quinta-feira, 29 de março de 2012

Não é nada. É só saudade

terça-feira, 27 de março de 2012

Por acaso

Acho que se um dia, por acaso, eu te encontrasse na rua, eu ia fingir que eu não te conheço. Porque meu coração ia acelerar tanto que eu não ia conseguir falar nada. Eu sempre consigo disfarçar meu nervosismo falando mais. E tudo bem, porque eu já sou o tipo de pessoa que fala demais. Mas com você eu recuo. Minha vontade era pular no seu pescoço e falar o quanto eu senti sua falta por todo esse tempo. Depois eu ia segurar sua mão e te levar pra algum lugar que só existisse a gente. Eu ia te falar do medo que eu tive de você não aparecer nunca mais e do desespero que eu fiquei quando descobri que não existe ninguém como você. Mas eu não faria nada disso. Eu ia fugir e torcer pra que você não tenha me visto. Ia me esconder. E se sem querer, nossos olhares se encontrassem, eu ia querer viver mais cem anos só pra ver se eu te encontrava de novo. Assim, por acaso.

segunda-feira, 26 de março de 2012

"Sometimes there's so much beauty in the world I feel like I can't take it, like my heart's going to cave in"

segunda-feira, 19 de março de 2012

"O problema é que as mulheres, na realidade, apesar de dizerem que buscam homens mais inteligentes e exigentes, não estão preparadas para isso quando encontram. Não, não basta "trazer uma cerveja e vir pelada". Para além das fantasias da empregada, da enfermeira e da colegial, queremos sutileza e pouca preparação. Mais espontaneidade e menos obviedade. Não acredite na história de que somos gorilas com pouco pelo. As regras da civilização da emancipação feminina fazem a mulher ficar excessivamente desinteressante e interesseira." Luiz Felipe Pondé

Que noite foi essa

Eu acordei com um gosto estranho na boca. Era uma mistura de ferrugem com alguma coisa doce. Eu demorei pra associar isso com a noite de ontem e com o medo que eu senti agora, assim que acordei. Demorei pra perceber que aquilo tudo aconteceu ontem e agora eu olho pro lado e não tem ninguém lá. Você saiu de mansinho, sem avisar, e eu acordei assustada porque eu não esperava que você fosse embora. Eu achava que você ia ficar pro jantar. E até lá a gente ia fazer tudo que você quisesse porque eu gosto de tudo que você gosta. E eu queria te propor umas coisas diferentes, que eu nunca fiz. Porque com você eu tenho vontade de rodar o mundo colecionando experiências. E no fundo a gente nem precisava rodar o mundo mesmo, mas esses mundos que aparecem quando a gente gosta muito de alguém e consegue transformar o lugar comum em paraíso. Eu quero colar tudo no meu álbum imaginário e ter carimbado no meu passaporte alguns lugares inexistentes, que só você pode me levar. Mas agora você foi embora e eu estou aqui sem saber bem o que fazer. Não sei se eu te ligo e imploro pra voltar ou se eu fico aqui com todos os meus medos e minha dor de cabeça que lateja por causa da bebida de ontem.

 E eu começo a relembrar aos poucos tudo que você me falou. E eu fico sem acreditar na noite de ontem. Fico sem acreditar em mim. Fico sem saber se eu gritei alto o suficiente para os vizinhos ouvirem ou sei aquele grito ficou só na minha cabeça, como se minha imaginação gritasse mais alto do que minha própria voz. E eu fiquei com medo de você ter ouvido esse grito que saía de dentro, sem ser de pânico, mas de prazer. E um prazer que não era apenas físico, mas que eu senti na alma. E eu fiquei pensando se a musica que eu ouvia estava tocando mesmo ou eu que a inventei. Eu queria que você estivesse do meu lado agora pra me responder tudo isso. Porque eu estava em um estado tão fora de mim, que estou com medo da noite passada só ter acontecido na minha cabeça. Geralmente essas noites só existem nas histórias que eu conto. Eu queria poder contar pra alguém a importância dessa noite, mas ninguém vai conseguir entender porque as pessoas não têm a capacidade de entender nada do que eu sinto. Porque eu potencializo tudo e me chamam de maluca por eu amar tanto e ao mesmo fugir tanto do amor. E eu tento me convencer de que na verdade todo mundo é assim e que isso é normal. Começo a achar que todas as pessoas são, no fundo, iguais. Com os mesmos medos e vontades. O problema é que algumas pessoas ignoram, passam reto e fecham os olhos pra vida. Eu não. Eu estou sempre de olhos bem abertos, vendo tudo, ou vendo alem das coisas. E eu percebo que nem sempre as coisas precisam ter um sentido. Nem tudo tem uma resposta exata. E às vezes eu pareço desinteressada, mas a verdade é que eu me interesso tanto por tudo que eu não consigo me focar. Eu penso e mudo de ideia tão rápido que muitas vezes eu não consigo digerir tudo que eu vi e ouvi.

E eu queria que você entendesse tudo isso sem eu precisar te contar. Eu tenho medo que você não entenda e ache outras coisas, que as outras pessoas sempre acham. Porque ninguém entende nada que mistura alma e corpo. Elas só entendem quando essas duas coisas estão separadas, e eu acho uma pena. Agora eu vou ficar aqui me perguntando sobre todas essas coisas e sem achar uma resposta. Você tinha que estar aqui pra me fazer mais perguntas e me deixar mais cheia de dúvidas sobre a vida e sobre todas as coisas que eu tinha certeza. Mas você foi embora e agora eu estou aqui ainda com esse gosto ruim na boca e com a minha cabeça latejando e tudo que eu quero é conseguir dormir, pra ver se eu consigo esquecer.
"Você vai me olhar de novo e vai se perguntar como nunca me viu antes"
Natália Moreira

domingo, 18 de março de 2012

Sol e violão

Eu acordei com um som vindo de longe. E eu comecei a misturar sonho com realidade dentro da minha cabeça. Eu não sabia se eu ainda estava sonhando ou se aquilo tudo era verdadeiro. Se fosse sonho eu não queria acordar nunca mais. Aos poucos o som do violão foi ficando cada vez mais alto. E eu comecei a ouvir o som da sua voz bem baixinha, cantando Skinny Love. E eu nunca tinha te falado que morria de vontade de acordar com essa música. Eu comecei a sentir o sol esquentando uma parte da minha perna que estava descoberta, em cima do lençol branco. E só a partir disso que eu percebi que eu não estava mais sonhando.

E quando eu abri os olhos eu quis que o tempo parasse. Você estava sério, pensando e cantando baixinho. Então eu fiquei por uns tempos sem falar nada, fazendo de tudo pra você não perceber que eu estava acordada, te olhando. E eu tenho muito medo, porque toda vez que eu te olho, parece que você consegue ler meus pensamentos. E eu não quero que você descubra que eu sou louca por você. Não quero que você descubra que ao mesmo tempo em que eu quero desviar o olhar, eu quero entrar em você e entender cada sinapse que acontece na sua cabeça. Queria saber a raiz de todos os seus pensamentos. Eu não quero que você saiba nada disso porque eu tenho muito medo que você vá embora, igual todos os caras que tinham certeza que eu estava apaixonada. Mas você não tem nada a ver com eles. Você é mais do que todos eles juntos e você fez todo o meu passado desaparecer.

Depois você olhou pra mim. É engraçado, mas a gente sempre sabe quando a outra pessoa acordou, mesmo sem precisar olhar diretamente pra ela. Então você sorriu e continuou cantando mais alto. E tudo que eu queria era empurrar aquele violão, me agarrar no seu cabelo e te puxar pra muito, muito perto.