terça-feira, 6 de maio de 2014

Como não cair em um discurso raso e coxinha?

Foto por Theo Gosselin


Todo mundo opinando, todo mundo querendo ter uma opinião. Pra opinar de verdade, é preciso ter, pelo menos, mais de uma (várias) referência. É preciso questionar o que foi passado e SE questionar, que é a parte mais difícil.

Em primeiro lugar, não acredite em nada que você lê, ouve ou até vê. Pra ter certeza de alguma coisa, é melhor pesquisar antes de sair julgando e espalhando bobagens. Quantas vezes achamos que era uma coisa e era outra?

Segundo, pare de acreditar em discursos bestas. Estão falando mal da tecnologia, das redes sociais, do mundo. Pense com você mesmo: eu realmente penso assim? Se sim, por que não estou fazendo diferente?

Terceiro, não acredite em nenhum texto (ou comunicação) com verbos no imperativo. Você sabe o que é bom pra você. O autor do texto, o publicitário e seu "amigo" não sabem. Verbos imperativos querem sempre vender alguma coisa, seja um produto, um conselho ou uma informação. Escolha de quem você quer receber os conselhos, filtre tudo e escolha o que é realmente válido, porque a conta chega. No final, você vai perceber que deveria ter perguntando a SUA opinião, em primeiro lugar. 

Quarto, não aceite dicas de relacionamento e nem opiniões que generalizem alguma coisa. 

Quinto, os seres humanos não podem ser moldados em um texto com tópicos. As relações humanas não são simples de resolver, como uma receita de bolo. Os seres humanos são complexos e nossa época mais complexa ainda, então para, só para de querer enquadrar as coisas. É tudo tão mutável. Tenha paciência para entender o outro, para olhar, ouvir e perceber que, às vezes, não existe explicação ou funcionalidade naquilo. "A mensagem da flor, é a flor em si". 

Sexto, não acredite em nada que eu falei nesse texto escrito em tópicos e no imperativo. Só quero vender minha rasa opinião e você é melhor que isso. Você consegue passar por esse texto e se questionar sobre tudo que está escrito aqui. Repense, me ache uma idiota, concorde, repense de novo e você vai saber o que será útil ou não pra você.

Sétimo, desconsidere tudo que eu falei. 

terça-feira, 18 de março de 2014

A não-volta

Você não volta? Mas e seus gatos? E as ideias? Sua cidade é a única coisa que você tem de verdade. E o Mar? E as pessoas? E os amores? E as estrelas? E as supernovas? E o céu, o sol a lua? E as portas?Volta. Arte a gente inventa, transforma, desconstrói. E os índios? E o brilho nos olhos? E as ruas? E os orixás? E as criações? E os desenhos, os roteiros, as palavras que precisam de Brasil? E o universo? E o fim dos tempos? E os sons, os cheiros, os cabelos? E a pele, os risos, os carros e caminhões? E os buracos de rua, as pessoas lutando nas ruas e o buraco das pessoas? E o vazio? E a saudade? E eu?

segunda-feira, 17 de março de 2014

O brilho nos olhos

Eu sempre desconfiei que as pessoas mais bonitas que eu já conheci eram aquelas que tinham um brilho nos olhos por alguma coisa. Um cachorro,uma ideia, uma história, um projeto, um pedaço de papel ou o simples fato de que viver é uma aventura onde devemos estar sempre com os olhos brilhando, atentos, sonhando, querendo, ardendo. As pessoas com brilhos nos olhos são as que eu chamo para criar o mundo comigo. O mundo não está pronto. Ele está sendo criado por nós, dia após dia. São por essas pessoas que eu espero acordada até mais tarde, desmarco compromissos chatos, escrevo dedicatórias, paro para ouvir e me emocionar e quando chegam, sempre me pego com um sorriso estampado no rosto. São por essas pessoas que o sol espera para se pôr. São essas pessoas que veem o sol nascer primeiro. São por essas pessoas que eu percebo que viver vale a pena enquanto existir o brilho nos olhos. Tudo que eu faço, é só pelo brilho nos olhos.

quarta-feira, 12 de março de 2014

O tal João de Santo Cristo e uma estrela cadente

A gente se conheceu nos anos 80, numa tarde cinzenta e quente. Eu vestia uma blusa do Iron Maiden, que eu roubei do meu irmão, e uma calça jeans rasgada. Eu já tinha te visto umas duas vezes na vida e eu sabia quem você era porque todas as meninas da cidade eram loucas por você. Mas você me chamou atenção porque das duas vezes que eu te encontrei, você não conseguia não olhar pra mim.

Nessa quarta-feira cinzenta, você me olhou de novo com aquele olhar de quem não quer disfarçar. Você usava um Ray-Ban preto, mas eu sabia exatamente a linha que os seus olhos faziam e chegavam até mim. Eu estava sozinha, sentada na calçada de concreto, esperando quando nos chamariam para os preparativos de maquiagem e figurino. Passamos a tarde nos arrumando e nos esbarrando entre olhadas rápidas entre um café e outro. Te vestiram de punk, pintaram seus olhos e rasgaram sua blusa. Eu usava um batom roxo e aumentaram o volume do meu cabelo de um jeito que eu nem imaginava que era possível. Achei que eu parecia um vampiro, mas gostei do que vi no espelho.

Depois de tanta espera, vi você sozinho tomando um café naqueles copos de plástico, enquanto eu comia uma maçã e me aproximava de você, fingindo estar louca por café também. Puxei o assunto mais óbvio e falei que o seu cabelo de punk tinha ficado incrível e que eu queria ter sido fantasiada de punk também. Você falou que eu não poderia ficar com cabelo de punk, porque meu cabelo era igual o da Janis Joplin e eu jamais poderia cortá-lo. Agradeci e falei que achei que fosse um elogio. Ele sorriu, tomou um gole de café e confirmou. Com certeza é um elogio.

Estávamos esperando o suposto show do “Aborto Elétrico” começar, em silencio, entre luzes, rebatedores, fios e câmeras. Várias pessoas com figurinos dos anos 80, dançando sem música em uma boate de rock cheia de posters de banda na parede e vozes gritando “Silêncio”, “Gravando”, enquanto todos esperavam a fala da adorada Isis Valverde e ficavam curiosos para saber quem era o tal do João de Santo Cristo. A gente dançou em silêncio, tentando não fazer barulho com os pés e riu muito.

Quanto tudo acabou e a gente não aguentava mais ouvi “Moramos na cidade”, devolvemos o figurino, agradecemos e fomos andando sozinhos de volta até o ponto de ônibus mais próximo. O sol já começava a nascer e o céu estava com aquela mistura de azul com rosa, que só Brasília pode nos proporcionar. Ele me olhou, falou que sabia que a gente se conheceria em algum momento e a gente se beijou. Eu fiquei na dúvida se aquele filme era nosso, se falariam “Corta” no minuto seguinte, mas não aconteceu nada.

Ele me olhou de novo e disse que sabia que eu ainda ia brilhar muito na vida. Ficou vidrado em mim, por alguns segundos, e disse que eu era a pessoa mais bonita que ele já tinha conhecido, mas isso não queria dizer nada. Então foi cada um pro seu lado e eu voltei pra casa com o sol nascendo em mim. Pensei que ele deveria ser algum tipo de estrela cadente. 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Geração Y, a geração que se esqueceu dos processos

Existe um texto que está circulando pela internet há um tempo, afirmando que a geração y é uma geração frustrada. Eu poderia concordar com o texto todo, inclusive com suas teorias de gerações e o fato de que a geração Y se acha especial.Mas gostaria de ir mais fundo nessa história. 

Afinal, por que a maioria das pessoas de uma geração se acharia especial? O texto afirma que os jovens de hoje não vão à busca do que querem porque estão esperando o mundo descobrir como eles são geniais. Eu tenho uma teoria um pouquinho diferente sobre nossas expectativas e frustrações. Primeiro de tudo: sempre suspeito quando colocam características psicológicas em uma geração. Na verdade, a geração Y não nasceu espertinha, multifuncional e antenada com o mundo. A nossa geração foi obrigada a se transformar assim aos poucos, por causa de todos esses novos recursos tecnológicos e de comunicação que surgiram na última década e continuam aparecendo. Na realidade, o mercado foi quem mudou completamente de cenário e se você não seguir o que ele pede, não preciso nem dizer que você está fora dele. Pelo menos fora do mundo dos terninhos e ar condicionado. Afirmam que nós somos jovens que conseguem lidar com um monte de coisas ao mesmo tempo e que gostaríamos de trabalhar com o que gostamos o tempo inteiro. Óbvio, quem não? Eu adoraria ficar escrevendo e atuando pra sempre, mas as coisas não funcionam assim. Primeiro de tudo, a maioria de nós é medíocre. A única de diferença entre um bom e um mau profissional é que o bom profissional aquele que se dedica e corre atrás do que quer, ralando muito, fazendo 50 vezes de novo. Mas o mundo, a mídia, os bobos e nossos pais querem nos convencer de que somos todos especiais. Mas sinto informar que não somos. Continuamos inseguros e inquietos, como sempre.

A questão é que com toda essa bagunça de categorizar gerações, nos fizeram acreditar que trabalho prazeroso é o mesmo que estar de férias, mas isso não é verdade. O grande filósofo Confúcio que afirmou "Trabalhe com algo que você goste e nunca mais precisará trabalhar na sua vida", não sabia que estava falando uma das maiores bobagens do século, porque mesmo você trabalhando com algo que ame, alguns dias você vai querer ficar dormindo um pouco mais, ou ir à praia ou viajar pra uma cidade de interior pra ficar quietinho, mas você não vai poder. Porque é trabalho e para você ser bem sucedido no trabalho, é preciso, em primeiro lugar, trabalhar. É claro que trabalhar com algo que nos dê prazer é uma experiência incrível, mas é muita ingenuidade achar que isso não dependerá de esforço. Dá até muito mais trabalho, mas a diferença é que o esforço é muito bem recompensado. E você se sente vivo e sente que realmente faz parte de alguma coisa, que naquele momento da recompensa você não precisa de mais nada.

O problema é que a gente, principalmente o pessoal do meio artístico, muitas vezes trabalha muito mais e por muito menos, por querer se inserir nesse meio e para conseguir trabalhar com o que quer. Somos enganados o tempo inteiro e trabalhamos de graça, nos esforçamos muito mais e sim, somos obrigados a lidar com multitarefas, porque quem consegue fazer isso é mais legal. Só que se esqueceram de nos contar que demitiram cinco pessoas, para contratar apenas uma, por um preço, muito, mas muito menor, para fazer o trabalho que essas cinco pessoas faziam. E a gente aceita, porque a gente quer chegar ao topo e a gente acha que não tem opção, mas sempre existe outra opção.

Não é a geração Y que simplesmente é uma geração descolada, que liga mais para ser feliz do que pra dinheiro e se esforça pra caramba pra conseguir o que quer. Isso é o que o mundo quer que a gente seja. Porque é mais barato e mais produtivo, é claro. A geração Y foi transformada, assim como tem acontecido com todas as outras gerações, onde o mundo impõe o tipo de profissional que você tem que ser.

Por isso talvez a geração Y seja mais frustrada mesmo, mas não porque achamos que somos geniais ou porque sempre vemos que nosso amigo do Facebook tem uma vida mais sensacional que a nossa. Os seres humanos são muito mais profundos do que tentam nos convencer de que somos. Por isso eu afirmo que se nossa geração é mais infeliz, é porque estamos todos perdidos e sem saber o que fazer com essa nova fase do mundo em que todas as informações chegam para nós em um piscar de olhos. Não sabemos lidar com todas essas opções e chances. Ninguém aprendeu a viver nesse mundo ainda. A nossa geração está no meio de uma mudança radical da sociedade e isso é lindo, mas ao mesmo tempo assustador. Os meios de comunicação pensam mais rápido que nós, as distâncias encurtaram substancialmente e tudo é tão rápido, mas tão rápido que não entendemos que TUDO tem um processo para acontecer e ser concluído. A nossa geração nasceu em uma época onde os processos são todos invisíveis e por isso nos esquecemos deles e aí sim, nos frustramos. Porque não entendemos nada de processos.

Tudo chega para nós de uma maneira muito fácil e rápida. Quero um produto, posso procurar na internet, compra-lo online e em poucos dias ele aparece na minha casa, como em um passo de mágica. Não pensamos que alguém vai receber aquele pedido, vai colocá-lo manualmente em uma caixa, fará a nota, o recibo e uma porção de processos burocráticos. Ainda não são as máquinas que fazem tudo. Sempre tem alguém mexendo nos processos para as coisas funcionarem. E isso é só um exemplo. Talvez você já tenha pensado sobre tudo isso, sobre o processo das coisas, mas ninguém, de fato, saboreia esse processo. Não dá tempo de saboreá-lo. O mundo é muito urgente. O mundo pede que a gente seja urgente e aproveite tudo ao máximo. Mas como vamos aproveitar o máximo de tudo se um zilhão de opções são oferecidas o tempo inteiro. Como vamos apreciar a conquista de alguma coisa se o processo foi esquecido? 

Grande parte das pessoas da nossa geração pode ser realmente frustrada, mas nas gerações passadas também existiram outros tipos de infelicidade. Não adianta atribuir essa característica a uma geração e não observar que estamos no meio de uma ruptura entre uma época sem internet para uma época com internet. Eu arrisco em dizer que estamos passando por um processo de transformação de comportamento tão forte quanto o que aconteceu na revolução industrial. Tivemos que repensar tudo, inclusive o conceito de arte. A sociedade ficou completamente perdida, bolando teorias e modos de viver, exatamente como estamos fazendo agora. Estamos em um momento de transformação maravilhoso onde podemos triunfar ou afundamos o barco de vez. Mas, peraí, não era exatamente isso que pensavam há 200 anos? É isso mesmo, continuamos os mesmos. Mas dessa vez, esquecemos que as coisas têm um tempo para serem amadurecidas. Como tudo precisa de um processo, quando nossa vida não deslancha do modo como imaginávamos, nos frustramos por achar que o meio do caminho, na verdade, é o final dele.


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Roteiro - Um Sopro - Parte 1

Escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém.  A minha própria vida, provavelmente. O ato de escrever é sempre um desespero, um afogamento e ao mesmo tempo um respiro. Preciso me agarrar nas palavras como se elas fossem correntes pesadas segurando meus pés no chão. Preciso escrever para provar para mim mesma que eu existo. Escrever é a única coisa que me dá certeza da minha existência banal.
Eu sou real. Eu sempre fui e de repente não era mais. É sempre assim... Escrever é muito perigoso, a gente mexe com o oculto, com aquilo que não é visto no mundo. É que o mundo não está à tona. Está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar. É por isso que toda minha palavra tem um coração que pulsa e circula sangue.

Dia 1

Fico aqui pensando enquanto tomo um chá de qualquer coisa na janela... Será que não são todas as pessoas que piram, em claro, durante a madrugada, porque a madrugada é um lugar silencioso, onde a maioria das pessoas está vivendo em um mundo inventado pela própria cabeça delas? É que quando estamos acordados justo na hora que deveríamos estar no mundo dos sonhos, tudo fica meio desfocado. São nessas horas que eu penso que existir simplesmente é um fenômeno que transforma qualquer pessoa em doida.

Fico repetindo pra mim mesma, enquanto olho pra fora e escuto pouquíssimos barulhos das pessoas que estão acordadas na mesma hora que eu: Entre todos os caminhos, não posso me perder de vista. Não posso me perder de vista. Não posso me perder de vista. Caio no sono.

Dia 2
Eu... eu fico imaginando se os personagens das histórias tem ideia de que eles são apenas personagens. E será que eu mesma não sou um personagem que não sabe que é personagem? Será que não deu tempo de me concluírem? Vou ficar presa pra sempre nessas histórias onde os personagens não se definem?
Talvez eu seja um personagem que eu mesma inventei, então. Ele precisa ser lapidado por mim. Tenho que ter paciência comigo mesma, senão me perco dentro de mim. Vivo me perdendo de vista. Preciso ter paciência porque sou vários caminhos; inclusive o fatal beco sem saída.

Pode ser que eu também seja o vazio. O avesso. Talvez eu seja o personagem de mim mesmo. Porque, quanto a mim, sinto que de vez em quando que sou o personagem de alguém. É incomodo ser dois: eu para mim e eu para os outros.


Eu tenho medo de ser só uma invenção de própria autoria. 

Texto de Marcela Picanço e Clarice Lispector (sempre quis falar isso). Fiz uma parceria do além com a Clarice Lispector e me dei o direito de pegar alguns trechos do livro dela "Um Sopro de Vida" e misturar com uma história que eu criei. Coloquei as frases da Clarice no meio das minhas frases, perdidas no texto. Quem leu o livro (e conhece bem ela), provavelmente conseguirá identificar o que é meu e o que é dela, mas achei que a junção, no final, foi como um rio se encontrando com o mar, se misturando e fazendo aquele fenômeno bonito. ( Ela sendo o mar, é claro, e elevando a qualidade do texto).

 É a primeira parte de um curta que será filmado na semana que vem, mas fiquei ansiosa demais para divulgar o trabalho. 
"Mari, você chegou aqui dizendo que queria ir embora! Eu não quero ir embora! Eu quero ficar aqui, aqui! Eu cansei de sempre te seguir pra onde quer que você vá. Eu cansei de aturar essa porra de relacionamento aberto só porque eu não aguento a ideia de não te ter ao meu lado. Eu aceitei e me acostumei com essa ideia, mas nunca foi o que eu quis, sempre te falei isso. Eu não consigo e nunca vou entender a sua liberdade que quebra todos os muros e sai voando mundo a fora. Eu entendi que você era uma pessoa que precisava de muito espaço e por isso eu fui abrindo todas as minhas portas pra você se acomodar em mim e ir ficando pra sempre. Mas acontece é que hoje eu não quero ir pro mesmo lugar que você. Você me ensinou que nossas vontades geralmente são mais importantes do que nosso relacionamento, que se a gente não estivesse em dia com nossas vontades nenhum relacionamento funcionava. E agora é isso, eu aprendi a ser assim. Hoje eu acho que aprendi a olhar pra mim em primeiro lugar, apesar de ser completamente apaixonado por você e achar que nunca mais na minha vida eu vou encontrar uma mulher tão foda quanto você, que me entenda, que me sustente emocionalmente, que me faz enlouquecer toda vez que você atravessa a porta do corredor pra dentro do quarto. Eu nunca vou aceitar direito essa minha decisão porque eu te amo tanto, mas tanto que eu achava que esse amor não pudesse caber. Mas você foi entrando até esse amor tomar conta do meu corpo todo. Hoje eu entendi o que você sempre quis me dizer. Às vezes o amor não é o suficiente." 

Pedro, o personagem que eu mesma inventei, escrevi e acabei de me apaixonar. Juro que depois eles criam vida própria.