segunda-feira, 17 de agosto de 2009

12 palavras, um texto

Com as mãos no bolso, pés firmes no chão e óculos escuros no rosto ela esperava impaciente o trem na estação. Fazia frio e os primeiros raios de sol tentavam atravessar as espessas camadas de nuvem. Ela sentia uma enorme saudade da sua vida que agora fora deixada para trás e se segurava na última lembrança deixada: uma flor. Ao senti-la já despedaçada e murcha dentro do seu bolso ela quis chorar, mas logo seu trem chegou e ela prendeu o choro. Da janela do trem ela via o mundo de fora passando e lembrou-se da época em que era criança. Brincava de bola, corria com o seu cachorro, subia em árvore e nem imaginava como era o mundo verdadeiro. Dentro do trem ela se sentia assim, podia ver tudo que passava, mas não precisava sentir nada daquilo. A estampa do assento do trem lembrava o seu sofá antigo e ela quis chorar de novo. Mas ela queria chorar na sua antiga cama, no seu antigo quarto. Tudo tinha sido deixado para trás: sua mesa onde escrevia as cartas, que mesmo com a internet ela preferia escrever tudo por cartas, o perfume da casa, os livros não lidos, as coisas não ditas. E ela deixava para trás principalmente aquilo que a fez fugir. O amor.

Um comentário :

Anônimo disse...

yeah...