trazer. Eles só tiravam e ficavam felizes por aquele momento ter sido registrado. Hoje tudo é muito forçado, tudo é pra passar uma imagem do que se é. O que você é todo mundo está vendo. A gente não engana ninguém, só nós mesmos.
A maioria das coisas que existem no mundo é uma cópia de outra coisa. Todas as ideias têm uma base, por mais originais que sejam. E isso não é uma crítica, é apenas um fato. As grandes inovações também surgiram de algo, por exemplo, da natureza. E se formos entrar no assunto "e a natureza, de onde veio?”, eu vou responder que simplesmente não sei. Ninguém sabe a origem de tudo. Talvez o Big Bang também seja uma cópia de um universo que era meio sem graça. Vai saber...
Não tem como ser cem por cento original, mas isso não significa que precisamos ficar presos na mesmice. As pessoas começaram a ter noção de que ser diferente é legal, pois o diferente se destaca. O problema é que se esqueceram de nos contar que quando todos querem ser diferentes, todos ficam iguais. E o pior é que os pensamentos ficam todos no mesmo nível. Ninguém se permite pensar e dar uma ideia diferente do diferente padronizado. E o mundo começa a gerar as mesmas coisas de sempre, se transformando em um lugar monótono.
A gente deveria usar esse nosso lado "wanna be" como influência e não como lema de vida. É possível virar o que queremos ser, mas desde que ainda seja você. Muitas pessoas estão sem coragem de assumir uma ideia, pois vai fugir dos padrões se for uma ideia idiota. Uma vez me falaram que uma ideia boba era igual um aluno bagunceiro em sala de aula. Se você der a dose certa de estímulo para ele, ele vira um gênio. E estão faltando mais corajosos que exponham suas ideias idiotas para o mundo para que elas virem geniais. Uma ideia só é idiota quando é vista por um idiota.
A nossa personalidade vai se moldando com aquilo que achamos que é certo e legal, mas não para que alguém diga que é legal. Nós sabemos o que nos faz bem. Deve dar muito trabalho ser uma farsa o tempo todo. Em algum deslize, alguém te descobre. Ninguém é tão incrível como mostra ser. Todos têm suas fraquezas. Não precisa sair mostrando quais são, mas também não precisa fingir que elas não existem, porque ninguém é super-herói. Acho que ser um ser humano ainda deveria ser normal.
"Sometimes there's so much beauty in the world, I feel like I can't take it, and my heart is just going to cave in"
sexta-feira, 29 de junho de 2012
sexta-feira, 22 de junho de 2012
domingo, 17 de junho de 2012
sexta-feira, 15 de junho de 2012
quinta-feira, 14 de junho de 2012
quarta-feira, 13 de junho de 2012
7 anos
Hoje eu comi aqueles palitinhos salgados que você tanto gostava. E eu acho que eu só gostava porque você gostava, porque eu não me lembro de ter comido isso sem você. Hoje foi a primeira vez. Talvez eu gostasse mais do fato de estar junto com você e chegar na sua casa ouvindo você dizendo que tinha palitinhos e sentar no sofá da sala, que ainda era cinza, pra comer e ver Sessão da Tarde. E hoje eu quis ficar comendo aquele pacote de palitinhos inteiro, enquanto eu sentia meus olhos se encherem de lágrimas. Eu queria ficar sentindo aquele gosto pra sempre, porque aquele gosto era você, aquela embalagem verde era você e eu quase pude sentir você ao meu lado. Me senti com 7 anos de novo. Voltei a ser aquela menina frágil e inocente, sem saber muito sobre a vida. Eu só sabia que a felicidade tinha alguma coisa a ver com estar ao seu lado. Porque era isso que eu sentia.
E ontem saindo da escola que eu dou aula, eu vi um menininho saindo acompanhado da sua avó, que carregava a mochila enquanto o menino tentava chegar até o carro da forma mais difícil possível, pulando os arbustos e fazendo qualquer concreto elevado parecer um muro. E a avó apontava para um carro branco, onde o avô do menino esperava dando tchau com os braços para cima. E eu senti uma saudade enorme. Eu queria voltar o tempo e que você pudesse me carregar no colo de novo. E eu ia entrar no seu carro contando como foi meu dia com os pés no teto. E você ia brigar e rir como você sempre fazia e me dizer que se eu não existisse eu ia precisar ser inventada. E eu achava aquilo o máximo. Você repetiu isso até muito tempo depois, e eu cresci realmente achando que eu era especial.
Eu quis naquele momento, segurar o braço do menininho e contar para ele que aquele era um dos momentos mais especiais da vida dele. Que aquilo ia fazer muita falta e que um dia ele ia querer voltar o tempo só pra ver o avô dele acenando com os braços abertos, esperando por ele. Eu queria que ele parasse por um minuto e congelasse a cena na cabeça, só para guardar como se guarda uma foto. Eu daria tudo para diminuir de tamanho e voltar a ter todos os medos que eu tinha, só para poder entrar no seu carro azul de novo e saber que eu estava indo para o melhor lugar do mundo. E eu ia saber também que a gente ia fazer um acordo para que você falasse para minha mãe que eu comi tudo no jantar, quando ela chegasse para me buscar.
Lembrar de tudo isso dói muito porque eu não posso te contar. Não posso falar da saudade que eu sinto e nem te contar meus novos planos. Queria que você estivesse aqui para que eu sempre me sentisse uma criança de 7 anos, mas sabendo que no fundo eu cresci e me transformei naquilo te orgulharia. Porque tudo que me fizesse feliz te encheria de orgulho. Eu queria que você vivesse mais cem anos para ver minhas conquistas e para me segurar quando tudo desse errado. É que quando você foi embora, eu fiquei sem ar, achando que o chão que me segurava em pé tinha sumido. E tudo que eu queria era correr para os seus braços e chorar até perder o fôlego, porque eu sabia que lá eu encontraria felicidade. Mas era você que tinha ido embora e eu fiquei sem saber pra onde ir.
Nesses momentos que eu percebo o quanto eu ainda sou pateticamente frágil e incerta de tudo. Essa saudade sem solução acaba com a gente de repente.
E ontem saindo da escola que eu dou aula, eu vi um menininho saindo acompanhado da sua avó, que carregava a mochila enquanto o menino tentava chegar até o carro da forma mais difícil possível, pulando os arbustos e fazendo qualquer concreto elevado parecer um muro. E a avó apontava para um carro branco, onde o avô do menino esperava dando tchau com os braços para cima. E eu senti uma saudade enorme. Eu queria voltar o tempo e que você pudesse me carregar no colo de novo. E eu ia entrar no seu carro contando como foi meu dia com os pés no teto. E você ia brigar e rir como você sempre fazia e me dizer que se eu não existisse eu ia precisar ser inventada. E eu achava aquilo o máximo. Você repetiu isso até muito tempo depois, e eu cresci realmente achando que eu era especial.
Eu quis naquele momento, segurar o braço do menininho e contar para ele que aquele era um dos momentos mais especiais da vida dele. Que aquilo ia fazer muita falta e que um dia ele ia querer voltar o tempo só pra ver o avô dele acenando com os braços abertos, esperando por ele. Eu queria que ele parasse por um minuto e congelasse a cena na cabeça, só para guardar como se guarda uma foto. Eu daria tudo para diminuir de tamanho e voltar a ter todos os medos que eu tinha, só para poder entrar no seu carro azul de novo e saber que eu estava indo para o melhor lugar do mundo. E eu ia saber também que a gente ia fazer um acordo para que você falasse para minha mãe que eu comi tudo no jantar, quando ela chegasse para me buscar.
Lembrar de tudo isso dói muito porque eu não posso te contar. Não posso falar da saudade que eu sinto e nem te contar meus novos planos. Queria que você estivesse aqui para que eu sempre me sentisse uma criança de 7 anos, mas sabendo que no fundo eu cresci e me transformei naquilo te orgulharia. Porque tudo que me fizesse feliz te encheria de orgulho. Eu queria que você vivesse mais cem anos para ver minhas conquistas e para me segurar quando tudo desse errado. É que quando você foi embora, eu fiquei sem ar, achando que o chão que me segurava em pé tinha sumido. E tudo que eu queria era correr para os seus braços e chorar até perder o fôlego, porque eu sabia que lá eu encontraria felicidade. Mas era você que tinha ido embora e eu fiquei sem saber pra onde ir.
Nesses momentos que eu percebo o quanto eu ainda sou pateticamente frágil e incerta de tudo. Essa saudade sem solução acaba com a gente de repente.
terça-feira, 12 de junho de 2012
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